quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 13 - NOVAS MALDADES

Há dias, escrevi que a situação no Sahara Ocidental havia melhorado um pouco, acontecimentos posteriores, porém, desmentiram tal afirmação: um jovem saharaui foi assassinado por um policial marroquino com um tiro na cabeça e outro no tórax, pelo simples motivo de ser saharaui; no dia 26, duas jovens ativistas dos direitos humanos foram detidas no aeroporto de Casablanca ao regressarem do XVIII Festival da Juventude e dos Estudantes realizado na África do Sul e submetidas a duros interrogatórios inclusive com ameaça de serem violentadas, isto tanto em Casablanca como na delegacia de El Aaiun. Como se vê, a aparente calma que pairou sobre a região por alguns dias, pode desandar por conta destes acontecimentos, pois o povo saharaui não suporta mais a presença dos invasores marroquinos que não obedecem nem mesmo acordos firmados por eles junto às Nações Unidas. O Marrocos não quer, de forma alguma, a efetivação do referendo que daria ao povo do Sahara Ocidental o direito de decidir o seu futuro tal qual foi determinado pela ONU há meio século, assim como aconteceu com o Timor Leste, ex-colônia portuguesa, igualmente invadida por vizinhos, hoje, mais uma nação soberana no mundo.
Infelizmente, a mídia internacional tem se omitido até de publicações a respeito, igualmente omissa tem sido a ONU ao não exigir o cumprimento da decisão sobre o referendo, a Espanha, que tem muita influência na região, a Comunidade Europeia que poderia, por seus tratados comerciais pressionar o governo do Marrocos. Os demais governos do mundo que também não se manifestam, não há petróleo, não há grandes riquezas em jogo... só um povo humilde sendo massacrado...

FONTES: CODAPSO, 29/12/2010
http://aapsocidental.blogspot.com

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? – 12 – A SITUAÇÃO MELHOROU UM POUCO


Segundo recentes informações, a situação em El Aaiun melhorou um pouco quanto à violência que campeava na cidade. Um pouco mais de distensão está ocorrendo, embora variadas restrições ainda estejam em vigor por parte do governo marroquino.

Outra coisa importante foi o relatório publicado hoje pela Anistia Internacional, onde confirma as denúncias já feitas pelos saharauis pedindo às autoridades marroquinas para investigar com imparcialidade e independência os abusos que ocorreram contra os Direitos Humanos no Sahara Ocidental desde o desmantelamento do acampamento, Gdeim Izik, montado no deserto pelos saharauis exatamente para chamar atenção do mundo contra as constantes violações perpetradas pelo Marrocos.

Duvido muito que o governo marroquino venha a punir membros de seu exército ou mesmo os colonos que agiram sob a proteção dos militares cometendo toda sorte de violências contra o povo local. Mesmo as torturas a que foram submetidos os prisioneiros nas temidas cadeias do Marrocos acabarão ficando impunes.

Todavia, só o fato de a Anistia Internacional ter finalmente se mexido já é alguma coisa. No seu relatório a Anistia Internacional destaca ainda a falta de informações para as famílias sobre o destino dos presos, o que é uma violação flagrante dos DD.HH. e critica a restrição à entrada de jornalistas estrangeiros no território.
Esperamos que esta ação seja o início de uma manifestação do mundo civilizado contra tanta maldade perpetrada contra um povo indefeso!

sábado, 18 de dezembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? – 11 – EL AAIUN, O PESADELO CONTINUA

O silêncio da imprensa internacional, notadamente a espanhola, dá a falsa impressão que a situação no Sahara Ocidental está calma, não é o que realmente está acontecendo: as detenções, as violações, as torturas, os saques e outras formas de espezinhar o povo saharaui estão em pleno vigor, segundo as poucas informações que se consegue.
Várias pessoas, entre elas seis mulheres defensoras dos Direitos Humanos, se encontram detidas nas prisões marroquinas em condições abjetas, sujeitas a violências e recebendo visitas de apenas 10 minutos dos parentes, sempre monitoradas por agentes policiais e proibidas de falar sobre os seus sofrimentos. Existem denúncias de que o Marrocos tem detido ativistas desde 1975, alguns deles ficaram “desaparecidos” entre 4 e 15 anos nos cárceres secretos marroquinos, a maior parte por defesa dos D.H. dos quais, de repente, se vêem privados sem maiores explicações.
O encontro informal entre representantes do governo marroquino e da Frente Polisário está se realizando, não se tem muitas esperanças que daí saia algum benefício para o sacrificado povo saharaui, embora com a presença de observadores estrangeiros. O que conta é que o Marrocos, como invasor e colonizador, não pretende avançar nas negociações já que qualquer solução favorável ao povo do lugar colidirá com seus interesses, assim, é de se considerar que farão tudo para impedir qualquer progresso. Vamos esperar que a comunidade internacional se mexa um pouco e ponha areia, o que há de sobra no deserto, na vida do Rei marroquino.
Maria Damanaki, Comissária Européia de Pesca, quer fazer constar no próximo acordo de pesca entre a Comunidade Européia e o Marrocos, a exclusão das águas territoriais do Sahara Ocidental a ser firmado em fevereiro. É pouco, porém, já é uma forma de pressão em favor dos saharauis.
Esperamos, com muita fé, que a comunidade internacional, de fato, reaja contra esta situação absurda...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 10 - MEIO SÉCULO DA RESOLUÇÃO 1514 DA ONU


No dia 14 de dezembro de 1960, portanto há meio século, a Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou a Declaração da Concessão de Independência, conhecida como Resolução 1514. Esta Resolução reconhece aos povos “descolonizados” o Direito à Livre Determinação, ou seja, o Direito de decidir sobre o seu futuro e os povos que sujeitam outros a uma dominação e exploração estão cometendo uma afronta aos Direitos Humanos Fundamentais, base desta Resolução (Declaração de Direitos Humanos, França 1789) e contrariando a Carta das Nações Unidas comprometendo assim a causa da paz e da cooperação mundial.
É exatamente a falta do cumprimento desta diretriz que está acontecendo no Sahara Ocidental, onde o povo saharaui está sendo explorado e vilipendiado pelo governo marroquino que se apossou do território depois da saída da Espanha. Até hoje, o governo invasor não permitiu que se efetivasse o referendo que daria ao povo saharaui o direito de determinar o seu futuro.
No dia 8 de novembro passado, usando da força de seu exercito contra um povo pacato e desarmado, destruiu o acampamento montado no deserto exatamente para chamar a atenção do mundo sobre seu problema até agora insolúvel. Na seqüência do desmantelamento onde até água fervente foi jogada sobre o povo entre eles, velhos, mulheres e crianças, houve uma rebelião em El Aaiun, onde atos de torturas, violações, roubos e depredações foram efetuadas contra o povo saharaui. Nas prisões foram torturados, suas casas tiveram as portas derrubados e seus ocupantes espancados e ali mesmo torturados à vista de toda a sua família, seus bens foram roubados ou destruídos. Estabeleceu-se um tempo de terror na cidade, foram proibidos jornalistas estrangeiros, tudo haveria de ficar encoberto. Todavia, graças à WEB, muita coisa vazou e hoje sabemos o quanto este humilde povo está sofrendo. Uma jornalista espanhola, Ana Romero, do El Mundo, ficou alguns dias por lá e acabou sendo expulsa por tentar falar a verdade do que via. Ela confirmou muitas arbitrariedades que já haviam sido denunciadas. A Human Rights Watch também confirmou as torturas, as mortes, as prisões e os “desaparecimentos”.
Esperamos que agora, finalmente, a ONU pressione o Marrocos a cumprir esta Resolução, já que está afrontando uma decisão tomada pela Assembléia Geral da organização.
Está prevista também uma reunião nos próximos dias entre representantes do governo marroquino e da Frente Polisário, representante do povo saharauai. Vamos torcer para que se chegue a uma decisão justa e acabe de uma vez por todas o sofrimento deste povo totalmente abandonado pelas grandes potências!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 9 – A SITUAÇÃO ESTÁ DIFÍCIL


Depois da paralisação do espaço aéreo espanhol pela greve "selvagem" dos controladores aéreos, justo na véspera de um feriado prolongado (ou seja, na última sexta à tarde) e a divulgação de informações sigilosas pelo site WikiLeaks, nem sequer o jornal "El Mundo" fala do que continua acontecendo no Sahara Ocidental ocupado pelo Marrocos. Infelizmente, no entanto, os problemas não terminaram, como poderíamos supor pelo silêncio da mídia. Os saharauis estão agora mais desamparados que nunca, temendo represálias e inclusive um genocídio sem testemunhas. Ignorados pelas manchetes dos jornais, a única ajuda que estão recebendo é a de um grupo de amigos civis da Espanha, que estão se organizando através da Internet. Quanto às organizações humanitárias de ajuda médica, as mais necessitadas lá neste momento, estão impedidas de entrar, porque, segundo o Direito Internacional, enquanto um país não declara "estado de emergência ou calamidade" não podem atuar sem sua permissão. É claro que o Marrocos, que tem ilegalmente soberania sobre o território, não vai declarar calamidade, já que a mesma está sendo causada por seu governo.
Quanto às ajudas enviadas, houve quem aventou que as pessoas que as estão pedindo estão coagidas, mas temos meios de saber que não estão e que as colaborações realmente chegam a seu destino e cumprem seu nobre objetivo, que é o de ajudar algumas famílias saharauis atingidas pela crueldade do ocupador marroquino, inclusive crianças abandonadas, não por vontade de seus pais, sim pela imposição do governo marroquino, já que centenas de nativos estão desaparecidos desde o desmantalamento do acampamento em 8 de novembro, ou seja, a exatamente um mês. Pergunto qual mãe ficaria afastada de seus filhos sem saber notícias por tanto tempo? Alguma coisa muito grave aconteceu...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 8 - MARROCOS AMEAÇA A ESPANHA

Apesar do marasmo do governo espanhol a respeito do que acontece no Sahara Ocidental, as coisas aos poucos vão tomando forma e afinal Zapatero e o Rei Juan Carlos acabarão tão pressionados pela opinião pública que haverão de tomar providências contra o que o governo do Marrocos está fazendo com o povo saharaui. Hoje mesmo vimos como repercutiu a entrevista, via Internet, da repórter Ana Romero, do El Mundo. Percebe-se que o povo espanhol está indignado com a tibieza de seu governo. Graças a esta tibieza o Marrocos já faz ameaças contra a Espanha, como a prevista “marcha contra Celta”. Hoje, na 20ª Cúpula Ibero-Americana, em Mar del Plata, Trinidad Jimenez deverá fazer comentários e responder às ameaças do Marrocos. As coisas estão vindo à luz. O Consulado Americano, em Casablanca, já fala em corrupção institucionalizada no governo do Marrocos, coisas que ficariam escondidas se o acontecido em El Aaiun não tivesse ocorrido. Aos poucos o mundo vai tomando ciência do acontecido e as grandes potências acabarão por intervir. Deus queira!. Fiz pedido aos deputados e senadores brasileiros para que peçam ao Presidente Lula que interceda pelo povo saharaui junto ao Rei Juan Carlos, no encontro previsto entre ambos lá em Mar del Plata. Vamos ver se o que acontece...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 7 – A SITUAÇÃO SE COMPLICOU


Acreditei que após as primeiras manifestações do Parlamento Europeu e com o envolvimento da ONU, com a nomeação de um novo governador, de origem saharaui, e a entrada de uma repórter estrangeira em El Aaiun as coisas iriam melhorar, ledo engano, não foi o que aconteceu, a situação na verdade se complicou de novo com revoltas na própria El Aaiun e noutras cidades como Dajla, Smara e Bojador, onde estudantes começaram uma briga na própria escola devido a provocações dos filhos de colonos marroquinos. A intransigência do governo do Marrocos ao não propiciar melhorias das condições de vida dos saharauis impedidos de obter assistência médica e hospitalar, de ter informações sobre os presos e amigos e parentes desaparecidos, talvez já mortos e enterrados, são os motivos para esta justa revolta. A Human Rights Watch já confirmou as torturas e maus tratos a este povo humilde e indefeso. A única jornalista estrangeira, Ana Romero, do El Mundo, foi expulsa por tentar passar ao seu jornal a verdade do que lá ocorria, ninguém mais teve autorização para entrar. A Cruz Vermelha espanhola está proibida de atuar e uma ONG Belga, com duas médicas, foi também expulsa. Assim, temos que continuar tentando chamar a atenção do “mundo” sobre o problema, o pior é que o “mundo” não está interessado na sua solução nem mesmo quer dele tomar conhecimento. A Frente Polisário, por exemplo, acusa a Espanha de lavar as mãos sobre os acontecimentos. Infelizmente, muito sofrimento ainda vai ser necessário para que medidas eficazes sejam tomadas...

domingo, 28 de novembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 6

Caros amigos, como brasileiro eu devia estar comentando os acontecimentos, a verdadeira guerra que está acontecendo no Rio de Janeiro, todavia, jornais do mundo inteiro estão dando cobertura ao assunto. Assim, volto a falar sobre os acontecimentos do Sahara Ocidental, onde, apesar dos acenos da ONU e da UE os saharauis continuam sendo vítimas do cruel domínio marroquino. Desta feita, a pressão contra o povo local se dá pela falta de internação nos hospitais: pessoas feridas no confronto, torturadas, queimadas, doentes, não conseguem obter os cuidados hospitalares mínimos. As famílias foram despojadas de seus haveres, até de seus documentos, o que dificulta inclusive a ajuda externa que está sendo feita por pessoas de bons sentimentos e que de uma forma ou outra se sentem na obrigação de ajudar, o que não acontece com os políticos e as autoridades que tem poder para acabar logo com este estado de coisas.
A mudança do governador da região, nomeado pelo Marrocos, parece que abrirá uma porta para o diálogo com líderes saharauis que pretendem pedir a libertação dos presos, melhoria das condições de vida, investigações imparciais, fim da impunidade e, principalmente, o almejado "referendum". Como comentei em minha última crônica, a enviada especial de El Mundo, Ana Romero, não tinha liberdade para expor aquilo que via, sua câmera foi apreendida, assim como seus celulares, profissional e particular, foram bloqueados e finalmente foi "convidada" a se retirar do pais. Como vemos, embora a situação tenha melhorado um pouco, as restrições sobre informes ainda é proibida, donde se deduz que muitas coisas ainda tem ser convenientemente escondidas pelo governo marroquino que, em seus comunicados, sempre posa de vítima, esquecendo-se que lá estão ilegalmente conforme decisão da ONU, já de longa data.
Obrigado a todos que tem acompanhado estes relatos, por seus comentários que me estimulam a continuar esta luta e por sua determinação de ajudar a tornar cada vez mais conhecida a situação daquele pobre povo !

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 5


Parece que finalmente o mundo despertou para o que está acontecendo em El Aaiun depois de vários dias, terríveis dias, para os saharauis do desmantelamento do campo de Gdaim Izik (Dignidade!). O Parlamento Europeu solicitou às autoridades marroquinas o livre acesso de jornalistas e observadores internacionais no Sahara Ocidental. A intenção e promessa dos marroquinos era a de fazer uma investigação através de seu próprio parlamento. Alguém acredita que seria imparcial? O Parlamento Europeu está indicando a ONU como parte neutra para as investigações dos tristes acontecimentos que tanta dor e sofrimento causaram aos nativos do lugar. Esperemos que, pelo menos, cessem as hostilidades e as perseguições e possam ser esclarecidas as mortes e os desaparecimentos denunciados pelos saharauis. Em entrevista pela internet, a jornalista Ana Romero, disse apenas o que podia dizer, pois está no país, vigiada constantemente por policiais marroquinos que diziam que apenas a protegiam(?) quando na verdade evitavam é que os naturais dela se aproximassem e pudessem contar coisas que o mundo não pode saber. Do pouco que pode dizer dá para entender o quanto há de mentiras nas declarações do governo marroquino sobre o número de mortos, desaparecidos(?) e detidos. A própria Ana Romero foi autorizada verbalmente a visitar o pais e é a única, pelo menos até ontem, com certa capacidade de repassar as notícias. O mais grave é que seu trabalho é censurado, como ela mesmo declarou pois antes de transmitir grande parte de sua mensagem é deletada. Uma das coisas que deixa a gente mais pesaroso é a declaração quase unânime dos saharauis que demonstra todo o seu desespero: "Estamos nas mãos de Deus, só ele pode nos ajudar"!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 4

Enquanto a ONU e outras entidades internacionais, aos poucos, como soe acontecer nestes casos em que minorias ou povos humildes são massacrados, o governo marroquino, na mais autêntica demonstração de hipocrisia, recebe jornalistas espanhóis mostrando-lhes apenas o que querem que o mundo saiba, está tudo em ordem: reina a paz no El Aiun, não há cadáveres na morgue, nem feridos graves nos hospitais. Claro, as máquinas de terraplenagem já fizeram seu serviço de enterrar as provas e sabe-se lá, quantos cadáveres; os feridos, massacrados que foram pelas tropas marroquinas e por civis marroquinos por elas apoiados, estão escondidos em suas casas que já não lhes oferecem as mínimas condições de segurança já que não são capazes de resistir às botas dos "invasores"; os hospitais estão vazios sim porque os saharauis deles não podem sequer se aproximar, muitos com fraturas expostas, ferimentos à bala, espancados ou arrastados por viaturas militares como o caso do menininho narrado na crônica "Direitos Humanos? 3" neste blog. Segundo informações que tive hoje o pequeno está muito mal. Coisas como esta a imprensa não vai poder relatar, pois algum compromisso, que não com a plena verdade, devem ter assumido para poder visitar o país. Esperemos que tais fatos ainda se tornem de domínio público mundial e todos sintam o absurdo que está acontecendo no Sahara Ocidental. Sabemos que não é só isto que acontece no mundo, porém, vamos nos bater pelo menos por esta causa. Agradeço a todos o apoio que tenho tido nesta minha cruzada, nossos reclamos haverão de chegar a quem de direito ...

domingo, 21 de novembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 3


Carta-depoimento de um saaraui residente em El Aaiún, no Saara Ocidental ocupado pelo Marrocos, recebida no dia 19 de novembro de 2010.


Espero que possa redigir bem o que aconteceu e que você possa entender minha forma de expressar as coisas. Você sabe que há quase um mês se montou o acampamento de protesto pacífico nos arredores de El Aaiún, com tendas beduínas e tendas de campanha, etc. Montou-se fora da cidade para evitar que se produzisse alguma briga entre os marroquinos e os saaráuis e assim não dar motivo a intervenções policiais. Quase todos os saarauis nativos de El Aaiún estavam no acampamento. A situação era de paz total, não reivindacávamos nem independência, nem referendo, nem nada disso. Só pedíamos trabalho para os licenciados, ajuda para os deficientes e idosos. No fundo, tínhamos plena confiança de que esta atitude ia ser bem recebida pelo governo marroquino. Estivemos 22 días negociando a solução desse problema com as autoridades locais marroquinas.
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No entanto, na segunda, dia 8 (refere-se ao dia 08.11.2010) apareceram milhares de soldados e policiais, com apoio de 3 helicópteros. Apareceram às tres da madrugada, dizendo que iam evacuar o acampamento e que davam uma hora para que as pessoas fossem embora. Como você pode comprender, não é possível evacuar 30.000 pessoas -com idosos, crianças, mulheres incluídos- em só uma hora. Assim, começou a intervenção do exército contra o acampamento.
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Devido a que agiam com total brutalidade e contra toda a população, tentamos nos defender para ver se salvávamos as mulheres e as crianças, mas a agressão era tão forte e tão brutal que a única coisa que podíamos fazer era sair correndo, como podíamos e os que podiam. Ficou muita gente, cercada pelo fogo e pela água quente que o exército jogava. Tem muita mais gente morta do que se diz. O que acontece é que isso será conhecido com o passar do tempo. Quando amanheceu, começaram a disparar indiscriminadamente e as pessoas se espalharam pelo deserto como puderam.
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Dada essa cruel intervenção contra civis indefesos, o resto da população se revoltou violentamente, queimando contêineres, jogando pedras, etc, porque todo mundo tinha parte de sua familia nesse acampamento (refere-se ao acampamento "Gdeim Izik": Dignidade). Durante todo o dia, a revolta continuou e, já pela tarde, os colonos marroquinos começaram a atacar e saquear as casas dos saarauis, entre elas a da minha família. Como havia muita tensão e medo em El Aaiún, tomamos a fatal decisão de sair fora da cidade, a uns 14 kms.
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Lá estávamos todos juntos, sentindo-nos protegidos pela distância, quando, por volta da meia-noite, começaram a aparecer policiais e militares. Fomos todos algemados, incluídos mulheres, crianças e meus pais. Puseram-nos de bruços e nos espancaram com uma espécie de bastão de beisebol, mas um pouco menor e de alumínio. Começaram a nos interrogar sobre coisas que não sabíamos, como por exemplo: quem tinha organizado o acampamento, onde se escondiam os que tinham negociado com o governo, etc. etc.
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Tiraram-nos a roupa e nos espancaram. Com meu pai, fizeram barbaridades que prefiro não contar. Diziam-nos que, se não falássemos, continuariam torturando-o. Depois amarraram as mãos da minha mãe e começaram a espancá-la diante de todos nós com o bastão, como se fosse um animal, até que as costas dela começaram a sangrar. Eu fiquei inconsciente durante uns segundos devido ao choque de ver a minha mãe torturada. Os gritos dela eram horrorosos.
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Quando me recuperei, estavam amarrando o meu sobrinho de pouco mais de 3 anos, pelos pés, em um jeep militar. Então começaram a arrastá-lo devagar pelo chão, dizendo-nos que, se não falássemos, acelerariam o veículo e o matariam. Finalmente fizeram isso, aceleraram e o arrastaram quase um quilômetro. Começamos a gritar e a chorar, mas, quanto mais gritávamos, era pior.
Ficamos assim da meia-noite até às sete e quinze da manhã. Finalmente me vendaram os olhos. Fizeram o mesmo com meus dois irmãos e com um dos meus cunhados. Puseram-nos em um veículo policial, fatigados, meio desmaiados e com pancadas por todo o corpo. E aí, nos levaram à cidade.
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Na delegacia havia centenas de saarauis com os olhos vendados e muitos policiais. Coube a mim um quartel da gerdarmaria (polícia marroquina). Durante a tortura, me fraturaram ossos das pernas e algumas costelas. Meus olhos e minha boca estão arrebentados e os dedos da mão direita estão quebrados. O resto da família também está mal, se bem que com ferimentos que podem ser considerados leves se comparados com outros. O pior são os ferimentos do meu sobrinho, que está com o corpo em carne viva, como se tivesse uma queimadura.
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Quando nos soltaram do quartel, fomos para casa. Um dos meus irmãos foi ao hospital, mas até agora não voltou. E já faz dois dias. Pelo visto, voltam a prender as pessoas não marroquinas que se aproximam ao hospital. Nós, saarauis, não podemos ter acesso à assistência sanitária.
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Já faz dois dias que o pior são os ataques de civis marroquinos, respaldados e protegidos pelo exército e pela polícia. Arrombam as casas, violam as mulheres, saqueiam e destroem tudo. Ontem às 21:25 hs, pegaram um saaraui de 21 anos e o degolaram em público, no meio da rua, sem que ninguém pudesse fazer nada. Foi degolado por civis marroquinos.
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Pedimos ao mundo que detenha tudo isto, por favor, que acabe com esta barbárie e que os marroquinos tenham um pouco de moralidade e parem de agredir e de matar saarauis inocentes. A atitude da polícia e dos colonos piorou hoje, especialmente depois de ouvirem que a ONU não vai intervir. Agora sim que estamos em perigo. As ruas estão tomadas por colonos e policiais. Sair para comprar comida ou qualquer outra coisa significa um risco, além dos insultos, pedradas, ameaças, etc. Não tenho outra palavra para descrever esta situação: HORROR.

Um abraço a todos e obrigado pela atenção.
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(esta é uma versão da carta-depoimento, traduzida do espanhol)
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OBS: por motivos óbvios o nome do depoente será mantido em sigilo.

sábado, 20 de novembro de 2010

DIREITOS HUMANOS? 2

Caros amigos, sei que o problema do Sahara Ocidental é muito e complexo, contudo, é muito grave e não podemos nos acomodar quando um povo é espezinhado e contra ele se move uma força muito mais poderosa. O que estamos vendo é um genocídio que está sendo praticado em pleno século 21, nas barbas do chamado "mundo civilizado", que aliás, pode ser civilizado, más tem se mostrado bastante covarde e que coloca os interesses comerciais e econômicos muito acima dos direitos fundamentais do ser humano. Temos que levar ao mundo o que lá no deserto está acontecendo, temos que fazer com que nossos governos tomem alguma atitude. Escrevam ao seus deputados, aos seus senadores, aos seus representantes, aos jornais, aos seus governos. De minha parte vou continuar tentando a publicação em vários jornais, vou escrever aos senadores, aos deputados ao Itamaraty e repassar a todos os meus contatos. Por favor, façam o mesmo!
Continuem mandando seus comentários, vão ilustrando melhor o que lá está acontecendo!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO PARA O CRESCIMENTO NA CARREIRA

A importância da comunicação para o crescimento na carreira

Seria ótimo se todos compreendessem e assimilassem os pensamentos e ideias que circulam no ambiente de trabalho. Infelizmente, muitos projetos não são realizados, propostas não são entendidas e planos não são aceitos por falta de uma efetiva comunicação. O profissional que deseja se destacar em sua carreira precisa ter consciência da importância da comunicação, para dar uma opinião, participar de reuniões ou defender algum projeto. É fundamental procurar formas de transmitir exatamente o que se deseja e saber ouvir e entender o que o outro está falando. Pesquisas apontam que 80% dos problemas dentro das empresas advêm de falhas na comunicação.

Portanto, o profissional deve desenvolver, de forma apropriada, a comunicação para que todos ao seu redor possam compreender sua mensagem. É preciso que ele elimine a timidez, o nervosismo e a insegurança no trabalho, pois, são fatores que impedem a fluidez da informação.

O fluxo e a troca de informações fazem parte da comunicação. “É preciso que o profissional dê espaço para que o colega ou o chefe possam tirar dúvidas e apresentar sugestões, manter-se sempre disposto a dar e receber informações. Estar disponível para ouvir é essencial”, aponta Rita Alonso, professora de Relações Humanas na Empresa. Com uma boa comunicação o profissional tem a possibilidade de defender suas opiniões com segurança, se destacar diante dos colegas e se aprimorar por meio de contribuições individuais a temas abordados por outros.

Para que o profissional tenha uma fluência na comunicação, ele deve estar bem informado e atualizado. Hoje, existem várias ferramentas à disposição que perpassam a oralidade e possibilitam estar a par dos acontecimentos, como e-mails, chats, SMS que também ajudam a estabelecer relacionamentos.

Rita Alonso afirma que para o profissional obter o sucesso esperado, é necessário passar a informação completa, com começo, meio e fim, verificar o grau de entendimento do interlocutor, olhar nos olhos, escrever detalhadamente sem ser prolixo, falar pausadamente, de forma inteligível, ser objetivo, claro e utilizar a mesma linguagem profissional. É importante também, compreender e ser compreendido, expor o ponto de vista com objetividade de modo a fazer-se entender, permitindo assim um diálogo com troca positiva. “Lembre-se que comunicar é uma questão de sobrevivência e crescimento para sua carreira”, alerta a especialista.
FONTE: CRC -SP ONLINE

DIREITOS HUMANOS?



Todo mundo, dito civilizado, diz se preocupar com os chamados "direitos humanos", contudo, lá no deserto, no Sahara Ocidental, mais precisamente na sua capital, El Aayun, principalmente, este "direitos humanos" estão sendo espezinhados pelo governo do Marrocos sem que este mesmo "mundo civilizado" mova uma palha em defesa dos saharauis, como são chamados os naturais desta região, que estão sendo torturados, espancados, violentados, presos e algumas dezenas deles já foram mortos. Até onde, este "mundo civilizado" vai esperar para ajudar este sofrido povo? Nosso presidente, que almeja um cargo na ONU bem que poderia determinar ao Itamaraty que pressione junto à mesma por medidas diplomáticas para cobrar do governo marroquino fim das perseguições ao povo saharaui que havia feito um acampamento em pleno deserto, chamada Gdaim Izik, com o intuito de chamar atenção do mundo exatamente para a falta de respeito dos "direitos humanos" por parte do Marrocos. Este acampamento foi destruído, inclusive com o despejo de água fervendo, com sobrevoo de helicópteros, sobre homens, mulheres e crianças que lá estavam, os quais sofreram queimaduras gravíssimas. Depois, a perseguição se espalhou por toda a região, principalmente pela cidade El Aayun, onde casas são arrombadas e seus morados vítimas de mal tratos descritos acima. Por favor, Presidente Lula, faça alguma coisa...

Antonio Carlos Pereira

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O PREÇO DA BOLINHA DE PAPEL - GUSTAVO KRAUSE


Por Gustavo Krause (Ex-governador de Pernambuco, ex-prefeito de Recife e ex-Ministro de Estado)
Terminada a eleição, saem dos armários do governo assombrosos esqueletos. Guardados a sete chaves e protegidos pelo diversionismo que provoca o período eleitoral, estes esqueletos aparecem em desfile macabro como um prolongamento do dia das bruxas.
Tem fantasia de todo tipo. A CPMF é um esqueleto fantasiado de besta-fera. É o porta-bandeira. Sua volta não foi uma “perua”, foi uma proposta lançada por vários governadores eleitos (do tecnocrata tucano Anastasia ao esperto socialista Eduardo Campos que já deu marcha a ré). A Presidente fez cara de paisagem, mas é co-autora do estelionato eleitoral: prometeu no altar das promessas fajutas não aumentar a carga tributária. De outra parte, Lula não se conforma com a derrota da CPMF. E não é por amor à saúde: a aprovação da Emenda abriria caminho para o terceiro mandato. Este é o motivo do seu ódio aos senadores da oposição. Esqueceu que, na época, a mobilização nacional ganhou a parada. Mais dinheiro para saúde é empulhação. A arrecadação aumentou o equivalente a dois CPMFs; o dinheiro da CPMF foi para o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza para financiar, entre outros programas, o do bolsa-família.
Por sua vez, o fantasminha do TCU, nada camarada, colocou na avenida obras irregulares no valor de 32 bilhões de reais. São esqueletos que integram a ala do bloco dos sujos. Mas o Presidente que odeia quem contraria seu gigantesco voluntarismo usa a retórica e a estratégia habitual para defender a mutretagem, qual seja, jogar a órgão fiscalizador contra o povo o que reflete a essência do lulismo no desprezo pelas instituições.
Enquanto isto, a tchurma do governo afia o facão para enfiar nas costas dos policiais militares do Brasil inteiro e cortar a cabeça de Henrique Meireles. A bancada governista que já não precisa, por enquanto, dos votos dos policiais vai sentar em cima da PEC 300 que equipara a remuneração das polícias estaduais a de Brasília. Ao mesmo tempo o fogo amigo petista se encarrega de carbonizar o neoliberal Henrique Meireles, um estorvo para a presença do monumental esqueleto das contas públicas, em plena gestação, na folia da gastança.
Por sua vez, a MP 511, a que viabiliza o trem...bala na cabeça do contribuinte, consagra, em definitivo, o lema do governo: privatizar lucros e socializar prejuízos. Cerca de 50 bilhões de reais vão para a conta da “viúva” que garante tudo com um grande final que é a tungada no meu, no seu, no nosso dinheirinho. É outro esqueleto, candidatíssimo a novo porta-bandeira do desfile. Do Rio a Campinas, passando por São Paulo, será vapt-vupt e os passageiros do trem apertarão cintos a “módicos” duzentos reais. E os engarrafamentos das cidades brasileiras ó!
Fantasiado de lobo mau, o ENEM é um esqueleto feito para assustar os vestibulandos com data marcada. Trata-se de incompetência reiterada, como tantas outras salvas pela saliva do animador de auditório, nosso presidente-camelô.
E por falar em animador de auditório, só foi passar as eleições para que saísse do armário a fraude bilionária do Banco Panamericano, sócio da NOSSA CAIXA, quer dizer, deles, os dois maiores comunicadores do Brasil, Silvio Santos e Lula. Que baita esqueleto! Adentra na avenida, lindo, maravilhoso, rechonchudo, é o próprio Rei Momo da carnavalização da política brasileira, nutrido pelas garantias oferecidas por Sílvio. Tudo, dizem, as autoridades, sem dinheiro do governo (Fundo Garantidor de Crédito). Não é o que diziam do PROER quando estavam na oposição. No entanto, dizem as más línguas que as bolinhas de papel jogadas na cabeça de Serra e captadas pelas câmeras do SBT....deixa prá lá. É coisa de fofoqueiro.

domingo, 14 de novembro de 2010

REMÉDIO PARA DEFUNTO - MARA MONTEZUMA ASSAF

As instituições públicas brasileiras parecem campo minado...por onde se pesquisa acaba explodindo uma bomba. Agora O Globo nos dá conta de que uma auditoria do TCU realizada no programa Aqui Tem Farmácia Popular - tido como a pérola do Ministério da Saúde - descobre fraude na venda de medicamentos subsidiados, mostrando que de 2006 a 2010, as farmácias credenciadas pelo governo venderam remédios com descontos de até 90% para mais de 17.258 mortos, todos eles necessitando de medicação por mais de uma vez, já que foram registradas mais de 57.000 transações.
A descoberta no apagar das luzes deste governo escancara uma verdade : a Saúde no Brasil , nos últimos anos, esteve jogada ...aos mortos.

Mara Montezuma Assaf

sábado, 13 de novembro de 2010

TREM-BALA




Não há como parar de criticar este governo que ai está, e que, mercê da ignorância de nosso povo, tende a se alongar por muitos anos. Vejam a última do Sr. Lulla da Silva: - editou medida provisória liberando financiamento de R$ 20 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à empresa concessionária do trem-bala. Dona Dilma, o poste eleito, assumiu compromisso, durante a campanha, de não injetar dinheiro público neste projeto do trem-bala, que, diga-se de passagem, não oferece, segundo estudos, garantia de retorno. Além destes R$ 20 bilhões haveria ainda mais R$ 5 bilhões de subvenção. Como se vê, as promessas de campanha, foram, conforme sempre disse nosso amado presidente, apenas "bravatas de campanha", nada que se possa levar a sério. Cabe agora à oposição(?) derrubar tal absurdo. Como podemos verificar, o tal trem-bala é mesmo rapidinho para se apossar do dinheiro público. Enquanto o povo brasileiro não se tocar que dinheiro público tem dono, que somos nós, a roubalheira vai continuar...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

TERCEIRO MANDATO? - MARIA LÚCIA VICTOR BARBOSA

TERCEIRO MANDATO?

Maria Lucia Victor Barbosa

10/11/2010

Algumas pessoas me perguntaram se estava satisfeita pelo fato de uma mulher ter chegado à Presidência da República. Respondi que isso me era indiferente. Primeiro, porque seja homem ou mulher num cargo político o que interessa é se essa pessoa é competente, ética e tenha visão de bem comum. Segundo, em postos elevados mulheres não são automaticamente modelos de perfeição e lisura. Só para citar exemplo mais recente relembro a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, que juntamente com a família se locupletou no cargo tendo saído ilesa por ser amiga da rainha. Terceiro, quem ganhou de fato foi um homem, o presidente que age como se projetasse seu terceiro mandato, pois escolhe ministros e já tem diretrizes de governo para 2011.

A mulher, retocada fisicamente, fabricada em termos de imagem política, treinada pela propaganda teria qualidades que se imaginam intrinsecamente femininas. Entre outras, amor maternal, desvelo familiar, doçura, capacidade de perdão. Qualidades é claro, que nem todas as mulheres possuem, muito menos a candidata escolhida pelo homem. Por ela ele foi cabo-eleitoral e animador de comícios de retórica violenta e rancorosa, boquirroto que debochava da lei eleitoral, autoritário que vociferava contra a imprensa e pregava o extermínio de partidos, Antecipando a campanha em mais de um ano Lula da Silva colocou à disposição de Dilma Rousseff a máquina estatal e as polpudas contribuições das “zelites”. Não apareceu oposição para condenar tais abusos.

Venceu, na verdade, o poderoso “coronel” Lula. Conquistou um pouco mais da metade dos votos dos pobres agradecidos pelas bolsas-esmolas, dos ricos satisfeitos com os lucros, das classes médias inebriadas com as alegrias de consumidores capazes de comprar a felicidade em suaves prestações a serem pagas no além.

Entretanto, o final de mandato do popular Lula da Silva parece conturbado. É emblemática mais uma trapalhada do Enem, cuja responsabilidade em última instância é do ministro da Educação. Num país civilizado este pediria demissão ou seria demitido pelo presidente da República, mas, ambos, de modo arrogante insistem em não reconhecer o erro. Um péssimo exemplo para os jovens estudantes.

Na política externa, que acumulou perdas em todos os cargos pleiteados pelo Brasil, em repetidos fiascos, em apoios a governantes que afrontam os direitos humanos, o último golpe deve ter deixado estonteados o presidente da República, seu chanceler de direito, Celso Amorim, seu chanceler de fato, Marco Aurélio Garcia. Isso porque, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu seu apoio expresso à inclusão da Índia como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, cargo perseguido de forma obsessiva pelo Itamaraty durante os dois mandatos de Lula da Silva. Também pudera, “o cara” em sua linguagem antiamericana fez coro com as afrontas de Hugo Chávez aos norte-americanos. Além disso, o governo Rousseff pode significar a chegada do PT ao poder, como determinou José Dirceu. Considere-se ainda o fato da Índia ser estrategicamente bem mais interessante para os Estados Unidos do que o Brasil.

Para piorar, Lula da Silva quer de volta a famigerada CPM e vai tentar desarmar no Congresso a bomba fiscal de R$ 30 bi. Se conseguir a façanha no mês que lhe resta vai bater de frente com policiais civis, militares e bombeiros que perderão um piso salarial a ser criado por emenda constitucional. Afrontará governadores que reivindicam R$ 19,5 bilhões, a título de repasse, referentes a perdas que tiveram com a Lei Kandir. Desgostará parlamentares que querem elevar a cota reservada a cada um deles para fazer emendas no Orçamento. Sobrará para Rousseff a espinhosa questão do salário mínimo, que no Orçamento é contemplado com um piso de R$ 538,14, sendo que as centrais sindicais que ajudaram elegê-la reivindicam R$ 589,00.

Outro fator polêmico é a obsessiva ideia do ministro Franklin Martins de “monitorar” ou exercer “controle social sobre a mídia”, o que traduzido significa cercear a liberdade de pensamento. Ele usa arabescos de linguagem para o que é simplesmente censura, aliás, prevista, entre outras coisas, no Plano de governo Rousseff sob o título PNDH3.

Enquanto tudo isso acontece, onde anda o PSDB? Afinal, sem oposição não existe democracia. Ao PSDB falta militância, união, mística, coragem para vocalizar a parcela da sociedade que se sentir prejudicada pelos desmandos da situação. Sobra aos tucanos fascinação por Lula da Silva e vergonha de sua trajetória. É necessário, então, que o PSDB deixe a torre de marfim e venha às ruas contra a CPMF, contra a censura, contra a inflação que Fernando Henrique derrubou, contra o ardiloso terceiro mandato de Lula da Silva. Se fizer isso será seguido. Caso contrário, morrerá de inanição política.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

mlucia@sercomtel.com.br

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

RESSACA CÍVICA

Meus estimados leitores, depois de curtir uma tremenda ressaca pela derrota que o Brasil teve nas urnas, onde prevaleceu a mentira, o fingimento, o desprezo pela lei, o acinte, o desrespeito total à inteligência do cidadão e todas as mazelas que possam imaginar, volto a malhar Mister da Silva, como dizem os gringos, pois os escândalos não foram sequer interrompidos durante este período eleitoral, somente nosso amado presidente, ficou um pouco em terra, porém, já partiu para outras plagas na asas do aerolulla. Nos últimos dias, a demonstração inequívoca da falência da nossa educação no âmbito federal, cujas autoridades não são capazes ao menos de proporcionar uma exame honesto e organizado, E NEM o ministro da área soube explicar o que ocorreu, que vergonha, que incompetência! E o escabroso caso do Banco Panamericano? Quem acreditou que Silvio Santos tenha ido, nas vésperas da eleição pedir ajuda ao Mister da Silva para o Teleton, ficou evidente que não, já desonfiavamos que o assunto era bem outro. Dai a insistência na bolinha de papel que acertou a cuca do Serra, que mesmo desmentido por outras TVs, este desmentido nunca foi feito pela TV do Silvio Santos. E o debate na TV do nordeste, suspenso na última hora quando a candidata do governo não quis comparecer. Como explicar que a Caixa Federal tenha adquirido por R$ 750 milhões quase a metade do capital do Banco? Onde estava o Banco Central e os seus técnicos? E o todo poderoso Henrique Meireles? E ainda, onde estava a oposição? E os projetos do PAC? Em mais de duzentos e poucos examinados, somente nove não apresentaram problemas. Viram por que nosso ilustre presidente não queria a fiscalização do TCU? E a CPMF que já está ai na porta? Bem, quem achou que estava tudo bem e votou pela continuação do desgoverno atual não pode nem reclamar, não sabia do PNDH3 com todas as suas armadilhas? O pior é que nós, que neste poste não votamos, vamos ter que pagar a conta juntos!

ENTRE O PENSAR E O AGIR - CRC/SP

Entre o pensar e o agir

No mundo profissional, a agilidade é uma característica muito valorizada. Algumas situações, porém, requerem uma visão mais analítica, o amadurecimento da ideia, uma análise geral do contexto, para que determinadas atitudes sejam colocadas em prática. O atual mercado de trabalho treina o profissional para agir a curto prazo e isto, na maioria das vezes, impede-o de ampliar as inúmeras possibilidades de resultados.

De acordo com o especialista em Gestão Estratégica de Recursos Humanos, Cersi Machado, algumas causas podem denunciar o ato impulsivo de agir sem pensar. A mesmice do dia a dia, a falta de tempo e a obviedade das atividades profissionais levam muitas pessoas a acionarem o “piloto automático”, e simplesmente tomarem decisões sem medir as consequências.

Toda decisão tomada às pressas pode se refletir em ganho imediato, mas, futuramente, poderá ter consequências não tão positivas. É preciso pesar e considerar as variáveis da situação, para depois tomar atitudes de forma moderada e consciente. “O profissional que sabe como iniciar, executar com qualidade e finalizar a tarefa que se propõe, esse possui melhor noção de presente e futuro”, aponta o gestor estratégico.

Durante a rotina profissional, pensar antes de agir se reflete em muitos benefícios, como: enxergar e não somente ver as possibilidades para resolver uma situação, conseguir os melhores resultados, obter qualidade no que se propôs a realizar. Outro ponto importante é saber avaliar as atividades que são importantes e as que são urgentes. “Quando existe a sensação de que não se tem mais tempo para fazer as coisas, é preciso repensar a maneira como o administra. A partir dessa observação é necessário planejar o trabalho, utilizando como princípio, a antecipação”, sugere Machado.

Para finalizar, o gestor estratégico aponta que para os dias de hoje, a flexibilidade é uma das maiores características para se superar e se destacar profissionalmente, mas para isto, é de extrema importância ter a visão das possibilidades, pois, ser flexível é ampliar escolhas, ter novas e mais ricas formas de agir.

Dicas de como pensar para depois agir:

· Avaliar a gravidade e importância da situação. Definir critérios para analisar cada situação, antes de tomar decisões por impulso.

· Definir o tempo, de forma adequada e inteligente, para lidar com a situação; lembrar que nem tudo que tem gravidade alta precisa ser resolvido agora.

· Identificar qual a consequência da ação, seguindo a avaliação anterior.

· Usar corretamente uma agenda e classificar as atividades por grau de importância.

· Aprender a dizer não para coisas que não são importantes.

· Manter o foco e se concentrar naquilo que é urgente.

· Verificar as alternativas mais inteligentes para se sair bem de uma determinada situação.

· Pensar e avaliar as possibilidades, para que a resposta diante da situação seja a melhor possível.

FONTE: CRC/SP ONLINE

domingo, 7 de novembro de 2010

V. EX.ª CAMARADA ROUSSEF - O PERFIL - DOCA R. MELLO



Bueno, habemus uma presidente. (Tenham pena de mim e não adotem ‘presidenta’, eu não mereço isso depois de oito anos de acredito de que, menas et caterva, mal estou saindo desse buraco...).

Eu lamento, vou lamentar durante quatro anos e digo, desde já, que tenho solenes dúvidas a respeito da Boneca Terrorista de Ventríloquo, mas alimento uma certeza que não me sai da cabeça: de posse da faixa, a caneta na mão e o traseiro na cadeira, a criatura vai mostrar ao criador o que é bom p’ra tosse – quero viver para ver isso, já comprei a poltrona e estoquei a batata frita porque vai ser um espetáculo e tanto, ah, se vai! E falo isso baseada no perfil dela semelhante ao dele, ou seja, arrogante até a medula, ainda que Lady Dil (com a graça do Senhor, que teve piedade de nós nesse sentido) saiba ler, aleluia! Fala atropeladamente, claudica nas palavras, desmonta o pensamento no meio das frases, mas faz isso porque tem um chefe rodando aquela borboletinha de metal atrás dela, ela tem de dizer o que ele diria, pelo menos por enquanto, todavia com concordância melhor, para nosso gáudio, afinal, já é alguma coisa. Enfim, trocamos seis por meia dúzia? Vamos esperar para ver. Aposto no gênio guerrilheiro de Estela, Vilma, Patrícia... Adoro aquela foto dela jovem e empunhando uma arma, que linda!

* Na verdade, após o discurso da vitória, pintou uma luzinha tênue no fundo do túnel, pois se for pelo caminho que deixou antever, quem sabe Lady Dil dê um belo pontapé em esperanças alheias e se dedique a firmar seu nome para ficar oito anos no poder... Tomara! Ao menos O Cara ficará relegado ao raio que o parta e nos deixará em paz. Sem contar que a briga será de cachorro grande, boa de se ver, torçamos...

Aqui, começo a me despedir da expressão ‘V. Exa. Metalurgíssima’, tratamento que criei especialmente para ele enquanto durou-lhe o malfadado reinado. E que inclusive me rendeu uma celeuma familiar com um professor-doutor, parente de meu marido, que me julgou preconceituosa, ora, isso não ficava bem, denotava preconceito de classe, eu devia sei lá o quê, patati, patatá... Deve ser fã de Chico Buarque, outro intelectual com saudade da velha e boa esquerda que O Cabra esfacelou no Brasil. Mas, como nada é eterno e Deus ainda é Pai, olha só, estou-me livrando ao menos oficialmente de V. Exa. Metalurgíssima e posso imaginar o quanto ele próprio deva estar surpreso com isso – como é, então vai acabar mesmo?; vou deixar de ser o presidente?; o Brasil não é meu mais?; onde estão meus puxa-sacos?; quando eu falar merda não vão mais me aplaudir?; vou ter de pagar minhas viagens pelo mundo?; a terra não me idolatra mais?; vou precisar pagar o Wanderley Nunes do meu próprio bolso?!...

Agora, a vida recomeça com V. Exa. Camarada Rousseff – diz aí, ficou bonitinho o tratamento, heim? Melhor que a figura em si, eu acho, aquele armário 7 x 10 com terninho esquisito (Minha amiga Denise fala, com propriedade, no ‘coração’que se instala na traseira da maioria das mulheres que passam pela menopausa, oh, céus, Deus não é muito justo conosco, deve ter ressentimento por conta de Eva, aquela devassa, Paris Hilton do Paraíso; e na televisão, o tal coração fica pior !). O toque meio alemão do tratamento me lembra uma freira, minha professora de matemática no colégio, alemã de berço e nazista por natureza, a quem devo praticamente todos os traumas que sempre tive com a matéria, a ponto de aprender de regra de três a gráfico de parábola sem nunca, mas nunca nesta vida, ter sabido para que servem – sou uma pessoa de letras. Aliás, estudei um rol de itens que jamais usei, matemática é uma coisa muito louca, dou graças a Deus e aos japoneses, pois hoje existem as máquinas de calcular e se pode ser presidente ao menos por aqui não só sem números como também sem letra alguma, sem lenço e sem documento, sem ética, sem conteúdo, só na baba de quiabo – depois dizem que o Brasil é atrasado....

Quem é V. Exa. Camarada Rousseff?

De frente e visualmente falando, lembra um pouco S. Exa. Tiririca, o parlamentar (preciso escusar-me com o professor-doutor, ainda não gravei o nome de pia do deputado, pelo amor de Deus não me fale em preconceito de novo). Salvou-se da comparação na inteireza graças à interferência fashion e socialite de Martox, a rainha do botox, que lhe recomendou um cabeleireiro japonês – como vocês veem, o pessoal da terra do sol nascente não está neste mundo a passeio, o negócio é dominar todos os setores. O moço fez das tripas coração e reinventou um topete à la galo de briga ligeiramente avermelhado com as têmporas afogueadas, bastante apropriado para o tempo da campanha.V. Exa. Camarada Rousseff ficou mais up to date, mais leve, se fez simpática, passeou com cachorrinho, etc., mas sempre fui assombrada por aqueles dentinhos de fora ansiosos para chupar nossos pescoços, credo! O Brasil entra de cabeça na Era da Vampira que veio da Guerrilha!

No discurso da vitória – temos um bom tempo para saber quem, de verdade, levou essa, afinal o poste é apenas a ponta do grande iceberg que cerca nosso Titanic tupiniquim, ai de nós, e o mar não está nem vai estar durante mais quatro anos para o nosso peixinho popular! – vimos Eduardo Cardozo feito um papagaio de pirata atrás da favorita, se esforçando para dar pinta de Aécio Neves, sensual e bonitão, os dedos ávidos por entre os cabelos, na maior pose de celebridade diante de paparazzo. E Antonio Palloci com sua lingüinha presa (boa parte dela ficou atada à República de Ribeirão Preto e ao caseiro Francenildo, o moço não é fraco, não) à lateral, de olho na carne-seca. Fora o prestimoso presidente do partido da eleita, aquele homem extremamente elegante, cortês, distinto, fino, cavalheiro, sensato e equilibrado, mais uma mulherzinha loira e gordota que me lembrou alguém com seu nariz enfiado no canto da tela da tv o tempo todo que durou o pronunciamento.

Last, but not least, Michel Temer, o Máscara, fazendo as contas e armando o bote, V. Exa. Camarada Rousseff que ponha os dentinhos de molho...

Se ouvi bem, felizmente a presidente eleita prometeu liberdade de imprensa. Como Franklin Martins e a cambada em geral têm ideias outras sobre o tema, aguardemos para ver com quem está essa cocada preta.

Para V. Exa. Metaturgíssima, desde já, meu adeus em regozijo. Eu ainda acho preferível a favorita a ele e sua retórica insuportável, sua megalomania, seu autoendeusamento. Aliás, tenho de agradecer muito a Deus pela oportunidade de vê-lo sair de Brasília, porém espero, com fé redobrada, ver muuuuuuito mais!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Para isso, conto com quem fez caras e bocas até aqui, aposto na sua revelação e torço pelo seu sucesso por esse caminho, afinal, vencemos a barreira do elogio à ignorância e a nova presidente – oh, glória!!!! – sabe ler! P’ra mim, em confronto com aquele que sai, já está de bom tamanho, depois de oito anos de agruras, aprendi a ser humilde nos meus sonhos...
DOCA publicou esta crônica em: http://www.paolivre.com.br











segunda-feira, 1 de novembro de 2010

COMBATI O BOM COMBATE!!!

Caros amigos,
o dia 31 de Outubro de 2.010 entrará na história de nosso país, como dia em que a maioria de seu povo optou pelo comunismo ateu, pela matança dos inocentes, pela corrupção desbragada, pela impunidade, pela mentira, pela falta de liberdade implícita e bem clara no PNDH3, já no forno. Más, como escreveu São Paulo em sua segunda carta a Timóteo: - "combati o bom combate...", nós também o fizemos e caímos de pé com a consciência tranquila do dever cumprido!
Antonio Carlos Pereira - 01/11/2010

domingo, 31 de outubro de 2010

AFINAL, O QUE QUEREMOS? EDITORIAL ESTADÃO 31/10/2010




Afinal, o que queremos?
Encerra-se hoje a mais longa campanha eleitoral de que se tem notícia no País, e certamente em todo o mundo: oito anos de palanque na obstinada perseguição de um projeto de poder populista assentado sobre o carisma e a popularidade de um presidente que, se por um lado tem um saldo positivo de realizações econômico-sociais a apresentar, por outro lado, desprovido de valores democráticos sólidos, coloca em risco a sustentabilidade de suas próprias realizações na medida em que deliberadamente promove a erosão dos fundamentos institucionais republicanos. Essa é a questão vital sobre a qual deve refletir o eleitor brasileiro, hoje, ao eleger o próximo presidente da República: até onde o lulismo pode levar o Brasil?
Quanto tempo esse sentimento generalizado de que hoje se vive materialmente melhor do que antes resistirá às inevitáveis consequências da voracidade com que o aparelho estatal tem sido privatizado em benefício de interesses sindical-partidários? Tudo o que ambicionamos é o pão dos programas assistenciais e do crédito popular farto e o circo das Copas do Mundo e Olimpíada?

Lamentavelmente, as questões essenciais do País não foram contempladas em profundidade pelo pífio debate político daquela que foi certamente a mais pobre campanha eleitoral, em termos de conteúdo, de que se tem notícia no Brasil. Mais uma conquista para a galeria dos "nunca antes neste país" do presidente Lula, que nessa matéria fez de tudo. Deu a largada oficial para a corrida sucessória, mais de dois anos atrás, ao arrogar-se o direito de escolher sozinho a candidata de seu partido. Deu o tom da campanha, com a imposição da agenda - a comparação entre "nós e eles", entre o "hoje e ontem", entre o "bem e o mal" - e com o mau exemplo de seu destempero verbal.

Uma das consequências mais nefastas dessa despolitização que a era lulo-petista tem imposto ao País como condição para sua perpetuação no poder é o desinteresse - resultante talvez do desencanto -, ou pelo menos a indulgência, com que muitos brasileiros tendem a considerar a realidade política que vivemos. A aqueles que acreditam que podem se refugiar na "neutralidade", o antropólogo Roberto DaMatta se dirigiu em sua coluna dessa semana no Caderno 2: "Você fica neutro quando um presidente da República e um partido que se recusaram a assinar a Constituição e foram contra o Plano Real usam de todos os recursos do Estado que não lhes pertencem para ganhar o jogo? (...) Será que você não enxerga que o exemplo da neutralidade é fatal quando há uma óbvia ressurgência do velho autoritarismo personalista por meio do lulismo, que diz ser a ‘opinião pública’? O que você esperava de uma disputa eleitoral no contexto do governo de um partido dito ideológico, mas marcado por escândalos, aloprados e nepotismo? Você deixaria de tomar partido, mesmo quando o magistrado supremo do Estado vira um mero cabo eleitoral de uma candidata por ele inventada? É válido ser neutro quando o presidente vira dono de uma facção, como disse com precisão habitual FHC? Se o time do governo deve sempre vencer porque tem certeza absoluta de que faz o melhor, pra que eleição?"

Quatro anos atrás, nesta mesma página editorial, dizíamos que "as eleições de hoje são o ponto culminante da mais longa campanha eleitoral de que se tem notícia no Brasil. Desde 1.º de janeiro de 2003, quando assumiu a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva não deixou, um dia sequer, de se dedicar à campanha para a reeleição. Tudo o que fez, durante seu governo (...) teve por objetivo esticar o mandato por mais quatro anos". Erramos. O horizonte descortinado por Lula era, já então, muito mais amplo. Sua ambição está custando à Nação um preço caríssimo que só poderá ser materialmente aferido mais para a frente. Mas que já se contabiliza em termos éticos, toda vez que o primeiro mandatário do País desmoraliza sua própria investidura e não se dá ao respeito. Mais uma vez, essa semana, no Rio de Janeiro, respondeu com desfaçatez a uma pergunta sobre o uso eleitoral de inaugurações: "Não posso deixar de governar o Brasil por conta das eleições." Ele que, em oito anos no poder, só pensou em eleições!

OPOSIÇÃO - NOVIDADES NO FRONT - DOCA RAMOS MELLO



Jadilúcia Flores, a repórter constrangedora do jornal A Piada Popular, não desiste nunca! Quando surgem aqueles para os quais a mídia só sabe virar as costas, a moça não arreda pé de lhes saber a opinião, a versão, os argumentos. Por isso, muitos a consideram amalucadinha da silva, mas Jadilúcia é como o sertanejo – antes de tudo, forte. Daí...

Esta semana, a jornalista descobriu uma novidade para a qual os cientistas políticos nacionais ainda não atentaram com o devido olho no lance, novidade essa que grassa o processo eleitoral do segundo torno (sim, eu disse torno mesmo, porque quero dar a V. Exa. Metalurgíssima a chance de trabalhar um pouquinho, afinal pode-se fazer de tudo com nove dedos, a História do Brasil que o diga!).

Que descobriu Jadilúcia afinal? Diversas modalidades de Oposição! Antigamente a Oposição era algo simples e direto, uma coisa tipo Jânio/Adhemar, São Paulo/Corinthians, água/cachaça, Cinderela/Madrasta, branco/preto... A partir do efeito-estufa-segundo-torno-Marina Silva, tudo mudou, uma vez que a senadora optou por abraçar a Oposição Neutra – é uma opção, não significa que esteja certa ou errada, muito pelo contrário e/ou, sacumé? Então, Jadilúcia foi entrevistar não só a nova figura do cenário político como também suas coirmãs, muitas delas brotando a torto e a direito, como forma de atender a interesses outros e/ou, de/para, com/sem, etc...



Jadilúcia Flores: Então, a senhora é a Oposição Neutra, prazer falar-lhe pessoalmente. Como pode se opor a alguém ou alguma coisa sem tomar partido nenhum?

Oposição Neutra: Bem, o desenvolvimento sustentável de minha ideologia se concentra na Amazônia, passa pela Mata Atlântica, o Pantanal, e desemboca na transposição do São Francisco porque os recursos naturais...

JF: Desculpe, mas de que lado a senhora está? Porque se é oposição, não tem neutralidade, está contra, concorda? Creio que agindo desse modo ambíguo, podem pensar que a senhora queira ficar em cima do muro...

ON: Não, não. Oposição em Cima do Muro é quase uma irmã p’ra mim, mas são apenas laços afetivos, estudamos juntas no primário, nossas mães são velhas amigas.

JF: Como a senhora vai agir no segundo torno?

ON: Bom, o que importa é a seringueira. E o meu futuro na floresta.

JF: Hummm...



JF: Oposição Crítica, a senhora já sabe quem vai apoiar no segundo torno?

Oposição Crítica: Conservo-me à direita de minha prima, Oposição Neutra, conhece? Nós conversamos muito, somos amigas íntimas, além de parentes, temos afinidades importantes, de certo modo eu também milito na área seringal, apesar de ser menos conhecida que ela, quase uma ovelha desgarrada da família, mas é que a Oposição Neutra já foi BBB, eu estou só começando, me entende? Sou alguns dedos mais novata...

JF: Já definiu seu apoio?

OC: Vou ficar criticando aqui e ali para deixar como está e ver como é que fica. Tipo mosca de padaria. Acho que também eu devo pensar no meu futuro na floresta, dá licença?



JF: Quanto à senhora, Oposição Ciro Gomes, já definiu seu apoio?

Oposição Ciro Gomes: Não me aborreça, não sou obrigada a falar com você, sua idiota, burra, lesa, incompetente!

JF: Mas a senhora tem de estabelecer...

OCG: Não estabeleço porra nenhuma, vai te catar, sua eca..urght*##..., ignorante, imbecil, cretina, vaca...

JF: Serra ou Dilma?

OCG: Sua mãe!



JF: Oposição Não Me Comprometa, a senhora vai apoiar o governo no segundo torno?

Oposição Não Me Comprometa: Como...? Sim...? Não, digo, pode ser, quem sabe, talvez, de repente sim, de repente não, sabe lá...

JF: Desse jeito, periga a senhora ficar fora do processo eleitoral, não seria bom para a sua imagem política.

ONC: Ah, querida, sou discípula de Michel Temer, extremamente prática (mas não fiz plástica, hehehehe). E sigo também a filosofia de Zeca Pagodinho - deixo a vida me levar...



JF: Bem, Oposição Collor de Mello, estou aqui para saber como é aderir a um inimigo declarado que já lhe impôs uma saia justa tamanha e...

Oposição Collor de Mello: Isso são águas passadas, aprendi com Sarney a ser oposicionista de resultados. E eu sou linda, rica, oligarca, filha de coronel, tenho porte, morei em Miami, falo inglês, faço o que me dá na telha, duela a quem duela.



JF: Ah, finalmente, Oposição Respeitosa! A senhora já declarou sua preferência para o segundo torno?

Oposição Respeitosa: Bom dia, Jadilúcia. Sua mãezinha está bem? Em casa, todos com saúde? Faço votos. Sente-se querida, se acomode. Quer que ligue o ar? Olhe, eu creio que os dois candidatos são ótimos, cada qual com suas discretas ressalvas, ele e aquela carequinha adorável, ela e seu topete de galo de briga, são dois docinhos de coco e...

JF: Sim, mas qual deles vai ganhar a sua adesão?

OR: Com licença, por gentileza, não desejo ofender ninguém, por obséquio, preste atenção, digo que ambos são dignos do meu respeito, apesar de não concordar com certas coisinhas, sinto muito, não pretendo magoar nenhum dos dois, de modo...

JF: Ele ou ela?

OR: Os dois, obrigada! Fique à vontade, quando sair, seja gentil e não bata a porta... Aceita um cafezinho?

DOCA publicou esta crônica em:
http://www.papolivre.com.br


sábado, 30 de outubro de 2010

LULLA E O PAPA


Nosso amado presidente teve o desplante de se referir ao Papa Bento como se o mesmo fosse um simples "petralha", que, como ele e sua candidata, muda de opinião de acordo com a platéia, afirmou com todas as letras que a Igreja não tem o direito de se posicionar sobre a questão do aborto, com toda a sua capacidade de leitura afirmou que a Igreja Católica não mudou um virgula desde de há 2000 anos. Engraçado como se ele, Lulla, que tem azia até de ler as manchetes dos jornais teria capacidade de julgamento sobre os dizeres bíblicos. Ainda bem que temos uma regra a seguir que depois de 2000 anos ainda ai está firme e indestrutível e não será um partido que se diz dos trabalhadores mas que tem em seus quadros só pessoas que não são chegadas ao batente como a imensa legião de sindicalistas que fazem parte da sua gangue. Caro Lulla, você logo só será um ex-presidente e corre o risco de ser jogado para a lata de lixo da história pois nada de bom ficou na sua passagem pela presidência a não ser a extensa lista de escândalos, falcatruas e falsidades. A Igreja, caro Lulla, não é volúvel com o senhor, seu partido e sua candidata que afirmam uma coisa hoje, assinam embaixo e amanhã negam tudo e acusam a imprensa de calúnia e difamação, calúnia e difamação é quando se espalha mentiras sobre uma determinada pessoa ou entidade, a verdade, os fatos, não tem contestação, tanto é que o PT só ameaça as pessoas, não entra com ação contra elas porque sabe que perderá na justiça, mesmo que esta não esteja tão "justa" assim!

UM MITO DE PAPEL - DEMÉTRIO MAGNOLI


PUBLICADO NO JORNAL ESTADÃO DE 28/10/2010 PÁGINA A-2

Um mito de papel :: Demétrio Magnoli


"Não me importo de ganhar presente atrasado. Eu quero que o Brasil me dê de presente a Dilma presidente do Brasil", conclamou Lula, do alto de um palanque, dias atrás. Não foi um gesto fortuito. Antes, a Executiva do PT definira a campanha "Dê a vitória de Dilma de presente a Lula". Aos 65 anos, a figura que deixa o Planalto cumpre uma antiga profecia do general Golbery do Couto e Silva. O "mago" da ditadura militar enxergara no sindicalista em ascensão o "homem que destruirá a esquerda no Brasil". Quando o PT trata a Presidência da República como uma oferenda pessoal, nada resta de aproveitável no maior partido de esquerda do País.

Lula vive a sua quarta encarnação. Ele foi o expoente do novo movimento sindical aos 30, o líder de um partido de massas aos 40, o presidente salvacionista aos 60. Agora, aos 65, virou mito. O mito, contudo, é feito de papel. Ele vive nos ensaios dos intelectuais que se rebaixam voluntariamente à condição de áulicos e nos artigos de jornalistas seduzidos pelas aparências ou atraídos pelas luzes do poder. Todavia ele só existe na consciência dos brasileiros como fenômeno marginal. Daqui a três dias, Lula pode até mesmo ficar sem seu almejado carrinho de rolimã. A mera existência da hipótese improvável de derrota de Dilma evidencia a natureza fraudulenta da mitificação que está em curso.

"É a economia, estúpido!", escreveu James Carville, o estrategista eleitoral de Bill Clinton, num cartaz pendurado na sede da campanha, em 1992. George H. Bush, o pai, disputava a reeleição cercado pela auréola do triunfo na primeira Guerra do Golfo, mas o país submergia na recessão. Clinton venceu, insistindo na tecla da economia. Por que Dilma não venceu no primeiro turno, se a economia avança em desabalada carreira, num ritmo alucinante propiciado pelo crédito farto e pelos fluxos especulativos de investimentos estrangeiros?

A pergunta deve ser esclarecida. Lula abordou a sua sucessão como uma campanha de reeleição. No Brasil, como na América Latina em geral, o instituto da reeleição tende a converter o Estado numa máquina partidária. A Presidência, os Ministérios, as empresas estatais e as centrais sindicais neopelegas foram mobilizadas para assegurar o triunfo da candidata oficial. Nessas condições, por que a "mulher de Lula", o pseudônimo do mito vivo, não conseguiu reproduzir as performances de Eduardo Campos, em Pernambuco, Jaques Wagner, na Bahia, Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, Antonio Anastasia, em Minas Gerais, ou Geraldo Alckmin, em São Paulo?

"Há três tipos de mentiras - mentiras, mentiras abomináveis e estatísticas", teria dito certa vez Benjamin Disraeli. Os institutos de pesquisa registram uma taxa de aprovação de Lula em torno de 80%. Cerca de dois terços da aprovação recordista se originam de indivíduos que conferem ao presidente a avaliação "bom", não "ótimo". Nesse grupo, uma maioria não votou na "mulher de Lula" no primeiro turno. Mas a produção intelectual do mito, a fim de fabricar uma "mentira abominável", opera exclusivamente com a taxa agregada. Há muito mais que ingenuidade no curioso procedimento.

As águas que confluem para o rio da mitificação de Lula partem de dois tributários principais, além de pequenas nascentes poluídas pelos patrocínios oriundos do Ministério da Verdade Oficial, de Franklin Martins. O primeiro tributário escorre pela vertente dos intelectuais de esquerda, que renunciaram às suas convicções básicas, abdicaram da meta de reformas estruturantes e desistiram de reivindicar a universalização efetiva dos direitos sociais. Eles retrocederam à trincheira de um antiamericanismo primitivo e, ecoando uma melodia tão antiga quanto anacrônica, celebram a imagem de um líder salvacionista que fala ao povo por cima das instituições da democracia. Nesse conjunto, uma corrente mais nostálgica, que se pretende realista, enxerga em Lula a derradeira boia de salvação para a ditadura castrista em Cuba. A Marilena Chaui pós-mensalão, transfigurada em porta-estandarte do "controle social da mídia", é a síntese possível do lulismo dos intelectuais.

"As pessoas ricas foram as que mais ganharam dinheiro no meu governo", urrou Lula num comício eleitoral em Belo Horizonte, pronunciando um diagnóstico inquestionável. O segundo tributário da mitificação desce da vertente de uma elite empresarial avessa à concorrência, que prospera no ecossistema de negócios configurado pelo BNDES e pelos fundos de pensão. Essa corrente identifica no lulismo o impulso de restauração de um modelo econômico fundado na aliança entre o Estado e o grande capital. Os empresários da Abimaq divulgaram um manifesto em defesa do BNDES, enquanto Eike Batista, um sócio do banco estatal, o cobria de elogios. Na noite do primeiro turno, os analistas financeiros quase vestiram luto fechado. Tais figuras, tanto quanto os controladores da Oi e os proprietários da Odebrecht, representam o lulismo da elite econômica.

O mito ficou nu no primeiro turno. Todos os indícios sugerem que o aguardado triunfo de Dilma foi frustrado exatamente por Lula - que, na sequência do escândalo de Erenice Guerra, afrontou a opinião pública ao investir contra a imprensa independente. "Nem sempre é a economia, estúpido!": os valores também contam. Naquele momento as curvas de tendências eleitorais se inverteram, expressando a resistência de mais de metade dos brasileiros ao lulismo. O jornalismo honesto deveria refletir sobre isso, antes de reproduzir as sentenças escritas pelos fabricantes de mitos.

Os mitos fundadores pertencem a um tempo anterior à História. No fundo, desde a difusão da escrita na Grécia do século 8.º a.C., só surgiram mitos de papel - isto é, frutos da obra política dos filósofos. Por definição, tais mitos estão sujeitos à desmitificação. Já é hora de submeter o mito de Lula a essa crítica esclarecedora.

SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

MAL COMPARANDO... - DOCA RAMOS MELLO

Mal Comparando...

No céu, há um burburinho inquietante, falam os apóstolos, cochicham os querubins, discutem os santos, Deus está macambúzio, há muita coisa entre o reino azul das auréolas celestiais e a vã filosofia de araque de V. Exa. Metalurgíssima, de sorte que o Filho do Homem começa a ficar impaciente. Fortes rumores indicam que, em solos de Macunaíma, uma vez mais ocorreu insolência de porte, capaz de constranger sumariamente o Salvador. Ato contínuo, Jesus Cristo chama Pedro às falas:

_ Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, mas parece que um fariseu tupiniquim quer me tomar o posto, ai de mim, que ralei na cruz para salvar os ímpios, padeci espinhos sobre minha carne santa, sofri agruras e maus-tratos, enfrentei descrença, inveja e ódio, e agora Me acontece uma coisa dessa, Me surge um sujeito assim do nada, um reles pecador que, dizem, rouba e mente com destempero, e tem o topete de se comparar a Mim, oh, meu Santo Sudário, ninguém merece... Pedro, que fazes tu que não botas cobro nesta circunstância aberrante? Onde está a pedra que te confiei para que sobre ela edificaste Minha igreja e em suas naves internas pusesses ordem? Cáspite, Pedro, dormes no remanso?!

_ Não, Mestre, estou sempre alerta, porém O Cara é uma unha encravada, com todo respeito. Esperto, matreiro, prega aos pobres como se sua tribo fosse, mente, envolve, tripudia, falseia, de sua boca saem impropérios e bobagens, aleivosias horripilantes e prosódia flácida. Mas francamente, se me permite o abuso da intuição, o problema está com vosso Pai Eterno. Ele bem podia ter tomado uma providência antes que o caso chegasse a tal extremo, livre arbítrio demais é perigoso e...

_ Cala-te! Somos pela liberdade de expressão, de escolha, de tudo.

_ Bom, o Senhor é, mas O Cabra anda querendo amordaçar a imprensa, implantar um reino pessoal e eterno na terra dele e, disparate imenso, deixar aquela cobra terrorista treinada em seu lugar.

_ Cobra?! Avia-te, Pedro, tenho trauma de cobra, tu sabes o que uma delas fez no meu Éden com sua fala sibilante, segregando torpezas aos ouvidos de Adão e Eva, aqueles incautos nus, para depois desgraçar a vida de todo o meu rebanho, tu és sabedor, oh, sina minha, destarte deverei novamente ser crucificado mil vezes por hora para depurar os pecados desses infiéis! Oh, não Me fales em cobra, não Me recordes o estopim de toda a tragédia que fez desenrolar minha saga para salvar a humanidade, oh, Eu me lembro de Pilatos, da perseguição aos meus apóstolos, da traição de Judas, da minha solidão no Horto, do pão e vinho que tive de fazer render, de Lázaro, a quem devolvi o sopro da vida e...

_ Cobra, Senhor, insisto, cobra peçonhenta. A cabecinha em pé, a linguinha arisca, os olhos apertados mirando o próximo lance, a próxima vítima, o rastejar calculado sob o cajado daquele que encena aceitar como seu mestre acima das verdades divinas, do céu que brilha no horizonte, das águas, das flores, das seivas da vida, de Seus ensinamentos, oh Jesus... Enfim, de tudo que reluz ou não na terra de Euclides da Cunha, quiçá no planeta azul, por desmedida plenipotência, abusadíssimo que é o pusilâmine. Aquela, Cristo Redentor, é uma cobra chupando duas mangas com fiapos. Pior ainda, Senhor, com arrimo de Chico Buarque, o da banda, ex-marido de Dona Nenê! Se me permite, Mestre, a coisa tá preta.

_ Daí ao chefe dela se comparar a Mim, Pedro, não tem cabimento. Disse o herege que temos as mesmas barbas, meu Pai Eterno! Barba por barba, por que então não se comparou a Caifás, por exemplo?

_ Por espertezas de Ibope, Senhor.

_ Ibope...?

_ Sim, Ibope. É uma tábua que os terrenos tupinambás inventaram para medir popularidade, fazer pesquisas diversas, incluindo as eleitorais. Ladinos, aproveitam-se da invenção e mentem bastante com ela. O Senhor, Jesus Nazareno Rei dos Judeus, dá um Ibope dos diabos, com escusa do verbo de baixo calão, todavia verdade seja dita, o Senhor é uma espécie de coringa na boca dos pecadores. E em Seu Santo Nome, fazem-se coisas aterrorizantes!

_ O que Eu tenho a ver com esse Ibope, Pedro?

_ Hiii, Mestre, o Senhor é muito popular.

_ Mas, é um acinte...

_ Também assim considero, Mestre, entretanto ninguém aplica freios àquele vivente, a tudo e a todos, ele desobedece, ele não tem medidas. Escorado numa simplicidade de fancaria, tingido-se com as tintas do pobre homem bom, pai dos desvalidos e inimigo dos ricos, ele atravessa rios e mares em cima de palcos, é um ator, Jesus Cristo, um ator mambembe de lábia afiada! Fiquei sabendo que até mesmo a Bíblia civil de seu povo, chamada de Constituição, ele afronta sem se perturbar, é um homem desidioso, loucamente apaixonado por si mesmo, um ególatra, Mestre.

_ Pelas portas de Damasco! Corre que também se comparou a Tiradentes...

_ E a alma de Tiradentes está em estado de choque desde que soube dessa arrelia. Prostrada, persiste em pedir para que a enforquem de novo e de novo e de novo, quedou-se catatônica, afinal não possui o Vosso Santo equilíbrio. Encontra-se vagando como doida desde então, desbussolada.

_ Minha Santa Mãe, ai, minha Santa Mãezinha, os céus a protejam dessa ousadia suprema! Mamãe sofreu deveras para Me defender das maldades da vida, viu-Me pregado à cruz, comeu o pão que a Bíblia amassou, não suportaria Me perceber enxovalhado uma vez mais e...

_ Lamento, Mestre, já aportou aos santos ouvidos de Vossa Mater Dolorosa a imprecação.

_ Oh, que meu Pai Eterno a resguarde!

_ Ela se retirou para orações, porém cuidou de deixar mensagem para o Senhor, Mestre:





Filho Meu, abençoado seja! Recolhi-me a orar fervorosamente debaixo de meu manto, enquanto aguardo a passagem desta era negra de acintes, ousadias, falácias e falcatruas, eis que não posso mais suportá-las, arde-me a alma, mesmo na minha humildade resignada de sofrida Sagrada Mãe – paciência tem termo. A minha esperança é que os soldados guardiões do templo da opinião popular esmaguem a cabeça da surucucu e mostrem o pau para seu mentor, Deo Gracias, oremus. Caso contrário, ora pro nobis, pois prevejo horizontes carregados da velha praga zédirceu, que adivinho atocaiada à espreita, tal qual urubus cercam carniça, os céus tenham misericórdia dessa gente bronzeada que não lê papiros, amém, amém, amém... E tu, Filho Amado, olho vivo: um entardecer desses o Cara se dependura na tua cruz (usando falsos cravos, claro).

DOCA publicou esta crônica em:
http;//www.papolivre.com.br



terça-feira, 26 de outubro de 2010

MAIS UM SUJO PERTO DO LULLA!

Mais um membro do primeiro escalão do presidente Lulla, o chefe de gabinete Gilberto Carvalho, virou réu, desta feita sob acusação de integrar uma quadrilha que cobrava propina de empresas de ônibus de Santo André (SP), para financiar campanhas eleitorais do PT, inclusive a de Lulla. Como sempre, Lulla não sabia de nada!!!

Por falar em Santo André, e o caso Celso Daniel?

domingo, 24 de outubro de 2010

QUANTA MENTIRA E QUANTA BOBAGEM!




Na foto acima, Lulla ao lado de dois dos agressores de Serra.

Ao se referir ao episódio da última quarta-feira (20), quando Serra foi atingido na cabeça por objetos em caminhada no calçadão de Campo Grande, no Rio de Janeiro, Lula afirmou que a turma de Dilma é pacífica. "É uma vergonha a farsa que tentaram jogar na cabeça do povo. Tem muita gente que morre e não consegue fazer uma ultrassonografia... meia hora depois, ele (Serra) descobriu que bateu a bolinha, aí ele recebeu um telefonema, deu dor de cabeça nele e disse que foi agressão da turma da Dilma. A turma da Dilma é a turma da paz, que trabalha, paga imposto de renda e sustenta esse País", disse Lula.

Interessante como Lulla fala besteiras uma atrás da outra, vejam no texto acima a confissão de sua inoperância quanto à Saúde Pública, se as pessoas não conseguem um atendimento satisfatório do SUS, de quem é a culpa? Quem é responsável pela Saúde? Não seria em última análise o Presidente da República? No caso, consta ser o senhor Luís Inácio LULA da Silva!
Outra coisa, afirmar que a "turma da Dilma" é pacífica, como ele explica a presença de dois de "seus amigos do peito" entre os agressores de Serra? Onde está o direito de ir vir do cidadão, principalmente de um candidato à Presidência da República? Ou a gangue petralha estava ali no caminho da passeata por simples coincidência?
Onde uma palavra de crítica do senhor presidente aos componentes da "turma da Dilma" por sua atitude agressiva?
Quanto a dizer que a turma da Dilma é de paz, que trabalha, paga imposto de renda e sustenta esse país, sem comentários...

RASTRO DE MOLECAGEM - FRANCISCO RIBEIRO MENDES


Dom, 24 de Outubro de 2010 09:30
Por Francisco Ribeiro Mendes, leitor do Estado de S.Paulo

Há oito anos, o rastro da molecagem está pelas ruas das nossas cidades, como aquela agressão que o candidato à Presidência José Serra sofreu no Rio de Janeiro. Mais do que uma "farsa" ou uma "mentira descarada", como disse o defensor daquele ato censurável, foi um rastro de molecagem.
Mas é tudo uma questão de entender. Se seguirmos esse rastro, vamos ver que a molecagem sai de onde são tratados os negócios públicos deste país: dos palácios, dos ministérios, das secretarias e das diretorias dos órgãos federais, estaduais ou municipais. O rastro da molecagem está nas trilhas de um governo representado por pessoas que desfilam de sunga pelos corredores de palácios; que fazem gestos obscenos diante das câmeras de TV; que dançam em plenário para comemorar impunidade de colegas que roubam a Nação; que mandam a população relaxar e gozar para superar uma crise; que usam dinheiro público para fazer turismo e comprar tapioca.
O rastro da molecagem está pelas estradas do País, onde, a cada dia, mais e mais pessoas morrem ou são mutiladas, por falta de conservação, de sinalização e de fiscalização; está no transporte urbano, sucateado e pirateado; e está na falta de investimentos nos setores produtivos e de tecnologia. O rastro da molecagem está nos hospitais sem leitos, sem médicos, sem equipamentos e sem remédios; está nas creches abandonadas com crianças doentes, desassistidas e famintas; e está no desrespeito aos aposentados, que a cada dia perdem um pouco daquilo que conquistaram com seu trabalho.
O rastro da molecagem está nas portas das escolas invadidas pelo tráfico de drogas e falidas por falta de assistência governamental; está na falta de segurança, onde a população já se sente rendida à bandidagem; está nos atestados de óbito daqueles que perderam a vida por balas perdidas; está nos arrastões, à luz do dia, nos grandes centros; e está também na baixaria dos militantes do partido do governo em época de eleição.
O rastro da molecagem está num plano de governo fajuto, com um assistencialismo barato que, além de não erradicar a pobreza, fomenta uma sociedade de malandros comprometida com a obrigação de eleger políticos populistas e anarquistas que não se importam com a vida de vadios e de moleques que levam; está na conduta dos "companheiros" que invadem terras alheias e promovem vandalismo no campo e nas cidades; e está na conveniência de um governo em facilitar, com recursos públicos, o enriquecimento de amigos e de parentes próximos. O rastro da molecagem está na ação dos indivisos amigos de um presidente, que carregaram dinheiro na cueca para construir a fama do seu líder; está nos atos de aloprados, da confiança do presidente, que roubaram a Nação com seus mensalões; está nos caminhos por onde andaram os Waldomiros, os Dirceus, os Paloccis, os Jucás, os Valérios, os Guschikens, os Mercadantes, os Genoinos, os Okamotos, os Sarneys, os Collos, os Calheiros, as Erenices da vida, que se uniram para assaltar o Brasil; e está, principalmente, nestes laranjas do poder que ganham a vida aprovando calote contra o povo.
O rastro da molecagem está na preguiça de um presidente que terceirizou seu governo para ONGs e sindicatos, para poder viver de passeios pelo mundo com sua turminha de aduladores, a contar vantagens e pregar mentiras para ganhar popularidade; está na prática de esconder a realidade do regime fascista e debochado que adota; e está no exemplo vergonhoso de censurar jornais que não costumam esconder a verdade.
O rastro da molecagem está na malversação dos recursos públicos; está na ação de um governo que cria 20 mil cargos comissionados para promover o empreguismo entre sua militância partidária e depois sair dizendo que gerou empregos; está na gestão de um mandatário que colocou o Brasil entre os piores do mundo no ranking da corrupção; e está na maneira cômoda de não se importar em ver o país em 75.º lugar na avaliação do Índice de Desenvolvimento Humano do seu povo. O rastro da molecagem está nas desculpas esfarrapadas de um governante para tentar justificar o injustificável; está na manha de descarregar-se da culpa imputada pelos desastres que aconteceram no País; e está na habilidade de minimizar tragédias que ocorreram por falta de capacidade de criar uma política de prevenção.
O rastro da molecagem está nos propósitos de um chefe de Estado que ignora as necessidades básicas do seu país e sai pelo mundo a oferecer empréstimos a países endividados ou afetados por crise financeira, só para ser chamado de "o homem do ano", "estadista global", "político mais popular do mundo" ou até mesmo de "o cara"; e está num governo que financia construções de pontes e hidrelétricas noutros países, ignorando os calotes que já levou, em troca de popularidade. O rastro da molecagem está na política externa, desastrosa, de quem usou a Embaixada do Brasil para fazer terrorismo em defesa de um presidente deposto de outro país, que nem sequer faz fronteira com o nosso; está na megalomania de um mandatário de se intrometer em assuntos internacionais, dizendo-se mediador de causas que não nos dizem respeito, com o intuito de se promover; está na mania de aparecer para o mundo na esperança de ganhar notoriedade, ignorando sua mediocridade; e está na irreflexão de um chefe de Estado em firmar laços de amizade e selar acordos com ditadores e terroristas temidos e odiados em todo o mundo, com objetivos midiáticos.
O rastro da molecagem está no costume de um presidente de comprar votos para se reeleger; está no caradurismo de financiar um filme sensacionalista para se promover; e está no hábito de falar besteiras para se passar por pessoa simples e merecer compaixão. Por fim, o rastro da molecagem está na conduta de um presidente que se acha honesto só porque não viu nada, não ouviu nada e não ficou sabendo que seus amigos assaltaram o País durante os oito anos em que ele o governou.

sábado, 23 de outubro de 2010

A ROUPA INVISÍVEL DO REI



Hans Christian Andersen, contista dinamarquês, criou uma estória em que um Rei muito vaidoso acabou sendo vítima de dois espertalhões que o convenceram a desfilar com roupas inexistentes, sob a alegação ardilosa de que o tecido que usavam na confecção das vestes reais só seria visível aos olhos de pessoas inteligentes.

Não apenas o Rei, mas todos que com ele trabalhavam se sentiram constrangidos a admitir que o tal tecido mágico lhes era invisível, posto que isso equivaleria a assumir sua própria ignorância.

Assim, o Rei saiu pelado às ruas e o povo ­– informado sobre a invisibilidade do tecido àqueles menos inteligentes – preferiu elogiar as vestes inexistentes a admitir sua inferioridade.

A única exceção foi uma criança que – na pureza de seus sentimentos –, exclamou, surpreendida:

- ”O rei está nu!”

E só então as demais pessoas acreditaram naquilo que seu olhos (não) viam…

Temos, no trono, um Rei vaidoso. Ao seu redor, um grupo enorme que teme contrariá-lo, até porque o Rei se (re)veste com um tecido mágico que lhe dá uma popularidade quase unânime, que ninguém tem a coragem de não enxergar.

Como também não enxerga – o Rei, inclusive – qualquer falcatrua dentro do Reino.

Há, na versão brasileira do conto de Andersen – um segundo tecido mágico que encobre qualquer desvio de conduta das pessoas ligadas ao Rei. Se um ato desonesto qualquer vem a Público, o tecido mágico garante que ele seja considerado boato, mentira, invencionice, fraude ou golpismo. Tudo que não se admite é que sejam fatos verdadeiros e comprovados.

No entanto, na última semana, parte das roupagens do Rei foram anuladas pelo resultado das urnas no 1º Turno das eleições presidenciais. O tecido que garantia a popularidade imensa do Rei se revelou inexistente. Alguns eleitores – com sua espontaneidade resistente às pressões do marketing político e das pesquisas eleitoreiras – começaram a bradar, com seus votos, a inexistência da aprovação generalizada de tudo que o Rei tem feito nos últimos anos. Agora só falta desnudá-lo por completo, gritando, em alto em bom som:

- ”O Rei está nu!”

Nesse momento, mais importante do que eleger ou não a herdeira do Rei, é assumir a verdade daquilo que esse Reinado representou para o país. Não há Bolsa-Família que compense a fortuna que já foi desviada dos cofres públicos. Com os valores bilionários que têm sustentado famílias inteiras de petistas e agregados, todos poderíamos ter hospitais bem aparelhados, escolas de excelente qualidade, infra-estrutura decente – em suma, um país com serviços públicos correspondentes aos altos impostos que pagamos ao Rei.

Que o 2º Turno permita que a maioria do povo finalmente enxergue as verdadeiras vestes do Rei e de seus seguidores…


Fonte- web - adaptação do conto de Hans Christian Andersen (desconheço o adaptador)