Governo é incompetente na
gestão e vive de propaganda, afirma Alvaro DiasAo analisar,
na sessão plenária desta segunda-feira (10/06), a recente pesquisa Datafolha,
que revelou uma queda de oito pontos na popularidade da presidente Dilma, o
senador Alvaro Dias salientou que no Brasil atual vive-se um período de grave
inversão de prioridades. Segundo o senador do PSDB do Paraná, a avaliação do
desempenho do governo federal não se dá em razão do seu sucesso ou insucesso de
gestão e sim, primordialmente, por conta da qualidade da propaganda oficial. “Se
há uma sensação de bem-estar coletivo, aprova-se os governos, mesmo que eles
sejam absolutamente incompetentes e desonestos. Temos que fazer essa
constatação. Não se trata de comemorar se a presidente Dilma sofreu uma queda de
oito pontos na sua popularidade. Trata-se, isto sim, de analisar o que está
acontecendo no Brasil”, afirmou Alvaro Dias. Um dos problemas destacados por
Alvaro Dias que comprometem a eficiência da administração Dilma está na falta de
seriedade e competência com que são tocadas as obras públicas. O senador citou
no Plenário declarações recentes de ministros do governo federal, que tentam
justificar o abandono dos projetos executivos das obras e a demora na sua
conclusão, apesar da constatação de que existem recursos disponíveis para os
projetos. Para Alvaro Dias, as declarações dos ministros representam a prova
cabal da irresponsabilidade pública com a questão ética no País. “Verificamos,
há poucos dias, uma ministra justificando que não havia projeto executivo porque
a obra era mais importante. A obra é importante, mas o projeto executivo também
é importante para evitar o sobrepreço e o superfaturamento da obra. Portanto, a
declaração é irresponsável, o dinheiro público é jogado pelas janelas da
incompetência e da desonestidade. Ainda nesse domingo, nós ouvimos outro
ministro afirmando que dinheiro o governo tem, mas as obras não acontecem por
falta de competência nos últimos anos. Ou seja, é o reconhecimento de um
ministro do atual governo que, aliás, já tem 10 anos ou mais. O governo
reconhece que os recursos existem, mas por incompetência dele próprio, não
conseguem usá-lo. Por isso, é nosso dever despertar os olhos dos que prestam
menos atenção ao que está ocorrendo no Brasil”, afirmou o senador Alvaro Dias. O
senador do PSDB, em seu discurso, criticou também o governo por desrespeitar
compromissos assumidos, especialmente com relação às obras não realizadas.
Segundo o senador, dos R$ 130 bilhões que seriam destinados para obras neste
ano, apenas R$ 22 bilhões foram aplicados, o que equivale a 17%. “Nós ficamos na
dúvida porque, em determinados momentos, nós ouvimos que faltam recursos, que os
recursos são escassos. Especialmente quando se fala de saúde pública, de
educação, de segurança pública, a justificativa é a de que os recursos são
insuficientes, mas nós ouvimos ministros afirmando que os recursos existem”,
disse. Alvaro Dias citou algumas obras prometidas pelo governo Dilma e até hoje
ainda não entregues à população, tais como: a Ferrovia Norte-Sul; a
Transnordestina; a Ferrovia Oeste-Leste; as estradas federais; a Transposição do
Rio São Francisco. Alvaro Dias lembrou que, todos os anos, ministérios devolvem
ao Tesouro Nacional recursos que não foram gastos, sinal de que compromissos não
foram cumpridos. “Não podemos quantificar o prejuízo quando se trata da perda de
seres humanos, como vimos ontem [domingo], na televisão, um pai afirmando que se
a obra tivesse sido concluída no tempo prometido sua filha poderia estar viva.
Enfim, essa é uma questão que afeta todos os brasileiros, certamente”, lamentou.
Eleição no caminho Alvaro Dias também criticou no Plenário a “deterioração das
contas públicas”, com desonerações e empréstimos concedidos pelo governo
federal. O senador citou o alerta do economista Mansueto de Almeida, do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que aponta desequilíbrio
causado pela “agenda de curto prazo" do governo. Essa agenda de curto prazo, na
opinião do parlamentar, tem como objetivo as próximas eleições. “A marca deste
governo é a de operar no curtíssimo prazo em busca da aprovação popular,
tentando frear o declínio da popularidade que se esvai. Planejamento estratégico
é uma expressão banida na gestão da presidente Dilma. O economista Mansueto
Almeida lembra que o montante de empréstimos do BNDES concedidos em 2009
passíveis de equalização pelo Tesouro totalizam R$ 44 bilhões. Em 2013 o
montante é de R$ 320 bilhões. Para ele, boa parte dessa despesa está sendo
postergada para o próximo governo, que vai assumir num cenário de superávit
primário menor, despesas correntes elevadas e baixa arrecadação. Ou seja,
praticamente não terá espaço fiscal”, afirmou. Além dos gastos excessivos, com
redução da meta de superávit primário, Alvaro Dias citou outros problemas por
que passa a economia no Brasil, e que denunciam a falta de estratégias para
combater as dificuldades atuais: 1. Inflação em alta (projeções por volta de
6%); 2. Redução da meta do resultado superávit primário; 3. Crescimento do
déficit em conta corrente (3% do PIB em 12 meses); 4. Atrasos no cronograma de
concessões das rodovias e ferrovias; 5. Forte redução no saldo da balança
comercial (menos de US$ 10 bilhões projetados para 2013 e 2014 – pior resultado
dos últimos 12 anos); 6. Fraca recuperação da indústria; 7. Valorização do dólar
devido à recuperação em curso da economia americana; 8. Crescimento fraco do
PIB. “Como disse o poeta, ´no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra
no meio do caminho…´. No caminho a ser percorrido, essa pedra tem nome: eleição.
Ou seja, se o governo ficar muito preocupado e adotar novas medidas com o foco
no curto-prazo, corre-se o risco de piorar ainda mais o cenário para o médio
prazo”, finalizou o senador Alvaro Dias.