sábado, 1 de outubro de 2011

VAZÃO À MINHA INDIGNAÇÃO - CAMILO VIANA


LIVRE CIRCULAÇÃO AUTORIZADA PELO AUTOR DO TEXTO.
Assisti hoje pela televisão ao lançamento de um projeto chinês, foguete para a colocação de satélites no espaço, evento desenvolvido e realizado por poucos países, com preciosas qualidades de defesa ou ataque.

Muito bem! Penso que não estamos prestando a atenção devida ao que os chineses vão mostrando ao mundo depois da revolução cultural liderada por Mao Tsé Tung, continuada por Deng Xiaoping, incentivador das zonas econômicas especiais e o extraordinário desenvolvimento daquele país a ameaçar hegemonias.

Recentemente diretor da Fiat Automóveis – alguns sabem (mais em razão de custos, quanto a qualidade não falamos) os carros da Fiat estão com mais de 35% de componentes fabricados na China – e amigo nosso em visita aqui em casa, contou-me fatos bem interessantes sobre o regime chinês e alguns costumes. Um deles é que todo casal chinês tem direito a uma casa dada pelo governo, as demais, se as quiser são compradas com o próprio trabalho. Lá se troca menos dinheiro por mercadorias, e, equivalendo-se, o menor salário corresponde a 1200 reais; a escola é obrigatória, grátis, e os pais são os responsáveis pelo desenvolvimento escolar. Pode custar-lhes severas punições a vida escolar do filho. A saúde é tão eficiente quanto à decantada de Cuba, e exigências de produção muito mais ao nível de indústrias, trabalho artesanal, sendo o verbo preferido e mais conjugado, o produzir.

Não poderia deixar de lado perguntar como se comporta a juventude. Realçando os rígidos princípios de respeito aos mais velhos, afirmou não ter visto problemas com drogas. Músicas alienantes também são tocadas sem domínio e preferência como a histeria que aqui assistimos. Prevê uma China, daqui a cinco anos em paralelo com as grandes potências e ressaltou o tratamento granítico dado aos que fogem dos princípios éticos, que todos sabemos como é.

Agora me pergunto: que raios de país é o nosso, possuidor de todos os minerais estratégicos, de ferro e bauxita em abundância, ouro, prata, pedras semi e preciosas, clima favorável a agricultura, milhares de recursos hídricos, rios com capacidade hidroelétrica fantástica, aqüíferos de norte ao sul, terras férteis e sem fenômenos climáticos traduzidos em furacões ou tornados, e tantas dádivas da natureza, a encontrar-se no estágio atual?

Cercados de senhores políticos e assessores em cuja qualidade moral a linhagem jamais encontrou guarida, assim o dirigem o país com imenso deboche e desrespeito, sem jamais se preocuparem com anseios das ruas, com o amanhecer amanhã ou mostrar um mínimo de dignidade. O grande Estado, Sarneybarjão, tem mais de 500 registros em prédios e vias públicas com nome do patriarca e parentes. Impassível, preside o Senado Federal. E outros tantos exemplos iguais ou de volume menor.

Tem futuro esta vasta juventude alienada, desinteressada, a idolatrar o que de ruim nos enviam nossos parceiros (quem criou copias de Cds, Dvds, , falsificação de calçados e roupas jeans, e tantos outros atrativos de delinqüência?), a vibrar com o desempenho dos enlouquecedores sons metálicos ou de percussão emitidos por grupos de rock, que se apresentam bêbados ou drogados, e a se postar aos milhares a balançar os braços em frenéticos, acenos como se observa no rock em rio ?

A saúde, a segurança, o transporte, a escola, políticas básicas, um horror. A crescente onda destruidora ou mortífera pelo consumo de tóxicos; fronteiras abertas, orla desprotegida, aglomerados onde a promiscuidade é a predominante. Prostituição infantil, juvenil e adulta, a mostrar os resultados da permissividade induzida por emissoras de televisão. Veículos de comunicação comprometidos com verbas públicas, políticos vistos como estercos do mesmo curral, sem nenhuma simbiose com os anseios da parte que produz.

Judiciário, onde por decisões prolatadas, repletas de camafeus e filigranas jurídicas, o marginal se vê livre das punições, candidamente agasalhados por escritórios de elevadíssimos custos e absolutamente apegados ao destemor.

Freqüentemente no entender dos togados, a polícia federal merece reprimendas quando descobrem desvios de conduta de peixes grandes. E tem mais: Delegados sérios são achincalhados por arritmia das regras de bondade e ternura que exigem os meritíssimos no tratamento aos delinqüentes.

Entendem sempre o dever de punir e promover divulgação dos atos praticados fora das folhas da cartilha, recursos mundiais usados para comprovar a periculosidade dos malfeitores amigos do peito dos poderosos, enquanto estes dispõem de estratégias e rede de proteção.

Da polícia exigem cumprimento das regras rígidas, aos marginais a benevolência da interpretação do texto da lei da desfiguração mais favorável, Não comove a ninguém o número de assassinatos, latrocínios, nem o de vítimas nas estradas, somados, próximo de 100 mil a cada ano, nem o colóquio que desvia bilhões.

Se for assim que a banda toca, se assim é que aqueles, antes adeptos e aplaudiam o movimento militar, hoje virando a casaca, afirmam tratar-se de período negro da ditadura do qual estamos livres, e a custar fortunas indenizatórias aos anjos, curvamo-nos candidamente; quando subversivos viraram salvadores da pátria e ao assistir passivos e horrorizados o que aí está, temos de admitir que a democracia no país está decadente, é perniciosa, favorável a grupos e senhores, estamos em veloz derrocada.

Só mesmo em futebol, onde se gastam 35 bilhões por uma copa, se ouve o cantar do Hino Nacional. Projeta-se trem bala ao custo de 45 bilhões, certamente dinheiro da sobra dos aplicados em serviços essenciais.

Enquanto isto os crimes hediondos, os lesa-pátria, os engodos, as mentiras, as promessas não cumpridas, o desassossego dos bons aumenta a cada dia.

Observe: apreciamos adotar os piores exemplos. Dizem que o ex-presidente é alcoólatra. Discordo. Nenhum alcoólatra agüenta beber o que ele bebe (esta frase é do escritor inglês C.P. Snow, referindo-se ironicamente a Churchill) .

E de 51 em 51, doses de manutenção, faz o maior sucesso por onde anda e fala.

Camilo Viana

29 de setembro de 2011.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"BANDIDOS DE TOGA" - JÚLIO FERREIRA


"BANDIDOS DE TOGA": AFINAL, POLÊMICAS À PARTE, O IMPORTANTE É SABER SE A DECLARAÇÃO É FACTÍVEL...


É impressionante como os brasileiros, diante de qualquer questão minimamente polêmica, costumam cultivar uma ridícula capacidade de prestar extrema atenção ao supérfluo, deixando de lado o núcleo do objeto em discussão. Um bom exemplo dessa característica social está registrado nesse "furdunço" causado pela declaração da ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional Justiça, de que no Brasil existiriam "bandidos de toga", referindo-se claramente a alguns membros do judiciário que aviltariam o direito de "distribuir Justiça", transformando-o em um em mero "meio de ganhar a vida".

Como geralmente acontece nesses casos, estão discutindo o assunto sob uma ótica obtusa, pois estão muito preocupados em determinar o nível de provável ofensa que possa ter sido cometida pela ministra contra os membros do Judiciário, mas deixam de lado a questão de que a mesma, até mesmo por ser corregedora do CNJ, tendo, portanto, profundo conhecimento dos “usos e costumes” do Poder Judiciário, possa estar certa em sua afirmativa.

Será que não está na hora do Judiciário ficar menos ofendido com o fato da ministra Eliana Calmon ter usado o termo “toga”, e dar um pouco mais de atenção a pertinência do uso do termo bandido? Ou será que na visão dos que fazem o Poder Judiciário, o simples uso da toga teria o "poder divino" de alterar a índole de um magistrado, obrigando-o a ser "mocinho"?

Júlio Ferreira
Recife - PE
E-mail: julioferreira.net@gmail.com
Blog: www.ex-vermelho.blogspot.com/

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

SURPRESA?

Beto Barata/AE

A corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon


Tão acostumados estão a passar por cima da lei, de prevaricarem, a se protegerem mútua e impunemente que causou surpresa ao Tribunal de Justiça as declarações da corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon de que a magistratura hoje “está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga”.

Interessante como estes senhores togados não lêem jornal, não ouvem noticiário, programas humorísticas e nem sequer novelas, pois até mesmo nelas espocam as críticas ao dito tribunal.

O povo está cansado de sentir na própria pele a falta de justiça que campeia no pais, processos do cidadão “comum” levam anos para serem julgados enquanto o dos políticos e dos cidadãos especiais como Sarney, Collor e outros são julgados em tempo recorde, como há dias o processo em que figurava Fernando, o filho do Sarney, no Chamada Boi Barrica. Quanto ao processo do Estadão, até hoje está parado.

Outra coisa, a corregedora não disse nada que não fosse do conhecimento do povão, é preciso sim, uma ação forte para restabelecermos a credibilidade na “Justiça” que quando pune um juiz, o faz com a aposentadoria compulsória, o que na realidade, é um prêmio, pois o magistrado goza de todas as benesses de uma gorda aposentadoria vitalícia.

É interessante registrar as declarações da própria Eliana Calmon: 'Sou juíza que teme precisar da Justiça'. Ela é uma vítima da morosidade do Judiciário brasileiro. Há quatro anos, após a morte de seu pai, ela espera que a Justiça conclua o inventário. Mas, como ela mesma define, este foi mais um caso que caiu nas "teias do Poder Judiciário".




Publicada nos jornais: Estado de São Paulo e Diário da Manhã de Goiânia em 30/09/2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

MÁGOA - PADRE PAULO M. RAMALHO



A mágoa é um sentimento que surge de uma ofensa não perdoada. Com certa frequência somos ofendidos por alguém, mas nem sempre está ofensa gera uma mágoa. Muitas vezes brota logo o perdão e mágoa nem sequer deita raízes. Há pessoas que inclusive desconhecem a mágoa.

No entanto o normal é que tenhamos que lutar para não ter mágoas.

Como uma pessoa sabe que tem mágoa de alguém? É simples: se ainda não a perdoou ou se ao se lembrar da ofensa sofrida vem com a lembrança maus sentimentos: tristeza, desejo de vingança, humilhação, etc.

O que Jesus Cristo nos diz sobre a mágoa? O mesmo que diz sobre o perdão: que devemos perdoar as pessoas; e não apenas sete vezes, mas até setenta vezes sete. O número sete para os judeus era o número da perfeição. Portanto, quando Cristo fala setenta vezes sete é o mesmo que dizer “sempre”, “infinitas vezes”. Se devemos perdoar “sempre”, nenhuma mágoa deve deitar raízes.

Além disso, Cristo sabe, e nós também por experiência pessoal, que a mágoa é profundamente daninha para alma. De fato, a mágoa:
- envenena a alma de quem a guarda; e isto é assim porque a mágoa:
- tira a paz da alma;
- vai destruindo pouco a pouco o amor que há no nosso coração;
- gera o ódio, o desejo de vingança;
- faz perder a confiança nas pessoas, etc, etc.


Pensando em todos estes males, nada é mais libertador do que perdoar, do que tirar todas às mágoas do coração!!! Perdoar é um verdadeiro bálsamo para a alma, é um voltar à vida!!!

A esta altura alguém poderá dizer: mas como não ter mágoas de ofensas terríveis? De fato há ofensas que são tremendas, verdadeiras aberrações. E, nestes casos, compreende-se que o perdão torna-se bastante difícil, quase impossível. No entanto perdoar é declarar a vitória do amor.

Façamos o propósito de ser mais humildes, pois as mágoas são proporcionais ao tamanho do nosso orgulho. Quanto mais orgulhosos somos, mais mágoas guardamos no nosso coração. Isto é assim, pois os orgulhosos se julgam muito importantes e ai daqueles que o ofendem!

Façamos o propósito de tirar todas as mágoas do nosso coração e reinará a paz na nossa vida.