sábado, 29 de janeiro de 2011

REVOLTA NO MUNDO ÁRABE


Nos últimos dias a imprensa internacional, o rádio, a TV têm noticiado a revolta no mundo árabe contra os governos autocráticos e corruptos, aliados por lideranças igualmente venais e corruptas que esperam apenas levar vantagem no poder, pondo de lado o interesse de seus países e de seus povos.
Tem acontecido no Sudão, no Egito, no Sultanato de Omã, na Jordânia, no Iêmen, na Tunísia, no Marrocos e em outros países onde os governantes pensam apenas em si, no poder pelo poder e aquisição de incalculáveis riquezas enquanto o povo passa por igualmente incalculáveis agruras e misérias.
Porém, sobre o que se passa no Sahara Ocidental, mais precisamente em El Aaiun, desde a destruição do acampamento montado no deserto pelo povo saharaui como uma forma pacífica de protesto pela falta de seus direitos básicos, amplamente e indevidamente negados pelo Marrocos, onde o Rei e sua corte também são acusados de enriquecimento ilícito, abuso de poder e outros delitos, nada foi noticiado.
Como se trata de um povo humilde, pobre e onde na há tantas riquezas que interessem às grandes potências, tudo fica por isto mesmo. Salvo alguns blogs de pessoas preocupadas com os “Direitos Humanos” e alguns órgãos da imprensa espanhola o mundo desconhece os padecimentos deste povo, cujo país foi invadido há anos e que a ONU, omissa e covarde, com acordos firmados inclusive com o invasor, nada faz para que estes acordos sejam cumpridos.
Numa série de crônicas neste blog relatamos parte da incrível odisseia deste povo, seu indescritível sofrimento, as humilhações das famílias, os impunes assassinatos, as violações, as prisões arbitrárias, os espancamentos e torturas, foram expostos os comentários dos leitores, relatados os apelos às autoridades e à imprensa, infelizmente, nada conseguimos de positivo com as grandes potências que não tem interesses econômicos na região, contudo, o próprio povo humilhado acabou por se revoltar e tentar por abaixo aqueles reis, sultões, ditadores, presidentes fajutos e outros mandatários corruptos... que Deus os ajude e, quem sabe, este movimento acabe por ajudar o povo saharaui!!!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

OS FATOS, ORA OS FATOS - CARLOS BRICKMANN

Do Observatório da Imprensa Circo da Notícia - Coluna de 25 de janeiro


Por Carlos Brickmann -

Os fatos, ora os fatos

Estamos comemorando o aniversário da maior cidade italiana depois de Roma, da maior cidade japonesa fora do Japão, da maior cidade nordestina do Brasil. A cidade que é chamada de bairrista e elitista, mas teve entre seus prefeitos dois negros, uma nordestina, um matogrossense, dois fluminenses, um filho de imigrantes libaneses, um neto de imigrantes libaneses. É a capital de um Estado que colocou como seus representantes na Presidência da República dois fluminenses, um pernambucano e um matogrossense. Que, entre os diversos ditadores que assolaram o país, pode orgulhar-se de dizer que nenhum nela nasceu, nem cresceu, nem se familiarizou com sua vida.

E, no entanto, boa parte da imprensa diz que São Paulo é uma cidade preconceituosa, capital de um Estado preconceituoso. Sempre há, nas mentiras, um toque de verdade: os paulistas costumam chamar todos os nordestinos de "baianos" (já os cariocas sempre preferiram chamá-los de "paraíbas"). Adhemar de Barros usou a origem matogrossense de Jânio para torpedear sua candidatura, mas Jânio venceu a eleição. Quércia era conhecido como "calabrês", Mário Covas como "espanhol", Maluf como "turco", mas todos eles foram vitoriosos nas urnas.

Uma das coisas mais impressionantes, entre muitos jornalistas, é a falta de informações sobre São Paulo.

Há muitos anos, quando o Rio comemorou 400 anos, o governador Carlos Lacerda mandou fazer um imenso bolo de aniversário. Um garoto de São Paulo escreveu a Lacerda, pedindo que lhe enviasse um pedaço do bolo. Lacerda, excelente marqueteiro, preferiu mandar ao garoto três passagens para o Rio - ele, o pai e a mãe comeriam o bolo pessoalmente, a seu lado. Um jornal carioca mandou a pauta para a Sucursal paulistana, dando o endereço do menino, na rua Duque de Caxias. Na cidade de São Paulo havia na época cinco endereços possíveis, entre ruas, avenidas, praças e largos. E nada do garoto.

Houve as piadas de praxe ("desculpe termos mandado poucas informações, só o nome e o endereço, da próxima vez mandamos também a foto") e, no dia seguinte, veio no próprio jornal a informação completa: o garoto morava em Amparo, a 125 km da capital. O pauteiro era jornalista dos bons, mas não sabia que São Paulo tinha mais de 500 municípios, alguns a centenas de quilÃ?metros da capital, todos com rua, praça e avenida Duque de Caxias.

Um repórter nordestino trabalhou por muitos anos em São Paulo. Certo dia, viajou para Ribeirão Preto. Voltou impressionadíssimo: pensou que o Interior fosse uma região agreste, e encontrou uma área riquíssima da qual não suspeitava, com agricultura próspera, indústria, comércio ativo. Era outro mundo.

Certa vez, Juscelino Kubitschek se queixou a Ulysses Guimarães de que São Paulo só gerava monstros políticos. Mas o próprio Ulysses não foi um monstro político. Foram políticos paulistas como ele, como Franco Montoro, como Olavo Setúbal, como AntÃ?nio Ermírio, que desistiram de seus sonhos presidenciais para juntar forças em volta do mineiro Tancredo Neves.

Cabe aos meios de comunicação buscar mais informação e exibir menos preconceito. A campanha divisionista, preconceituosa, que fez parte da luta pela Presidência, não é boa para ninguém e é péssima para o país. Não há vitória eleitoral que valha a estupidez do preconceito antipaulista. E que melhor ocasião do que o 457º aniversário da cidade criada pelo cacique Tibiriçá, pelos três notáveis jesuítas Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e Manoel de Paiva, pelo judeu João Ramalho e sua esposa, a índia Bartira, filha de Tibiriçá, para lembrar à imprensa que este país é um melting pot que só tem sentido se recusar preconceitos?
PRA FRENTE BRASIL!_.___






domingo, 23 de janeiro de 2011

SONHO DE LIBERDADE - DOCA RAMOS MELO




Ainda não entendi bem a implicância de parte do povo brasileiro com o Battisti. Por que será que existe tanta má vontade com o pobrezinho do italiano? Por conta daquela cara sempre debochada, com um meio sorriso sarcástico, debochado, safado, afivelado no jeitão dele em todas as aparições e fotos, não pode ser, não acredito, pois temos muito mais gente cínica por aqui, inclusive com poder de mando no país, nos governos, e ditando regras mesmo para Estados miseráveis com população desdentada e cheia de vermes, e nem por isso invocam com essas santas pessoas, né não? Pelo contrário, na maioria das vezes, endeusam essa tropa – deve ser aquela síndrome que acometeu a filha do Sílvio Santos, quando de seu seqüestro...

Mas, quando o brasileiro encana com alguém, sai de baixo! Normalmente receptivo, gente boa e pouco exigente para certos detalhes, uma vez tendo cismado com o sujeito ou a sujeita, pronto, é um Deus nos acuda! Começa a perseguição, como fizeram com o ZéDirceu, aquele que garantiu: “O PT não rouba e não deixa roubar”, infeliz dele.

Da minha parte, sou favorável a Battisti, até porque ele tem aquela carinha deveras ordinária que me lembra, de certo modo, as tirinhas do Henfil, que saudade... Além disso, de que o acusam, afinal? De meia dúzia de mortes, me parece, mas ninguém para para pensar que se tratou de ideologia, de filosofia política, o italiano não tinha como fazer diferente. Além disso, a Itália está lotada de gente, quem vai reparar em algumas baixas? Sim, sei que existe um compatriota dele amarrado pelo resto da vida a uma cadeira de rodas em função dos ataques do acusado, porém, são os riscos de qualquer guerra, minha gente, é isso aí.

Fica, Battisti.

Deixem o Battisti em paz.

Soltem o Battisti.

Como vocês veem, estou em campanha, afinal afino meu ideal de justiça com o (triste memória, vade retrum!) do filho do Brasil que, no apagar dos refletores, mandou que todo mundo deixasse o Battisti aproveitar o mesmo sol tropical ao qual fez jus nosso renomado hóspede Ronald Biggs, o assaltante inglês. Só falta agora o governo conceder a ele um Bolsa Estrangeiro Acusado de Crimes, num valor simbólico de R$ 20 mil mensais – afinal, ele precisa tomar bons vinhos italianos para reverenciar suas origens, portanto carece de incentivo monetário. Depois, se ele for mesmo bem esperto como aparenta, bota sua assessoria para cuidar dos negócios e da agenda, pois deverá ganhar uma baba dando palestras sob temas do tipo “Mate uns e outros na sua terra, fuja para o Brasil e saiba o que é que a baiana tem” ou “Seja um feliz refugiado e valorizado pelo governo no país de Chico Buarque”. Ou ainda “Das facilidades para viver um vidão em ordem e progresso”. Bom, ele ainda terá de fazer aulas de samba no pé e arrumar uma mulata bunduda com quem tenha filhos brasileiros, mas isso é mole. Aí, é sair para o abraço e ganhar programa na tv.

Ah, deixem o Battisti dar consultoria nos presídios de segurança máxima. Ali, há grandes talentos desperdiçados pela sociedade preconceituosa nacional, gente do naipe de Fernandinho Beira-Mar, Elias Maluco, Susane Rishtoffen, Goleiro Bruno, etc. Por que razão não burilar esses potenciais, dar-lhes o desenvolvimento merecido, fazer deles novas celebridades? Seria oferecer à população padrões de sucesso, exemplos para a infância e a juventude.

Mas... Não! Vem a parcela rançosa dos brasileiros e inventa de meter o cacete no Battisti, todo mundo querendo que ele volte para a Itália, até mesmo o governo de lá faz questão que o Cara Cínica volte aos domínios de Sophia Loren, que coisa mais chata isso.

Ainda bem que O Cabra assinou a favor do italiano, afinal ele ama o Brasil como poucos nascidos aqui o fazem e já deu mostras disso, escolhendo nossos solos para fincar seu futuro. Por que não dar valor a essa escolha tão amorosa?

A assessoria de Battisti também não me parece grande coisa (recomendo Duda Mendonça, que tem mais experiência no setor), pois não soube aproveitar o gancho das enchentes nas serras do Rio, ora bolas. Por que não o colocaram lá, enlameado e de botas, a salvar aquelas pobres almas que tudo perderam nas águas e no barro? Aposto que, se o filho de Dona Lindu ainda fosse (Deus afaste de mim esse cálice e esta garrafa de água de passarinho não bebe) o presidente desta escola de samba, não teria deixado passar tamanha oportunidade de divulgação, ele nunca perdeu esse tipo de chance, foi sempre um ás na construção de um personagem. Entretanto, o rei do marketing aposentou-se e a nova presidente tem estilo contido (graças aos céus!), aí deu nessa lambança danada, com Battisti sendo injustamente execrado pela opinião pública. Por isso mesmo, eu gostava mais quando o metalúrgico era a voz, o verbo, o sangue e, acima de tudo, a opinião popular, ô tempo bão, sô! Agora, a gente tem de se esfolar para opinar por nós mesmos, porque a chamada “presidenta” (há termo mais feio que esse?!), nova “gerenta” do Planalto, não diz o que nós temos de pensar, fazer, engolir, digerir, de sorte que estamos meio sem rumo, confesso.

Nesse cenário, vaga Battisti, pobrezinho, como se ele fosse o único bandido alojado neste país de sarneys, novais, collors, jucás, roriz, calheiros, malufs e companhia bela. Acho que o Papa tem de fazer alguma coisa, tomar providências urgentes, ou vai virar bagunça. P’ra nós, honestamente, um meliante a mais (ou um a menos) não faz a menor marolinha...

DOCA publicou esta crônica em:
http://www.papolivre.com.br