sábado, 21 de novembro de 2009

O CABOCLO E A SUCURI.

Há dias foi veiculado pela imprensa que um jovem, atacado por uma sucuri de grande porte, lá pelas bandas de Tabatinga, com muita luta e estando sua vida em perigo, sacando de sua faca conseguiu matá-la. Eis que então, um fiscal do Ibama, impávido defensor do meio ambiente sapecou-lhe uma multa de R$ 800,00 por haver abatido o bicho. O assunto foi para Internet e acabou rolando pelo mundo fazendo mais uma vez nosso pais servir de chacota. Será que o tal fiscal queria que o pobre rapaz, ao invés de esfaquear a cobra que o triturava com seus fortíssimos anéis, passando a mão na cabeça do bicho pedisse: -Me larga benzinho, você está me machucando, assim não dá!. Ora bolas, tem gente que não se toca, quer ser mais realista que o rei. Será que isto serviu para a causa da Defesa do Meio Ambiente ou o rapaz deveria ter se deixado triturar para não ser multado? Para o Ibama e este fiscal ridículo, vale mais a vida de uma cobra que a de um ser humano. Para o amazonense que sabe o que representa o ataque de uma sucuri, capaz de matar bois, jacarés e outros bichos de grande porte, o jovem é apenas um herói!

FILME: LULA, O FILHO DO BRASIL

Ficção ruim converte vida única em história exemplar
Clichês e interpretações fracas marcam longa de tom didático e infantilizanteFERNANDO DE BARROS E SILVACOLUNISTA DA FOLHA "Lula, o Filho do Brasil" é um filme incrivelmente ruim. A ponto de ter frustrado a plateia de convidados que o recebeu com aplausos discretos e ligeiros ao final da estreia, anteontem, na abertura do 42º Festival de Cinema de Brasília.Na presença da primeira-dama, Marisa Letícia, do elenco, de vários ministros de Estado e de mais algumas centenas de figuras do mundo oficial brasiliense, esperava-se uma noite apoteótica. Não foi. Antes da exibição, o produtor Luiz Carlos Barreto foi ao palco e criticou a organização do festival pela superlotação da sala. Alertou que todos corriam risco de morte e pediu que os corredores fossem esvaziados. Foi vaiado. Fábio, o filho do Barretão, reclamou que os atores não tinham onde sentar. Pediu assentos livres. Mais vaias.Curtos-circuitos à parte, o diretor Fábio Barreto tinha em mãos a matéria-prima de uma vida sem dúvida excepcional: a história única do retirante nordestino que chega à Presidência da República num país desigual como o Brasil. O filme, no entanto, transformou a vida única em vida exemplar. A biografia de Lula foi idealizada, como se o presidente já estivesse contido em cada gesto da criança predestinada que nasceu no sertão pernambucano, filha de pai alcoólatra e de mãe infinitamente dedicada e bondosa. De resto, passagens importantes na vida do personagem, como a filha Lurian, que teve com Miriam Cordeiro, são deixadas de lado. O ideário nacional-popular no filme assume propósitos edificantes, como se estivéssemos diante de uma aula-show de moral e cívica dos novos tempos. A narrativa é linear e convencional; tudo é didático, esquemático, infantilizante; o repertório de clichês parece vasto como nunca antes na história do cinema deste país. A preocupação pedagógica, de realizar um filme bem explicadinho e redundante, lembra algo dos procedimentos da arte socialmente engajada, do antigo CPC ou do realismo socialista. Mas, aqui, a pedagogia da superação pessoal está submetida à lógica do dramalhão, posta a serviço de uma sensibilidade que aproxima o filme das telenovelas. Seria talvez o caso de falar em realismo de mercado, ou mercadista. Barretão parece sincero quando diz que fez o filme para "ganhar dinheiro". Fábio não mente quando insiste que o filme é um "melodrama épico", feito para "divertir e emocionar". O pragmatismo sem peias e a vulgaridade da família Barreto não deixam de ser um sinal (político? estético?) do momento nacional.Registre-se a passagem em que um sindicalista, nos anos 70, saúda o bar "cheio de brameiros". A expressão não existia na época. O jargão da publicidade recente invade a tela sem nenhum pudor. É triste que uma produção tão cara para os padrões brasileiros tenha resultado em interpretações tão precárias em alguns casos. Rui Ricardo Dias não se decidiu entre ter ou não ter a língua presa, entre imitar o Lula verdadeiro ou inventar uma dicção para seu personagem. Aristides, o pai de Lula, vivido por Milhem Cortaz, é quase um vilão de quadrinhos, resmungando, cambaleando e babando cachaça, sempre com gestos caricatos. A Marisa Letícia arisca de Juliana Baroni é a boa surpresa do elenco, que tem em Glória Pires, no papel de Dona Lindu, a mãe de Lula, seu porto seguro. De novela ela entende. O filme se encerra com o trecho do discurso de posse em que Lula oferece seu "diploma" à mãe. A narrativa, no entanto, acaba em 1980, quando Lindu morre e o líder sindical deixa o Dops depois de um mês preso. A história política aparece no filme como pano de fundo, quase uma moldura da trajetória do filho de Dona Lindu. Desde cedo, Lula está sempre fazendo comentários ponderados. Quando vê pela TV a decretação do AI-5, solta, em tom de lamento: "Mas já estava tudo na mão deles". A moral da história, porém, vai sendo salpicada ao longo da trama pelas falas que a mãe dirige ao filho em tom de ensinamento: "Primeiro a obrigação, depois a distração"; "O mais importante é não esquecer de onde você veio"; "A gente faz o que dá pra fazer, mesmo que seja pouco"; "Se você sabe o que é pra fazer, vai lá e faz, se não der, espera." Com "O Filho do Brasil", o lulismo recebe a bênção materna.

FOLHA DE SÃO PAULO

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CADÊ O PT QUE POSAVA DE PALADINO DA HONESTIDADE NA VIDA PÚBLICA? - JÚLIO FERREIRA

É impressionante o nível de degradação ética e moral à que chegou o Partido dos Trabalhadores, menos de dez anos após haver finalmente conquistado o poder, graças à eleição do presidente Lulla, em 2002. Para um partido que fez história militando durante longos anos nas hostes da oposição, investindo maciçamente no princípio de que era um partido diferente de todos os demais, pois levava ao extremo os princípios da honestidade no trato da coisa pública, primando pela observância severa da regra de que seus membros não roubavam e não deixavam roubar. Em poucos anos, contaminados pelo vírus do poder, o que vimos foram lideranças petistas enriquecerem misteriosamente, deixando de lado a fantasia de “trabalhadores pobres”, para assumirem cinicamente a pose de “bom burguês”. Os exemplos são muitos, e estão espalhados por todos os estados brasileiros. Basta um olhar mais apurado para que qualquer cidadão, com o auxílio da Internet, possa vasculhar arquivos do começo da década e comparar a situação econômico-financeira dessa elite petista, que hoje freqüenta as festas "Grand Monde", com a penúria franciscana da “cumpanherada” que acompanhava Lulla quando da sua chegada ao Palácio do Planalto. O PT de hoje é tão corrupto e corruptor quanto eram os partidos que antes combatiam, conforme pode ser visto nas eleições internas da legenda, tal como acontece em Pernambuco, onde um vereador do partido, às vésperas do pleito, procura a imprensa para denunciar a compra de votos por uma das facções concorrentes. Que foi feito daquele PT que posava de “paladino” da honestidade na vida pública? Escafedeu-se?

Júlio Ferreira / Recife - PE / Identidade: 850.650 SSP-PE
E-mail: julioferreira.net@gmail.com
Como pode, em tão pouco tempo, o partido que reacendeu nos brasileiros a chama da esperança na política, tenha atingido tal nível de degradação, tornando-se tão indigno de confiança quanto às legendas que antes combatia, mas que hoje transformou em aliados preferenciais.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

BLACK-OUT E A OUTRA - DOCA RAMOS MELLO



E por acaso tu sabe onde fica Itaberá? Tu sabe que é lá que tem um bando de cruz de ferro cheia de fios e que é dessas cruzes que sai a luz da casa da gente, ô sabichão? Garanto que tu não sabe de porcaria nenhuma, mas não para de matraquear contra o governo de V. Exa. Metalurgíssima, eu sei que tu não aprecia O Cara porque tu tem inveja, tu é feito FHC. Que FHC, com faculdade e tudo, igualzinho a tu - e quem não sabe disso é muito besta -, tem um sonho que é o maior sonho da vida dele: ser O Cabra!!! Tu não alcança a filosofia porque tu é manco das ideias. Mas, eu sei, eu manjo a raiva dele quando fala no Cara. FHC bem gostaria que o Brasil inteiro fosse apaixonado por ele da mesma forma que é pelo filho de Dona Lindu, queria mandar uns discursos porretas como os do Cara, ganhar filmão da vida dele com a Glória Pires, quem não quer?
Pois morde aqui!
E me mostre quem é que vai confiar num sujeito que fala estrangeiro, parece um lord desses antigos, empertigado, tipo galã Ranfri Bogarte, me diga, quem? Nem eu, que nunca fui uma besta feito tu, dou meio metro das minhas costas para FHC cuidar, eu, que sei ler de carreirinha e não sou ignorante como tu pensa só porque tu fez uma merda de uma faculdade, eu não confio em ninguém que tem faculdade, meu chapa. Meu ideal é crescer na vida assim, como meu ídolo, sem essa merda de estudo, sem encheção de saco inútil, livro só serve p’ra traça...É isso aí.
Portanto, vê se para de falar em apagão, apagão, tu não tem outro assunto? Bem que V. Exa. Metalurgíssima reclama, que azia!
Vou botar um pouco de esclarecimento nessa sua cabeça de vento, nessa sua mentalidade revoltada, vou explicar direitinho. Primeiro que não foi apagão, que mané apagão, nem apaguinho, foi Blecaute. Tu sabe alguma coisa do Blecaute? Pois era um crioulinho – preste atenção que isso de ‘crioulinho’ era num tempo em que se podia dizer crioulinho, heim, hoje dá uma cadeia brava, tome tento, mas estou usando porque ele, o Blacaute, era dessa época e além do mais, eu posso... - de beiço largo que fez muito sucesso no cinema. Ficou famoso no papel de grande herói de guerra, um japonês meio safado e piadista de nome Markusnanini, Makukaima, Mikakuiama, alguma coisa assim, tirado de um livro importantíssimo. E Blecaute, ele mesmo, era também um sujeito que gostava de contar piadas, fazer graça, ele era divertido paca, morreu e foi p’ro céu. Pois tá lá ele, no céu, aquele azul todo, a argolinha dourada na cabeça, asinhas nas costas, só sentadinho em cima da nuvem, sem nada p’ra fazer de safadeza... Tu acha mesmo que ele ia se conformar com essa pasmaceira?
Bingo!
Blacaute bateu p’ra São Pedro, tu manja São Pedro, o porteiro do céu, outro cansado de ficar só fazendo seleção ali na porta, eu soube que São Pedro tinha um gênio desses que pedem ação, e os dois resolveram mandar um raio desgraçado de forte bem na cabeça de Itaberá, só de farra. Nem era p’ra apavorar os itaberaenses, era mais uma coisa de inventar um novo etê de Varginha só p’ra movimentar um pouco a vida naquela cidadezinha pacata, compreendeu agora? Ocorre que Blecaute é um gozador, São Pedro tem dedo forte, o negócio saiu melhor que a encomenda e bummm!!! Foi uma trovoada impressionantíssima, um raio gigante, direto lá na cruz de ferro e fio, aí deu merda e a luz puf! Foi só isso. Morreu alguém? Alguma velhinha enfartou? Deixou de sair o pão do forno no dia seguinte? Nada, nada. Foi um sustinho apenas. E depois, o Lobão explicou claramente, o Lobão é chegado na vovozinha, coisa de história infantil para fazer nenê dormir, pura lenda, cara!
Agora...
Daí a tu meter o pau no governo de V. Exa. Metalurgíssima, francamente, é de lascar. Mas, eu sei por que tu vem com força total. Tu tá é com inveja porque a zelite não vai ganhar o Bolsa-Celular com crédito de grátis no pré-pago, necas de pitibiriba, então tu tá na revolta, meu camaradinha. Eu nem sei porque perco meu tempo com tu, acho até estranha essa nossa amizade, afinal tu é branco, zelite, e eu, na qualidade de afrodescendente quase legítimo, nem devia lhe dar muita bola, não fica bem, mas apesar da tua ignorância, gosto de tu, rapaz. Porém, meu chapa, a gente não ‘somos’ iguais, eu posso invadir terra com o MST porque nada me acontece, posso ir preso e meus filhos terão direito à Bolsa-Reclusão, ganho o Bolsa-Família regularmente, tenho direito a cotas, sou um cara diferenciado, qualquer merdinha que me aconteça a CNBB cai de pau em cima do Brasil inteiro, sou meio Obama... Quero dizer, I CAN – tu vê que eu já tô entrosado com o marquetingue americano do norte, hehehe! Tu fica inteirado de que já tenho até meu slogan de campanha p’ra vereador: Neguinho Paz e Amor tipo Beija-flor, olha a minha sacada, eu juntei tudo aí.
Já tu... Tu é o pagador da conta, tu é meio mané nesse lance todo, paciência, alguém tem de arcar com o custo Brasil, né? Aí zelite, força!!
Tu é oposição, confessa. Então tu tá se borrando de inveja porque V. Exa. Metalurgíssima vai botar Lady Dil na cadeira dele p’ra guardar a vaga enquanto ele dá uma paradinha básica, é isso. E não me venha com a velha conversa fiada de que ela não emplaca, nem me diga que foi terrorista ou seqüestradora porque ela fez tudo isso no passado e agora, é “outra pessoa”. Que nem o sujeito taliano, coitado, que um dia lá na Itália, matou menos de meia dúzia no calor da emoção, veio para o Brasil, adotou esse nosso jeitinho maneiro de ser e se tornou um outro homem. Agora, tem gente maldosa que quer devolver o homem para a terra dele lá, dizendo que ele precisa ser julgado pelos crimes que cometeu. Que crimes, chefia?! Aquele não era ele, era O Outro. Lady Dil também mudou, agora ela bate um bolão no time de V. Exa. Metalurgíssima e o passado se escafedeu. Deus perdoa, a gente perdoa também, tudo passa, é ou não é? Falaram tanto do ZéDirceu, por exemplo, e o que aconteceu? Nada, ué. Porque hoje ele é outra pessoa, inclusive mais cabeludinho...
DOCA publicou esta crônica em : http://www.papolivre.com.br

LULA, FILHO DO BRASIL - AILEDA DE MATTOS OLIVEIRA


Chega-nos ao conhecimento mais uma demonstração de desequilíbrio psíquico do pífio representante da nação brasileira. A partir de sua ascensão, foram-se perdendo valores que cultivávamos como habituais normas de conduta. Essas mudanças são consequências das alterações semânticas, aceitas pelos órgãos jornalísticos, hoje, também, pouco afeitos à limpidez das idéias. Tais alterações são produtos dos erros de raciocínio e da falta de intimidade vocabular, que a incontinência verbal do senhor feudal, pela repetição, torna-as vernaculares. Tudo isso, aliado à esperteza de um espírito pusilânime, tem o poder de corromper os alicerces de todos os poderes da República.
Se a mentira passa à verdade; se o corrupto contumaz deve ser respeitado por não ser um homem comum; se uma organização terrorista, que inferniza os trabalhadores rurais, torna-se uma instituição lutadora em defesa dos direitos dos sem-terra, é transformar os antônimos negativos em palavras representativas de uma nova ética em curso.
Para que se consuma o novo dicionário da sordidez política brasileira, necessário se torna conhecer, a fundo, em todas as dimensões, o seu autor, personagem central de sua própria propaganda político-eleitoreira. O autoendeusamento torna-o réu confesso do desequilíbrio de que acima nos referimos. Considerar-se a si próprio Filho do Brasil, é exigir a legítima paternidade, a um país que já sofreu todos os vexames do filho que não passa de um bastardo. Como se não bastasse as ofensas de sua diplomacia, ofende-se mais ainda a nação, anunciando a sordidez de cobrar do país a herança que acredita ter direito e pretende obtê-la, através da delegação de poderes de seus iguais, nas urnas em 2010. É mais uma indenização cobrada ao país, considerado culpado pelo filho ilegítimo, pela tendência inata de sua família, de não ter vocação para o trabalho. O filme que ilustra a vida do responsável pela obra de estropiamento da língua, “coincidentemente” será levado à exibição em primeiro de janeiro de 2010.
Regredimos ao populismo desenfreado do brizolismo e percebemos, claramente, a existência de dois Brasis: o que trabalha e estuda para o desenvolvimento nacional e o que vive de estelionato político, sorvendo os impostos pagos pelo primeiro dos Brasis. Em toda imoralidade, encontra-se a logomarca da Globo, que não pode perder dividendos, mesmo que seja patrocinando um retorno aos filmes da velha fase macunaímica da miséria colorida. Não há outro digno representante deste (para mim) repugnante personagem da baixa estima brasileira, criação de Mário de Andrade, que o etílico Lula.
Alguém da escória da personagem do filme em questão deve ter sido o idealizador do título e da narrativa. O embriagado de álcool e de poder tomou posse do Brasil e está alijando, aos poucos, a parte consciente da sociedade, mas ainda sonolenta, para os esconsos vãos que se tornarão guetos dentro em pouco, se não tomarmos uma veemente atitude. Já imagino este filmeco sendo veiculado no agreste, nos sertões, arrebanhando os ingênuos e estimulando-os ao analfabetismo, à bebida e à rebelião. A pressão para um conflito entre brasileiros está se fazendo prenunciar no horizonte. Esta indecência de filme, se consentirmos, se não reagirmos, se não clamarmos contra a mídia que lhe dará vida, poderá servir de estopim para tomadas de posição sérias que não vão deixar de fora a guarda particular do ébrio presidente: o MST.
Como dizem os traficantes do Rio, "está tudo dominado". Eles sabem o que dizem, infelizmente. Tudo está dominado, porque está corrompido pelo dinheiro fácil em troca da traição e da sabotagem. Apenas por patriotismo, sem levarmos nenhuma vantagem, porque pertencemos a outro grupamento ético, que não leu o glossário lulista, sabotemos o filmeco do palhaço de Garanhuns, desde já, para que, no ato da divulgação, caia no ridículo o Filho bastardo do Brasil, que bem poderia ser o Filho de outra coisa que já sabemos o que é. Embora não pareça, o caldeirão da divisão de classes já começou a esquentar. Como não tem a coragem de seu comparsa Chávez e é um poltrão como o Zelaya, usa desses artifícios ultrapassados, mas que caem como uma luva sobre a multidão de ignorantes do interior do país.

Aileda de Mattos Oliveira
Prof.ª Dr.ª de Língua Portuguesa
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

domingo, 15 de novembro de 2009

A TOMADA DO PODER - GRAMSCI E A COMUNIZAÇÃO DO BRASIL

Antonio Gramsci

Em lugar algum no mundo o
pensamento de Gramsci foi tão
disciplinadamente aplicado como está
sendo no Brasil, agora pelo PT, cuja
nomenklatura governamental segue
com rigor as orientações emanadas
dos intelectualóides uspianos que
dirigem o Foro de São Paulo e que têm
como cartilha os Cadernos do Cárcere,
de Gramsci.
Quem não está familiarizado com as
ideologias políticas, por certo estará
perguntando: Quem foi Gramsci e qual
sua relação com o comunismo
brasileiro?
Antonio Gramsci (1891-1937), pensador
e político foi um dos fundadores do
Partido Comunista Italiano em 1921, e
o primeiro teórico marxista a defender
que a revolução na Europa Ocidental
teria que se desviar muito do rumo
seguido pelos bolcheviques russos,
capitaneados por Vladimir Illitch
Ulianov Lênin (1870-1924) e seguido
por Iossif Vissirianovitch Djugatchvili
Stalin (1879-1953).
Durante sua prisão na Itália em 1926,
que se prolongou até 1935, escreveu
inúmeros textos sobre o comunismo os
quais começaram a ser publicados por
partes na década de 30, e
integralmente em 1975, sob o título
Cadernos do Cárcere. Esta publicação,
difundida em vários continentes,
passou a ser o catecismo das
esquerdas, que viram nela uma forma
muito mais potente de realizar o velho
sonho de implantar o totalitarismo,
sem que fosse necessário o
derramamento de sangue, como
ocorreu na Rússia, na China, em Cuba,
no Leste Europeu, na Coréia do Norte,
no Camboja e no Vietnã do Norte,
países que se tornaram vítimas da
loucura coletiva detonada por
ideólogos mentecaptos.
Gramsci professava que a implantação
do comunismo não deve se dar pela
força, como aconteceu na Rússia, mas
de forma pacífica e sorrateira,
infiltrando, lenta e gradualmente, a
idéia revolucionária.
A estratégia é utilizar-se de diplomas
legais e de ações políticas que sejam
docilmente aceitas pelo povo,
entorpecendo consciências e
massificando a sociedade com uma
propaganda subliminar, imperceptível
aos mais incautos que, a priori,
representam a grande maioria da
população, de modo que, entorpecidos
pelo melífluo discurso gramsciano, as
consciências já não possam mais
perceber o engodo em que estão sendo
envolvidas.
A originalidade da tese de Gramsci
reside na substituição da noção de
“ditadura do proletariado” por
“hegemonia do proletariado” e
“ocupação de espaços”, cuja classe,
por sua vez, deveria ser, ao mesmo
tempo, dirigente e dominante. Defendia
que toda tomada de poder só pode ser
feita com alianças e que o trabalho da
classe revolucionária deve ser
primeiramente, político e intelectual.
A doutora Marli Nogueira, juíza do
trabalho em Brasília, e estudiosa do
assunto, nos dá a seguinte explicação
sobre a “hegemonia”:
“A hegemonia consiste na criação de
uma mentalidade uniforme em torno
de determinadas questões, fazendo
com que a população acredite ser
correta esta ou aquela medida, este ou
aquele critério, esta ou aquela ´análise
da situação´, de modo que quando o
comunismo tiver tomado o poder, já
não haja qualquer resistência. Isto
deve ser feito, segundo ensina
Gramsci, a partir de diretrizes
indicadas pelo ´intelectual coletivo´ (o
partido), que as dissemina pelos
´intelectuais orgânicos´ (ou
formadores de opinião), sendo estes
constituídos de intelectualóides de
toda sorte, como professores –
principalmente universitários (porque
o jovem é um caldo de cultura
excelente para isso), a mídia
(jornalistas também intelectualóides) e
o mercado editorial (autores de igual
espécie), os quais, então, se
encarregam de distribuí-las pela
população”.
Quanto à “ocupação de espaços”, pode
ser claramente vislumbrada pela
nomeação de mais de 20 mil cargos de
confiança pelo PT em todo o território
brasileiro, cujos detentores desses
cargos, militantes congênitos, têm a
missão de fazer a acontecer a
“hegemonia”.
Retornando a Gramsci e segundo ele,
os principais objetivos de luta pela
mudança são conquistar, um após
outro, todos os instrumentos de
difusão ideológica (escolas,
universidades, editoras, meios de
comunicação social, artistas,
sindicatos etc.), uma vez que, os
principais confrontos ocorrem na
esfera cultural e não nas fábricas, nas
ruas ou nos quartéis. O proletariado
precisa transformar-se em força
cultural e política, dirigente dentro de
um sistema de alianças, antes de
atrever-se a atacar o poder do Estadoburguês.
E o partido deve adaptar sua
tática a esses preceitos, sem receio de
parecer que não é revolucionário. Isso
o povo brasileiro não está percebendo,
pois suas mentes já foram
entorpecidas pelo governo
revolucionário que está no poder.
Desta forma, Gramsci abandonou a
generalizada tese marxista de uma
crise catastrófica que permitiria, como
um relâmpago, uma bem sucedida
intervenção de uma vanguarda
revolucionária organizada. Ou seja,
uma intervenção do Partido. Para ele,
nem a mais severa recessão do
capitalismo levaria à revolução, como
não a induziria nenhuma crise
econômica, a menos que, antes, tenha
havido uma preparação ideológica. É
exatamente isto que está acontecendo
no presente momento aqui no Brasil: A
preparação ideológica. E está em fase
muito adiantada, diga-se de passagem.
Segundo a doutora Marli Nogueira:
“Uma vez superada a opinião que essa
mesma sociedade tinha a respeito de
várias questões, atinge-se o que
Gramsci denominava ´superação do
senso-comum´, que outra coisa não é
senão a hegemonia de pensamento.
Cada um de nós passa, assim, a ser
um ventríloquo a repetir,
impensadamente, as opiniões que já
vêm prontas do forno ideológico
comunista. E quando chegar a hora de
dizer ´agora estamos prontos para ter
realmente uma ´democracia´ (que, na
verdade, nada mais é do que a
ditadura do partido), aceitaremos
também qualquer medida que nos leve
a esse rumo, seja ela a demolição de
instituições, seja ela a abolição da
propriedade privada, seja ela o fim
mesmo da democracia como sempre a
entendemos até então, acreditando que
será muito normal que essa ´volta à
democracia´ se faça por decretos, leis
ou reformas constitucionais”.
Lênin sustentava que a revolução
deveria começar pela tomada do
Estado para, a partir daí, transformar a
sociedade. Gramsci inverteu esses
termos: a revolução deveria começar
pela transformação da sociedade,
privando a classe dominante da
direção da “sociedade civil” e, só
então, atacar o poder do Estado . Sem
essa prévia “revolução do espírito”,
toda e qualquer vitória comunista seria
efêmera.
Para tanto, Gramsci definiu a
sociedade como “um complexo
sistema de relações ideais e culturais”
onde a batalha deveria ser travada no
plano das idéias religiosas, filosóficas,
científicas, artísticas etc. Por essa
razão, a caminhada ao socialismo
proposta por Gramsci não passava
pelos proletariados de Marx e Lênin e
nem pelos camponeses de Mão Tse
Tung, e sim pelos intelectuais, pela
classe média, pelos estudantes, pela
cultura, pela educação e pelo efeito
multiplicador dos meios de
comunicação social, buscando, por
meio de métodos persuasivos,
sugestivos ou compulsivos, mudar a
mentalidade, desvinculando-a do
sistema de valores tradicionais, para
implantar os valores da ideologia
comunista.
Fidel Castro, com certeza, foi o último
dinossauro a adotar os métodos de
Lênin. Poder-se-á dizer que Fidel é o
último dos moicanos às avessas
considerando que seus discípulos Lula,
Morales, Kirchner, Vasquez e Zapatero,
estão aplicando, com sucesso, as teses
do Caderno do Cárcere, de Antônio
Gramsci. Chávez, o troglodita
venezuelano, optou pelo poder força
bruta e fraudes eleitorais. No Brasil,
por via das dúvidas, mantêm-se ativo e
de prontidão o MST e a Via
Campesina, como salvaguarda, caso
tenham que optar pela revolução
cruenta que é a estratégia leninista.
Todos os valores que a civilização
ocidental construiu ao longo de
milênios vêm sendo sistematicamente
derrubados, sob o olhar complacente
de todos os brasileiros, os quais, por
uma inocência pueril, seja pelo
resultado de uma proposital fraqueza
do ensino, seja por uma ignorância dos
reais intentos das esquerdas, nem
mesmo se dão conta de que é a
sobrevivência da própria sociedade
que está sendo destruída.
Perdidos esses valores, não sobra
sequer espaço para a indignação que,
em outros tempos, brotaria
instantaneamente do simples fato de
se tomar conhecimento dos últimos
acontecimentos envolvendo
escancaradas corrupções em todos os
níveis do Estado..
O entorpecimento da razão humana,
com o conseqüente distanciamento
entre governantes e governados, já
atingiu um ponto tal que, se não
impossibilitou, pelo menos tornou
extremamente difícil qualquer tipo de
reação por parte do povo.
Estando os órgãos responsáveis pela
sua defesa – imprensa, associações
civis, empresariado, clero, entre outros
– totalmente dominados pelo sistema
de governo gramsciano que há anos
comanda o País, o resultado não
poderia ser outro: a absoluta
indefensabilidade do povo brasileiro. A
este, alternativa não resta senão a de
assistir, inerme e inerte, aos abusos e
desmandos daqueles que, por dever de
ofício, deveriam protegê-lo em todos
os sentidos.
A verdade é que os velhos métodos
para implantação do socialismocomunismo
foram definitivamente
sepultados. Um novo paradigma está
sendo adotado, cuja força avassaladora
está sendo menosprezada, e o que é
pior, nem percebido pelo povo
brasileiro.
O Brasil está sendo transformado,
pelas esquerdas, num laboratório
político do pensamento de Gramsci sob
a batuta de Lula, o aluno aplicado, e a
tutela do Foro de São Paulo.