sábado, 17 de agosto de 2013

NARCOLEPSIA - HUMBERTO DE LUNA FREIRE FILHO

 

A cada dia fica mais difícil acreditar no futuro do país por mais otimistas e patriotas que possamos ser. Denunciar as podridões do Executivo parece chover no molhado enquanto feita por cidadãos isoladamente; o dinheiro público anestesiou a oposição.

 

 Excluindo-se os analfabetos e o bolsa-família, todos nós sabemos que esse poder é exercido por incompetentes e corruptos. Estão totalmente desmoralizados e desacreditados perante a opinião pública, mas infelizmente continuam mandando porque detém a chave do cofre e compram onde e quando querem, corações e mentes, inclusive nos outros poderes da República.

 

 O nosso desmoralizado Legislativo, único no mundo democrático sem oposição, a cada semana apresenta uma pérola gerada no intestino de seus nobres, a última expelida é que a "ética é subjetiva".

 

O poder Judiciário também está contaminado. Uma de suas instâncias jurídicas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acaba de repassar para uma empresa privada, o Serasa, informações pertencentes à cidadania e que deveria ser mantido sob custódia do Estado - isso em troca de benefícios e ainda publica tal excrescência no Diário Oficial da União.

 

Vale lembrar que essa mesmo tribunal é o responsável máximo pelas famigeradas urnas eletrônicas e de uma caríssima publicidade em horário nobre. Próximo às eleições, será acrescida à peça publicitária o seguinte aviso - "cumpra sua obrigação constitucional e vote de acordo com a sua consciência esclarecida, se o governo discordar, não se preocupe, ele mesmo fará a correção. Não interrompa sua atividade continue pastando".

 

 Humberto de Luna Freire Filho, médico

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

NO DIA DOS PAIS, A LIÇÃO FOI DE UM GARI - ROSENWAL FERREIRA

No dia dos pais, a lição foi de um gari


Diário da Manhã
Rosenwal Ferreira
Confinada a uma rígida disciplina que envolve esteiras, supinos, múltiplos aparelhos de fisiculturismo e alunos que suam para se livrar das gordurinhas, a professora Patrícia é uma prestigiada personal trainer que atua desde o fim de noite até a madrugada na aconchegante Typ academia. No dia dos pais, ela teve uma ideia original: saiu pelos recantos da capital disposta a tirar fotos capazes de ilustrar momentos de afeição entre pais e filhos.

Mal podia deduzir que uma de suas imagens se firma como uma rara lição de vida e sabedoria. Disposto a fazer horas extras justamente no dia em que se prestam honras ao genitor, um zeloso gari vestiu seu pequeno filho com o uniforme da Comurg e os dois, felizes numa poética união, saíram brincando com sorriso farto a colher o lixo da cidade. Quanta honra, e quanta limpeza de caráter, no contraste de sujeira que se espalha sem nenhum pudor.

Este pai, numa das profissões mais simples da sociedade, se ergue na dignidade que falta em muitos figurões com diplomas e doutoramento. Ele não se acanha do que faz, e não se envergonharia se o filho lhe seguir os passos, porque certamente exerce a função com brio, com autoridade moral.

Muitos figurões carimbados, com suas gravatas francesas, ternos bem talhados protegidos nos gabinetes com ar-condicionado, no íntimo se envergonham ao ver seus rebentos seguirem a mesma carreira.

Alinhados numa babel de corrupção, jamais entenderiam que orgulho existe no lixeiro e seu aprendiz uniformizado. Os valores são outros. Eles entendem apenas o resultado das fraudes milionárias e a curtição das orgias materiais.

No entanto, mesmo que sejam donos de todo um Estado da Federação, à custa da miséria dos conterrâneos, que possam curtir resorts de luxo explorando infelizes nas maracutaias inconfessáveis, que viajem, nos mais desejados cinco estrelas do planeta, degustando manjares regados a vinhos raros, jamais vão alcançar o nirvana que fez brilhar a alma do gari no dia dos pais.  

Uma bela lição aos que, por uma razão ou outra, acham que suas atividades não são adequadas aos herdeiros. Muitos chegam a dizer que fazem tudo para que seus filhos não se arrastem na mesma profissão. Deviam se preocupar, isso sim, se os rebentos vão atuar com ética e valores cristãos. O resto é apenas isso... resto.

(Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário

domingo, 11 de agosto de 2013

A NOSSA LIBERDADE - GEN. PÁULO CHAGAS



A NOSSA LIBERDADE *(GEN PAULO CHAGAS)*

*Liberdade para quê? Liberdade para quem?**

Liberdade para roubar, matar, corromper, mentir, enganar, traficar e viciar?

Liberdade para ladrões, assassinos, corruptos e corruptores, para
mentirosos, traficantes, viciados e hipócritas?

Falam de uma “noite” que durou 21 anos, enquanto fecham os olhos para a
baderna, a roubalheira e o desmando que, à luz do dia, já dura 26!

Fala-se muito em liberdade!*

*Liberdade que se vê de dentro de casa, por detrás das grades de segurança,
de dentro de carros blindados e dos vidros fumê!**

Mas, afinal, o que se vê?

Vê-se tiroteios, incompetência, corrupção, quadrilhas e quadrilheiros,
guerra de gangues e traficantes, Polícia Pacificadora, Exército nos morros,
negociação com bandidos, violência e muita hipocrisia.

Olhando mais adiante, enxergamos assaltos, estupros, pedófilos, professores
desmoralizados, ameaçados e mortos, vemos “bullying”, conivência e
mentiras, vemos crianças que matam, crianças drogadas, crianças famintas,
crianças armadas, crianças arrastadas, crianças assassinadas.

Da janela dos apartamentos e nas telas das televisões vemos arrastões,
bloqueios de ruas e estradas, terras invadidas, favelas atacadas, policiais
bandidos e assaltos a mão armada.

Vivemos em uma terra sem lei, assistimos a massacres, chacinas e
seqüestros. Uma terra em que a família não é valor, onde menores são
explorados e violados por pais, parentes, amigos, patrícios e estrangeiros.

Mas, afinal, onde é que nós vivemos?

Vivemos no país da impunidade onde o crime compensa e o criminoso é
conhecido, reconhecido, recompensado, indenizado e transformado em
herói! *

*Onde bandidos de todos os colarinhos fazem leis para si, organizam “mensalões” e
vendem sentenças!*

*
Nesta terra, a propriedade alheia, a qualquer hora e em qualquer lugar, é
tomada de seus donos, os bancos são assaltados e os caixas explodidos. É
aqui, na terra da “liberdade”, que encontramos a “cracolândia” e a
“robauto”, “dominadas” e vigiadas pela polícia!

Vivemos no país da censura velada, do “micoondas”, dos toques de recolher,
da lei do silêncio e da convivência pacífica do contraventor e com o homem
da lei. País onde bandidos comandam o crime e a vida de dentro das prisões,
onde fazendas são invadidas, lavouras destruídas e o gado dizimado, sem
contar quando destroem pesquisas cientificas de anos, irrecuperáveis!

Mas, afinal, de quem é a liberdade que se vê?

Nossa, que somos prisioneiros do medo e reféns da impunidade ou da
bandidagem organizada e institucionalizada que a controla?

Afinal, aqueles da escuridão eram “anos de chumbo” ou anos de paz?

E estes em que vivemos, são anos de liberdade ou de compensação do crime,
do desmando e da desordem?

Quanta falsidade, quanta mentira quanta canalhice ainda teremos que
suportar, sentir e sofrer, até que a indignação nos traga de volta a
vergonha, a auto estima e a própria dignidade?

Quando será que nós, homens e mulheres de bem, traremos de volta a nossa
liberdade?

* Paulo Chagas é General da Reserva do Exército do Brasil.*