sábado, 23 de outubro de 2010

A ROUPA INVISÍVEL DO REI



Hans Christian Andersen, contista dinamarquês, criou uma estória em que um Rei muito vaidoso acabou sendo vítima de dois espertalhões que o convenceram a desfilar com roupas inexistentes, sob a alegação ardilosa de que o tecido que usavam na confecção das vestes reais só seria visível aos olhos de pessoas inteligentes.

Não apenas o Rei, mas todos que com ele trabalhavam se sentiram constrangidos a admitir que o tal tecido mágico lhes era invisível, posto que isso equivaleria a assumir sua própria ignorância.

Assim, o Rei saiu pelado às ruas e o povo ­– informado sobre a invisibilidade do tecido àqueles menos inteligentes – preferiu elogiar as vestes inexistentes a admitir sua inferioridade.

A única exceção foi uma criança que – na pureza de seus sentimentos –, exclamou, surpreendida:

- ”O rei está nu!”

E só então as demais pessoas acreditaram naquilo que seu olhos (não) viam…

Temos, no trono, um Rei vaidoso. Ao seu redor, um grupo enorme que teme contrariá-lo, até porque o Rei se (re)veste com um tecido mágico que lhe dá uma popularidade quase unânime, que ninguém tem a coragem de não enxergar.

Como também não enxerga – o Rei, inclusive – qualquer falcatrua dentro do Reino.

Há, na versão brasileira do conto de Andersen – um segundo tecido mágico que encobre qualquer desvio de conduta das pessoas ligadas ao Rei. Se um ato desonesto qualquer vem a Público, o tecido mágico garante que ele seja considerado boato, mentira, invencionice, fraude ou golpismo. Tudo que não se admite é que sejam fatos verdadeiros e comprovados.

No entanto, na última semana, parte das roupagens do Rei foram anuladas pelo resultado das urnas no 1º Turno das eleições presidenciais. O tecido que garantia a popularidade imensa do Rei se revelou inexistente. Alguns eleitores – com sua espontaneidade resistente às pressões do marketing político e das pesquisas eleitoreiras – começaram a bradar, com seus votos, a inexistência da aprovação generalizada de tudo que o Rei tem feito nos últimos anos. Agora só falta desnudá-lo por completo, gritando, em alto em bom som:

- ”O Rei está nu!”

Nesse momento, mais importante do que eleger ou não a herdeira do Rei, é assumir a verdade daquilo que esse Reinado representou para o país. Não há Bolsa-Família que compense a fortuna que já foi desviada dos cofres públicos. Com os valores bilionários que têm sustentado famílias inteiras de petistas e agregados, todos poderíamos ter hospitais bem aparelhados, escolas de excelente qualidade, infra-estrutura decente – em suma, um país com serviços públicos correspondentes aos altos impostos que pagamos ao Rei.

Que o 2º Turno permita que a maioria do povo finalmente enxergue as verdadeiras vestes do Rei e de seus seguidores…


Fonte- web - adaptação do conto de Hans Christian Andersen (desconheço o adaptador)

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