Ditadura x ditadura
Iza Salles, jornalista, integrante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR),
na época da ditadura ficou sete meses presa em instalações do DOI-Codi, onde foi
torturada. Agora, aos 75 anos, quando indagada se a luta armada foi a estratégia
certa e se faria tudo de novo, respondeu que não, acrescentando que muitos de
seus companheiros de guerrilha perderam a vida por nada. E completou: "Até hoje
não fizeram a reflexão de que pregávamos uma ditadura de esquerda - que são
terríveis. Muitos não queriam ver as denúncias que vinham da União Soviética
sobre perseguições e mortes". Com sua vivência, acredita que a democracia ainda
é o caminho para construir vielas de idealização, não sendo perfeita, mas a
melhor forma de governo. Relato impressionante! Importante constatação com a
maturidade alcançada é a de que não lutavam para derrubar a ditadura militar
para implantar a democracia, mas, sim, uma ditadura comunista. Essa verdade tem
de se estabelecer de vez. Não podemos aceitar a farsa que ex-guerrilheiros -
como Dilma Rousseff, José Genoino, José Dirceu e outros que foram treinados em
Cuba e na China - nos querem impor. Eles nunca lutaram pela democracia! Seus
ideais eram outros e me arrisco a dizer que ainda são, quando vejo que tentam
por vários meios calar a mídia, implantar a hegemonia de poder e,
principalmente, quando apoiam o presidente venezuelano em sua insanidade de
coibir manifestações populares atirando para matar civis descontentes com a sua
política autoritária. A luta de Nicolás Maduro é a mesma que grupos armados,
aqui, encarnavam naquela época, para estabelecer uma ditadura comunista ou, como
queiram, socialista bolivariana, igualmente sanguinária, não importando os meios
para se chegar a ela.
myrian.macedo@uol.com.br São Paulo - Cartas Estadão
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