segunda-feira, 26 de julho de 2010

DISCURSO DE IMPROVISO - DOCA RAMOS MELLO


Gente, vamos parar de criticar a fala improvisada de V. Exa. Metalurgíssima na África do Sul, com o fim especial de chamar o mundo para vir ao Brasil em 2014! Ele tinha em mãos um calhamaço que escreveram para ele, mas sabemos que O Cara detesta ler, portanto foi à forra falando o que lhe deu na telha. Mais uma vez. E a Maldadebras andou espalhando que ele estava...err..ma...mamadinho da silva, que falou asneiras, prejudicou nossa imagem, essas reclamações de sempre. Esse pessoal é chato e mente muito...

Durante o improviso, o filho de Dona Lindu disse coisas lindas sobre a vida tupiniquim, mas há quem afirme que isso atravessou por completo a intenção da Embratur de trazer turistas para cá – eu acho que V. Exa. não quer que ninguém venha mesmo, o Brasil aqui é dele e da turma dele, essa gente de fora viria só para meter o bedelho, encher a paciência... E ainda sairia falando de nós, o que é pior, ele está certo, fora com essa cambada!

Assim, no improviso ele comentou a nossa beleza dizendo poeticamente que “cada sapo tem sua sapa” – sempre digo que Vinicius morreu cedo demais, estivesse vivo e O Cara faria com ele grande parceria, quem sabe juntos compusessem “A sapa de Ipanema”, entre outras canções que fariam o mundo ajoelhar de emoção, uma lástima essa morte prematura -, que o nordeste é lindo, mas lá ninguém fala inglês, porém “mimicam” muito os nordestinos, de sorte que o inglês nem faz falta. Disse também que ao nos visitar os turistas deveriam tomar cuidado com uma “sucuri mais destreinada”, e que ele lamentava o fato de que aqui as pessoas vão ao cinema e quando saem o carro delas foi roubado... Enfim, folclore puro, loas de um presidente amoroso, somos um país muito pitoresco, exótico, foi o que ele quis dizer, porém as bocas de matildes meteram a lenha nele.

Por isso, a repórter constrangedora do jornal A Piada Popular, Jadilúcia Flores, foi em busca do verdadeiro discurso que V. Exa. Metalurgíssima gostaria de ter feito na íntegra, se não tivessem botado areia no caminhão dele e um calhamaço chato para ele ler, logo ele, ó... Como não escreve, assim com também não lê – não me façam repetir essas coisas! –, nosso guru gravou sua fala que era sem nunca ter sido e repassou para Jadilúcia. Ali, na gravação, ele revelou tudo o que gostaria de ter dito, mas não lhe foi permitido, por isso até bebeu um pouco mesmo, de desgosto...

Abaixo, trechos mais emocionantes do discurso.

“Eu sei que aqui ceis é tudo estrangeiro, mas tem os homi ali com antena na oreia e eles vão contar proceis, na língua de cada um doceis, quiquieu tô falano, porra. Ceis tão pensando em ir pro Brasil, quer ir, vá, mas tome tento, a coisa lá é brava, tem tiroteio em tudo quanto é rua, se oceis entra no banco quando sai é assaltado, se vai na joalheria também é assaltado, usou relógio no braço vem o ladrão e leva, passou perto de bueiro o buraco explode e faz uma desgraceira em quem tá por ali, marcou bobeira, perdeu, mané, lá é foda...”

“E as mulé, as mais espertas, quero dizer, a piranhada mesmo quiqué se dar bem com jogador de futebol, que trate de pintar o cabelo. A negada lá só dorme com loira e no caso, que nenhuma delas bote olho em cima de goleiros, que goleiro vou te contá , anda dando um pobrema FDP, se o time for bom, mas o que mata é o goleiro, as moças que prefira o Miquejegue, quá, quá, quá... Entre jogador brasileiro e inglês roqueiro, melhor arrumar barriga com o cantor do Rolistonis, arre égua!”

“Vou contar uma coisinha poceis, as lei num funciona no Brasil, quero dizer, funciona p’ra uns e outro, p’ra mim, por exemplo, num faz nem cosca, dá com o burro n’água, eu posso tudo. Então se cuidem oceis pa num pegar cana, e se levarem menino pequeno coceis, nada de palmada na bunda dos moleque, vou logo avisando que isso no Brasil dá pobrema, é que nem espancar criança, dá cadeia. Só num dá cadeia se matar namorada com tiro pelas costas e for jornalista, aí fica em casa esquentando o pé”.

“Tão aí, cobrando nóis, até parece que samu um bando de idiota e num vamu aprontar os prédio p’ra Copa de 2014, ô qual, além de aprontar ainda vamos ver muita gente nossa enricar com estádio superfaturado e outras maracutaias. Se oceis num sabe o que é maracutaia, melhor nem viajar po Brasil. Mas eu ajudo, maracutaia é mutreta, trololó, essas coisas que tem no Brasil que nem capim, graças a Deus”.

“Fora uma sucuri mais destreinada, nóis também tem jacaré de boca grande que gosta de comer gringo abusado, e os macaco que a gente manda ficar atormentado tudo quanto é estrangeiro que aparece, quié poceis respeitá o meiambiente. Num vou contá como é que macaco enquizila o cidadão, vão oceis lá e paga p’ra ver, rs...rs... Macaco num cochila.”

“Tem ladrão no Rio, em Sumpaulo, Recife, no Brasil inteiro. Só num tem em Brasília porque lá o pessoal se reúne no Senado, na Câmara, no governo, todo mundo de terno e gravata, zelite mesmo, ninguém fica assaltano na rua porque isso é merda que rende amolação... Lá ceis pode ir sossegado que o dinheiro doceis nem interessa p’ra nóis, é merreca, farinha pouca, quirera, pó de traque.”

“Seguinte, gente, eu acredito de que tá todo mundo avisado, boca fechada, bolso costurado e usem camisinha porque depois vem o teste de deneá e aí, pensão, pensão, pensão, é uma cancela batedeira da gota, eu sei o que é isso, PQP, oceis num queira saber a merda que dá. Ah, não sei se ainda tem uns golpe de rua, malandro vendeno o Pão de Açúcar, porque antigamente tinha, rs...rs... Em compensação, mano Vavá sempre pede um jabá p’ra quem aparece na frente dele, mas pede dois pau, não tira pedaço de ninguém.”
“Ia me esquecendo, que leso... O Battisti mora lá, é gente boa, cabra porreta.”
DOCA publicou esta crônica em: http://www.papolivre.com.br



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