Petrobras vai absorver impacto da alta no preço do gás boliviano
Autor(es): Cláudia Schüffner
Valor Econômico - 17/12/2009
A Petrobras não deverá repassar para as distribuidoras o novo preço do gás boliviano, ao qual será acrescida uma cobrança de US$ 100 milhões por ano pelas partes "ricas" do gás, entre elas o etano, butano, propano e gasolina natural. A estatal deverá absorver sozinha o impacto do aumento, fruto de negociação política entre os presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Evo Morales. Outra opção seria repassar de forma indireta, via aumento do gás nacional.
O presidente da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), Zevi Khan, disse que não está previsto no contrato entre a Petrobras e as distribuidoras de São Paulo - Comgás , Gas Natural São Paulo e a Gás Brasiliano - qualquer repasse de preço.
"Não há nenhum motivo de força maior. Trata-se de uma decisão unilateral da Petrobras de aceitar uma alteração no contrato com a Bolívia, cujos termos eu não conheço", disse Khan ao Valor.
Apesar da ampla divulgação na Bolívia sobre a assinatura de um aditivo ao contrato de compra e venda de gás, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, não fala sobre o assunto. A estatal sequer confirma que o documento será assinado amanhã pelos presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Carlos Villegas. A empresa também não informa se continua estudando uma unidade petroquímica na fronteira entre o Brasil e a Bolívia.
Entre analistas do mercado financeiro, ninguém conhece as condições do contrato e como ele será lançado no balanço da estatal. A analista Paula Kovarsky, do Itaú Securities, diz que em 2007 o acordo pareceu uma solução inteligente para ambas as partes, na medida que não alterava o preço do gás natural em si e que havia a perspectiva de utilizar estes líquidos na produção de GLP ou petroquímicos.
Nelson Rodrigues de Matos, analista do Banco do Brasil Investimentos, estranha que a companhia não tenha divulgado nenhum fato relevante, como aconteceu após o acordo com o governo do Rio de Janeiro para pagar Participação Especial (PE) retroativa pela produção no campo de Marlim.
"Não dá para ver no balanço porque essa é uma perda provável. Mesmo que ela não tenha pago ainda, o correto seria provisionar ou aumentar o custo da área", diz Rodrigues. "Vamos pagar por um gás que não usamos."
O novo acordo com a Bolívia vai aumentar em US$ 1,2 bilhão (em valores presentes) o desembolso da Petrobras até 2019, quando vence o prazo do contrato de suprimento de gás (GSA). O valor inclui créditos acumulados entre 2007 e 2009 que somam US$ 300 milhões.
A estatal resistiu o quando pôde à assinatura de um contrato dessa natureza, já que não usa essas partes mais nobres, que são entregues à indústria do jeito que chegam ao Brasil. Mas em 2007, depois de um acordo político a empresa aceitou aumentar o preço. Na época ela informou que pagaria à YPFB um adicional pelas frações de hidrocarbonetos líquidos presentes no gás natural efetivamente entregue que elevam seu poder calorífico para valores acima de 8900 quilocalorias (kcal) por metro cúbico. Contudo, uma fonte do setor explicou que o gás da Bolívia não é tão rico, e que esse seria apenas um pretexto para aumento do preço. "O gás considerado pobre tem 8900 Kcal por metro cúbico e o da Bolívia tem 9400 Kcal. Não há tanto líquido nobre a ser retirado", explica a fonte.
Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) acha que o acordo chega em má hora para a Petrobras. "Sobram 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás e em 2009 o consumo do Brasil voltou aos níveis de 2005. Como é que a Petrobras vai aumentar o preço do gás?", questiona.
Atualmente o gás importado da Bolívia custa US$ 4,8269 por milhão de BTU no Sudeste, US$ 4,8252 no Sul e US$ 5,5410 no Centro-Oeste, segundo dados do Ministério de Minas e Energia. A esses preços são adicionados o custo do transporte e impostos.
Os contratos de petróleo subiram pelo segundo pregão consecutivo. O mercado já esperava uma diminuição das reservas americanas da commodity, mas os dados divulgados mostraram uma queda ainda maior do que o previsto. Em Nova York, o WTI para janeiro ganhou US$ 1,97, para US$ 72,66. Em Londres, o Brent para janeiro de 2010 subiu US$ 1,50, para
Autor(es): Cláudia Schüffner
Valor Econômico - 17/12/2009
A Petrobras não deverá repassar para as distribuidoras o novo preço do gás boliviano, ao qual será acrescida uma cobrança de US$ 100 milhões por ano pelas partes "ricas" do gás, entre elas o etano, butano, propano e gasolina natural. A estatal deverá absorver sozinha o impacto do aumento, fruto de negociação política entre os presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Evo Morales. Outra opção seria repassar de forma indireta, via aumento do gás nacional.
O presidente da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), Zevi Khan, disse que não está previsto no contrato entre a Petrobras e as distribuidoras de São Paulo - Comgás , Gas Natural São Paulo e a Gás Brasiliano - qualquer repasse de preço.
"Não há nenhum motivo de força maior. Trata-se de uma decisão unilateral da Petrobras de aceitar uma alteração no contrato com a Bolívia, cujos termos eu não conheço", disse Khan ao Valor.
Apesar da ampla divulgação na Bolívia sobre a assinatura de um aditivo ao contrato de compra e venda de gás, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, não fala sobre o assunto. A estatal sequer confirma que o documento será assinado amanhã pelos presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Carlos Villegas. A empresa também não informa se continua estudando uma unidade petroquímica na fronteira entre o Brasil e a Bolívia.
Entre analistas do mercado financeiro, ninguém conhece as condições do contrato e como ele será lançado no balanço da estatal. A analista Paula Kovarsky, do Itaú Securities, diz que em 2007 o acordo pareceu uma solução inteligente para ambas as partes, na medida que não alterava o preço do gás natural em si e que havia a perspectiva de utilizar estes líquidos na produção de GLP ou petroquímicos.
Nelson Rodrigues de Matos, analista do Banco do Brasil Investimentos, estranha que a companhia não tenha divulgado nenhum fato relevante, como aconteceu após o acordo com o governo do Rio de Janeiro para pagar Participação Especial (PE) retroativa pela produção no campo de Marlim.
"Não dá para ver no balanço porque essa é uma perda provável. Mesmo que ela não tenha pago ainda, o correto seria provisionar ou aumentar o custo da área", diz Rodrigues. "Vamos pagar por um gás que não usamos."
O novo acordo com a Bolívia vai aumentar em US$ 1,2 bilhão (em valores presentes) o desembolso da Petrobras até 2019, quando vence o prazo do contrato de suprimento de gás (GSA). O valor inclui créditos acumulados entre 2007 e 2009 que somam US$ 300 milhões.
A estatal resistiu o quando pôde à assinatura de um contrato dessa natureza, já que não usa essas partes mais nobres, que são entregues à indústria do jeito que chegam ao Brasil. Mas em 2007, depois de um acordo político a empresa aceitou aumentar o preço. Na época ela informou que pagaria à YPFB um adicional pelas frações de hidrocarbonetos líquidos presentes no gás natural efetivamente entregue que elevam seu poder calorífico para valores acima de 8900 quilocalorias (kcal) por metro cúbico. Contudo, uma fonte do setor explicou que o gás da Bolívia não é tão rico, e que esse seria apenas um pretexto para aumento do preço. "O gás considerado pobre tem 8900 Kcal por metro cúbico e o da Bolívia tem 9400 Kcal. Não há tanto líquido nobre a ser retirado", explica a fonte.
Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) acha que o acordo chega em má hora para a Petrobras. "Sobram 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás e em 2009 o consumo do Brasil voltou aos níveis de 2005. Como é que a Petrobras vai aumentar o preço do gás?", questiona.
Atualmente o gás importado da Bolívia custa US$ 4,8269 por milhão de BTU no Sudeste, US$ 4,8252 no Sul e US$ 5,5410 no Centro-Oeste, segundo dados do Ministério de Minas e Energia. A esses preços são adicionados o custo do transporte e impostos.
Os contratos de petróleo subiram pelo segundo pregão consecutivo. O mercado já esperava uma diminuição das reservas americanas da commodity, mas os dados divulgados mostraram uma queda ainda maior do que o previsto. Em Nova York, o WTI para janeiro ganhou US$ 1,97, para US$ 72,66. Em Londres, o Brent para janeiro de 2010 subiu US$ 1,50, para
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