terça-feira, 8 de outubro de 2013

INGRATIDÃO, INGRATIDÃO...

                                                        Ingratidão, ingratidão...

                                                                                       Doca Ramos Mello

                                                                                    ddramosmello@uol.com.br

            Ai, ai, ai, mais uma prova de que o povo ruim deste país não valoriza quem se mata de trabalhar por ele, oh, Deus, até onde vai a ingratidão?! Suspeito que nem mesmo Zé Dirceu, que conseguiu uma vaga esperta no serviço público para sua mais nova “namorada” (sem horário para entrar ou sair, com direito a apenas ficar nas redes sociais quando em ‘serviço’ e com um salarinho de doze mil mensais), seja grato pela oportunidade, aposto que acha a coisa mais normal do mundo... Porém, justifica-se a iniciativa do homem de mil e uma faces porque a moça cuidou de lhe apresentar o crachá da pensão alimentícia e alguém tem de pagar o que manda a lei, oras. Portanto, o chefe do mensalão deve ter-se inspirado livremente em Renan Calheiros – esse negócio de pensão de filho é uma amolação muito grande, dá até cadeia, vamos combinar, é preciso descolar patrocinadores ou o sujeito pode ir à bancarrota. E ainda tem a questão de valorizar o imenso e infinito amor das “namoradas”, amor é amor, não se deve menosprezar, não fica bem.

            Então, eu dizia da ingratidão...

            Gente, o povo de Natal vaiou a “presidenta”! Imaginem vocês, ela lá no palanque, a discursar feliz em uma inauguração que poderia gerar dividendos políticos – não que estivesse interessada nisso, longe dela – para as próximas eleições, e vai a gentalha ruim comandada pela Maldadebras e lasca a maior vaia na camarada, Jesus! Porém, ela inventou os programas Mais Médicos e Minha Casa Minha Vida, é aguerrida, revolucionária, não se deixa abater pela corja ingrata. E foi logo gritando “não façam isso” de dedo em riste, “é feio”, apelou para a nossa miscigenação, vociferou, fez o diabo a quatro, mas a vaia continuou sonora, esquentada também pela desaprovação que a população de Natal devota à sua prefeita que, disseram os jornais, portava óculos esquisitos. Não há nada de novo nisso, aqueles que se elegem e se tornam poder quase invariavelmente passam a agir de maneira peculiar, a cadeira política rende muitos frutos interessantes, além de dinheiro de penca, cargos para familiares e amigos, prestígio, amantes... Mas parece que, na maioria das vezes, não dá boa biografia nem faz muito bem ao estilo pessoal. Quando não rende suspeitas, processos, investigações policiais, algemas, é preciso muita abnegação. Agora, que muda tudo, ah isso muda!

            Eu explico. Dou um pequeno exemplo.

            Em São Clemente do Divino, no sertão das Alagoas, Gininho Preto, eleito vereador, exige agora ser chamado de Dr. Gino Afro-descendente, alegando que “preto” é discriminação e ele não aceita.  O “doutor” é por causa da autoridade... Também começou a botar chifres em Maria da Glória, sua companheira dos tempos das vacas esquálidas, com Nizetinha Bunda de Fora, cuja folha corrida de serviços de baixo ventre prestados à população masculina local é longa e diversificada – o vereador também a rotula de “namorada”, seguindo a norma vigente atual, é um homem de seu tempo. A mais nova Domitila do sertão ganhou, pois, escritório particular, influência e cargo bem remunerado, onde faz negociatas mil. Autointitulada “Xuxa de São Clemente”, a sujeita dá boas gargalhadas quando afirma fazer dueto com ‘Luísa Brunet’, aquela... Gininho ficou riquíssimo! Se antes não tinha um velocípede para chamar de seu, hoje ostenta a pança paquidérmica dentro de vários carros importados. E de mansão com piscina, lojas, apartamentos...

            Voltemos à vaia...

            Na minha cabeça, a “presidenta” (acho lindo ela exigir ser chamada assim, gosto até de rimar com “inteligenta, contenta, alegra, forta”, fica ótimo. Só não é mais belo que ouvi-la dizer “brasileiros e brasileiras”, ai que doce!) devia descer do palanque e puxar as orelhas dos manifestantes, quem sabe deitar um por um no colo e dar boas palmadas na bunda desses desordeiros, ora me creia, faltam disciplina, educação e ordem neste país, afinal, como disse o herdeiro de Mia Farrow, somos  todos possivelmente filhos de Frank Sinatra. Olha o respeito, moçada!


 

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