Pelo visto, o nosso governo está firmemente decidido a implantar esse projeto
absolutamente fora das prioridades nacionais. A criação da Empresa de
Planejamento e Logística (EPL), vulgo Balabrás, não traria nenhum problema maior
ao país, salvo a despesa com algumas centenas de funcionários perpétuos e, no
máximo, um edifício sede, o que não aumentaria muito o déficit. Seria apenas
mais uma tema publicitário do governo, gerador de votos nas próximas eleições.
Entretanto, a implantação parece ser um objetivo real e inegociável da nossa
presidenta. Pelo visto, vai ser iniciada e, depois disso, ou vai até o fim, a
custos (e desvios de verbas para a corrupção) enormes, ou degringola, como o
desvio do rio São Francisco, deixando enormes problemas subsequentes. Os trens
de alta velocidade, nos países onde existem (os Estados Unidos não o
implantaram, apesar de sua extensão territorial ser como a nossa), só foram
implantados depois da malha ferroviária normal estar cobrindo totalmente as
necessidades do país. Os TAV, ou dão baixos retornos, ou são deficitários. Um
luxo de países ricos. Esta decisão, qual seja a de investir num projeto que irá
beneficiar uma minoria, de nível de rendimento elevado, em detrimento de setores
que estão necessitando urgentemente de verbas para aliviar o sofrimento da
população que enfrenta, por exemplo, miseravelmente, as escandalosas
deficiências da saúde pública, cujas verbas são insuficientes e - como é normal
- com parcelas desviadas é, no mínimo, imoral. Como decidir implantar um
caríssimo projeto de ferrovia que só pode receber os TAV, quando não temos uma
malha ferroviária normal, que poderia ser utilizada tanto para carga como para
passageiros, a custo de uma fração do megalomaníaco projeto? Como saber se, em
todos esses anos em que o TAV será implantado, nossa economia poderá bancar o
projeto? Nosso Governo não considera os ridículos índices de crescimento da
nossa economia antes de entrar num projeto dessa envergadura,(*) que absorverá
enormes recursos por muitos anos? Realmente, o subdesenvolvimento se manifesta
em todas as oportunidades. Mas, desta vez, vai ficar mais caro. Nelson
Carvalho nscarv@gmail.com- São Paulo
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