15/12/2012
às
20:56 - Por REINALDO
AZEVEDOESCÂNDALO BILIONÁRIO NA PETROBRAS – Resta, agora, saber se, ao fim da apuração, alguém vai para a cadeia! Ou: Quem privatizou a Petrobras mesmo?
É
do balacobaco!
Desde
que Sérgio Gabrielli, o buliçoso ex-presidente da Petrobras, deixou a empresa,
os esqueletos não param de pular do armário. A presidente Dilma Rousseff o pôs
para correr. Ele se alojou na Secretaria de Planejamento da Bahia e é tido como
o provável candidato do PT à sucessão de Jaques Wagner. Dilma, é verdade, nunca
gostou dele, desde quando era ministra. A questão pessoal importa menos. Depois
de ler o que segue, é preciso responder outra coisa: o que ela pretende fazer
com as lambanças perpetradas na Petrobras na gestão Gabrielli? Uma delas, apenas
uma, abriu um rombo na empresa que passa de UM BILHÃO DE DÓLARES. Conto os
passos da reportagem da impressionante reportagem de Malu Gaspar na VEJA desta
semana. Prestem atenção!
1: Em janeiro de 2005, a
empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana
chamada Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$
42,5 milhões. Por que tão
barata? Porque era considerada ultrapassada e pequena para os padrões
americanos.
2: ATENÇÃO PARA A MÁGICA – No ano seguinte, com
aquele mico na mão, os belgas encontraram pela frente a generosidade brasileira
e venderam 50% das ações para a Petrobras. Sabem por quanto? Por
US$ 360 milhões! Vocês
entenderam direitinho: aquilo que os belgas haviam comprado por US$ 22,5 milhões
(a metade da refinaria velha) foi repassado aos “brasileiros bonzinhos” por US$
360 milhões. 1500%
de valorização em um aninho. A Astra sabia que não é todo dia que se
encontram brasileiros tão generosos pela frente e comemorou: “Foi
um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa
razoável”.
3
– Um dado importante: o
homem dos belgas que negociou com a Petrobras éAlberto
Feilhaber, um brasileiro. Que bom! Mais do que isso: ele havia sido
funcionário da Petrobras por 20 anos e se transferiu para o escritório da Astra
nos EUA. Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor
Cerveró, à frente da área
internacional da Petrobras. Veja viu a documentação. Fica evidente o objetivo de
privilegiar os belgas em detrimento dos interesses brasileiros. Cerveró
é agora diretor financeiro da BR Distribuidora.
Calma!
O escândalo mal começouSe
você acha que o que aconteceu até agora já dá cadeia, é porque ainda não sabe do
resto.
4
– A Pasadena Refining
System Inc., cuja metade a Petrobrás comprou dos belgas a preço de ouro, vejam
vocês!, não tinha capacidade para refinar o petróleo brasileiro, considerado
pesado. Para tanto, seria preciso um investimento de mais US$
1,5 bilhão! Belgas e
brasileiros dividiriam a conta, a menos que…
5
– … a menos que se desentendessem! Nesse caso, a
Petrobras se comprometia a comprar a metade dos belgas — aos quais havia prometido uma remuneração de
6,9% ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!
6
– E não é que o
desentendimento aconteceu??? Sem acordo, os belgas decidiram executar o contrato
e pediram pela sua parte, prestem atenção, outros
US$ 700 milhões. Ulalá!
Isso foi em 2008. Lembrem-se
que a estrovenga inteira lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam
passado metade do mico adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700 milhões
pela outra. Não é todo dia que aparecem ou otários ou malandros,
certo?
7
– É aí que entra a
então ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff,então presidente do Conselho de
Administração da Petrobras. Ela acusou o absurdo da operação e deu uma
esculhambada em Gabrielli numa reunião.DEPOIS
NUNCA MAIS TOCOU NO ASSUNTO.
8
– A Petrobras se negou
a pagar, e os belgas foram à Justiça americana, que leva a sério a máxima do
“pacta sunt servanda”. Execute-se o contrato. APetrobras
teve de pagar, sim, em junho deste ano, não mais US$ 700 milhões,
mas US$
839 milhões!!!
9
– Depois de tomar na
cabeça, a Petrobras decidiu se livrar de uma refinaria velha, que, ademais, não
serve para processar o petróleo brasileiro. Foi ao mercado. Recebeu uma única
proposta, da multinacional americana Valero. O
grupo topa pagar pela sucata toda US$ 180 milhões.
10
– Isto mesmo: a
Petrobras comprou metade
da Pasadena em 2006 por US$ 365 milhões; foi obrigada pela Justiça a
ficar com a
outra metade por US$ 839 milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo
operacional continuado, terá
de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se de uma dos milagres da gestão
Gabrielli: como transformar US$ 1,199 bilhão em US$ 180 milhões; como
reduzir um investimento à sua (quase) sétima parte.
11
– Graça Foster, a atual
presidente, não sabe o que fazer. Se realizar o negócio, e só tem uma proposta,
terá de incorporar
um espeto de mais de US$ 1 bilhão.
12
- Diz o procurador do
TCU Marinus Marsico: “Tudo
indica que a Petrobras fez concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em pleno
ano eleitoral”.
13 – Dilma,
reitero, botou Gabrielli pra correr. Mas nunca mais tocou no
assunto.
EncerroDurante
a campanha eleitoral de 2010, o então presidente da Petrobras, José Sérgio
Gabrielli, fez propaganda de modo explícito, despudorado. Chegou a afirmar, o
que é mentira descarada, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante
a sua gestão, tinha planos de privatizar a Petrobras.
Leram
o que vai acima? Agora respondam: quem privatizou a Petrobras? E noto, meus
caros: empresas privadas não são tratadas desse modo porque seus donos ou
acionistas não permitem. A Petrobras, como fica claro, foi privatizada, sim, mas
por um partido. Por isso, foi tratada como se fosse terra de
ninguém.
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