quarta-feira, 18 de abril de 2012

SOC - SOFISTICADA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA - DOCA RAMOS MELLO

SOC – Sofisticada Organização Criminosa

Doca Ramos Mello


_ Senador, aqui estão as fotos, o senhor abraçado a Zezinho Queda d’Água e recebendo um pacotão de dinheiro.Temos ainda gravações, ví...
_ Foto minha, onde?! Deixa ver... Definitivamente, esse daí não sou eu, não, heim...
_ Senador, esta mulher ao lado da dupla, na foto, é a sua esposa.
_ Montagem. Até porque Rosicleide não gosta de aparecer, não é ela.
_ Temos as gravações, o senhor mesmo pode ouvir sua voz: “Seguinte, Queda d’Água, meu amigo, como é que fica o presente da minha senhora? Você sabe, ela tirou diploma, Rosicleide é estudiosa, precisamos dar um presente a ela e eu estou a nenhum, ser senador, como disse o Pedro Simon, é ver os vizinhos viajar para o exterior e ficar chupando o dedo, é duro ser ético!”
_ Mulher minha só eu presenteio, está maluco? Eu não sou moderno, não, sou pela moral, os bons costumes, a ética do mercado. Qualquer um imita a minha voz, sou orador famoso, fui dublado!
_ Senador, eis os vídeos. Veja, o senhor dando três beijinhos no Queda D’Água e recebendo a maleta. O senhor abre a maleta, confere a grana e dá uma risadinha. Ali no canto, veja, senador, está o Dedé batendo papo com sua esposa e...
_ Dedé, que Dedé? E o Mussum? Zacarias? Didi? Francamente...
_ O Dedé é aquele que fala “a regra é clara...”
_ Isso é futebol. E...Espera aí, aquela mulher não é a Rosicleide, acho....sim, é a Cláudia Raia!
_ Baixota, gorda, cabelos ralos...?
_ Ela é atriz, está atuando.
_ ....! E o careca que abre a mala?
_ Gianechinni...?!

*

_ O senhor, hein, seu Dito, morto e recebendo salário, que malandro!
_ Sim...?
_ Estou falando na bufunfa mensal que o senhor recebe mesmo enterrado aqui neste cemitério, não tem vergonha, não?
_ Tenho. Não tenho é grana para pagar minhas despesas. O moço sabe quanto custa manter meus sete palmos? A terra que me cobre? A mensalidade do condomínio? Ser morto está pela hora da vida, meu caro
_ Daí a receber como funcionário público vivo, francamente...
_ Questão de oportunidade, meu caro. E de contatos.
_ Mas esse dinheiro é do povo!
_ Povo? Achei que fosse do vereador, do prefeito...

*

_ Lanchas, lanchas, lanchas... A senhora comprou tudo isso de lancha, madame?
_ Comprei, foi absolutamente necessário.
_ Necessário...
_ Para a pesca da tilápia. A pesca da tilápia é muito cara.
_ Não é tilápia, senhora, é larápia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário