sexta-feira, 6 de agosto de 2010

CIRO, O BOCA INDOMÁVEL - DOCA RAMOS MELLO



* Sobral Produções Cinematográficas apresenta: “Duro de se retirar, parte 5”-.

Sei que o moço está em baixa e por fora, mas acho que por isso mesmo não resisto, hehehe... Não que eu seja maldosa a ponto de tripudiar em cima de quem enfrente um mau momento, absolutamente, mas é que o sujeito em questão pede, implora, sugere, sabem como é...?

Ciro Gomes, oh, Ciro Gomes...

Sou de Pindamonhangaba e ele diz que também o é. De fato, nasceu lá numa das paradas da família, mas não conhece o Bosque da Princesa, não deve ter a menor intimidade com os versos de Baltazar de Godoy Moreira, aposto como ignora quem tenha sido João Romeiro, nunca visitou o busto de Athaíde Marcondes ou freqüentou o Literário, nem tomou Café Lourenço, enfim, de Pinda ele não sabe o ó do borogodó. Resumindo: filho de gato que nasce no forno não pode se considerar biscoito. Diferente de Geraldo Alckmin, este sim, pindamonhangabense ilustre e legítimo, nascido e criado lá, onde começou sua carreira política. E agora já batendo 50% das intenções de voto em São Paulo, para nosso contentamento, vade retrum Mercadejante!

Isso posto, quero fazer um mea culpa bravo: eu...err...já...humm, rãn, rãn...gulp...já votei em Ciro Gomes... Eu explico, eu explico, por Deus, não me joguem aos leões (aliás, prefiro os leões ao Leão, gente, que técnico é aquele?!) Logo que ele se projetou nacionalmente, gostei daquele discurso nordestês cheio de ypicilones, a fala emproada arrotando conhecimentos, um Caetano da política – Ciro é um cara inteligente, culto, fala bem (até degringolar). O problema é com sua fantasia de oposição, tecido ruim alinhavado grosseiramente, que fui percebendo quando já não podia voltar atrás porque meu xis havia sido sufragado e só me restava gemer sem sentir dor, oh vida madrasta carolina jatobá! Errar é humano, técnico da seleção é o Mano, sorry.

A coisa começou a descer ladeira p’ra mim quando, na campanha para presidente, perguntado em público por um jornalista sobre qual seria o papel da global Patrícia Pilar (a nova esposa dele à época, pois o homem muda de mulher mas adota uma segunda com o mesmo nome da anterior, quem sabe para não dar chance ao azar de errar ao chamar a pobre) na sua vida pública. Ele foi curto e grosso: “O papel dela é dormir comigo”. Fiquei bege. Tem declaração mais elegante, mais romântica? Ui!

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Pausa para lamentar que a moça, descolada, celebridade, bem paga, liberada, atriz de sucesso, moderna, independente, e correlatos, não tivesse reagido de modo ao menos singelo (“que isso, benhê?!”), quem dera mandando a criatura caçar sapo com bodoque, catar lata, ir ver se ela estava na esquina. Sempre digo que a verdadeira libertação da mulher deve começar do umbigo para cima, mas a região abaixo dessa linha tem mais apelo, inclusive sensual e... Tragédia, tragédia... Além disso, mesmo moderníssimas, antenadas e liberadérrimas, muitas mulheres hoje em dia ainda adotam o look burka (nem discutem o apedrejamento!), não perdem uma edição do Afeganistão Fashion Week – é uma questão de gosto. E de cabeça, na maioria das vezes de borboleta pura, que fazer...?

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Sei dizer que, candidato à Presidência, naquela época agindo como oposição ao Grande Guru de Garanhuns, Ciro disse textualmente: “Votar em Lula é mandar o Brasil para um buraco negro que ninguém sabe onde vai dar”. Derrotado, comprou uma lanterna potente, deixou crescer uma barbinha rala e medonha e apareceu para o país na pele de ministro do Cabra da tal cratera, instalando-se no buraco do poder com gáudio e pompa, como lhe convinha aos brios em verdade nordestinos de sangue.

Já no episódio da farra das passagens, tendo sua mãe, Dona Maria, dado um rolê em Nova York à nossa suada custa, irritou-se ao ser questionado sobre o tema e disse que a veneranda senhora tinha 80 anos – como se a longevidade de sua mãinha a dispensasse de se ater à decência que deve nortear todos os brasileiros quando se trata do dinheiro do povo. Mas, o coração nordestino tem razões que a razão comum dos demais Estados do Brasil não atinge, vide V. Exa. Metalurgíssima, para quem as leis não servem de nada e estão aí para todos, exceto para sua augusta pessoa.

Bem, bem, bem... Ciro inventou de ser candidato à Presidência de novo em 2010. É um direito que nos atinge a todos, sem dúvida, até Nicinha Boa de Bico, cuja atividade mais constante é tomar baldes diários de água que passarinho não bebe, já andou lançando seu nome ao cargo, mas depois que V. Exa. Metalurgíssima entrou no páreo, desistiu: “Estou..ic...bem representada...ic”, disse no boteco de sua preferência. Voltando a Ciro, o problema é que ele fez apostas erradas, pois julgou que, tendo babado ovo durante oito longos anos, poderia contar com a solidariedade política do homem de Pernambuco, mas não só foi de novo para o buraco como encontrou a cratera cheia d’água, onde foram dar seu burro e ele juntos, lasqueira! Ciro Gomes então levantou poeira, fez carranca, apontou a metralhadora para todo mundo, terminando por dizer que seu ex-patrão, antes por ele badaladíssimo, “viaja na maionese”.

Ai, ai, ai...

Disse ter sido traído, retirou-se da cena, sumiu, não sem antes fazer um bafafá no seu melhor e mais verborrágico estilo, até afagar José Serra e esculhambar com a Boneca Terrorista de Ventríloquo, a grande dama de ferro escolhida pelo Cara para ser eleita e assim permitir que ele se mantenha sempre de frente para o espelho d’água de Brasília, sem que o aborreçam. E Ciro avisou que não faria coro à candidatura da Favorita de Peruca, bateu o pé, meteu a lenha, trovejou, soltou as feras, boquejou p’ra caramba!

Esta semana, Ciro Fênix ressurgiu das cinzas, já mais calminho, encenando o humilde algo retraído (por enquanto...) para, afinal, acrescentar timidamente seu óleo de peroba à receita da maionese da chefia, com direito até a almoço especial de adesão ao Grande Baile de Máscaras de Estela (Wilma, Patrícia, Wanda e quejandos). Para o qual, com certeza, tem preparado o smoking da contradança, no caso de a banda Bolsa-família & Mensalão, contratada e amarrada a peso de sanguessugas e aloprados, conseguir entoar o arranjo escrito por V. Exa. Metalurgíssima para embalar seu sonho de reinado. Toque a zabumba, maestro, bote fogo no bate-coxa! Assegurar uma vaguinha no arrasta-pé (e o apoio ao irmãozinho) é preciso, ser coerente não é preciso... Se Pessoa puder me perdoar pela paródia infame.

DOCA publicou esta crônica em: http://www.papolivre.com.br/

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