terça-feira, 19 de março de 2013

TÁ LINDU!!!!! - DOCA RAMOS MELLO








                                                                  Tá lindu!!!!!!

 

                                                                                         Doca Ramos Mello

                                                                                    ddramosmello@iol.com.br

           

 

 

Sou do tempo – conheço gente que vai dizer que sou louca por usar a expressão, afinal ela denota idade e hoje, todo mundo tem de ser obrigatoriamente jovem - mas eu sou mesmo do tempo em que o cidadão tinha de se adaptar às leis e às regras. Assim, se o local pedia, digamos, saia para as mulheres e calça social para homens, ou bem a pessoa se enquadrava ou sua entrada ali seria barrada.

            Como tudo neste país evolui às avessas, hoje são as leis e as regras que devem se adaptar às pessoas, sob o risco de processos por discriminação. Aliás, tudo é discriminação e você aí não se arvore em dizer publicamente que detesta espinafre porque os produtores de espinafres podem mandar você para a cadeia. E outras barbaridades mais, que o Brasil é prodigo em atitudes para inglês ver. Aqui se faz barulho por conta de um deputado inadequado para assumir os direitos humanos, mas se faz corpo mole quando condenados comandam a comissão de constituição e justiça – nós gostamos de auê.

            Assim, se o local tiver a audácia de pedir as tais saia e calça social como requisitos para a entrada, podemos ter um movimento de moças com os peitos de fora protestando contra a arbitrariedade. Os rapazes ainda não tiram as cuecas para exercer a cidadania, mas deve ser uma questão de tempo, afinal os direitos são iguais. 

            Formei-me em letras. Sou do tempo – olha ele aí, de novo – em que se tinha de ralar muito para conseguir um diploma de licenciatura em línguas anglo-germânicas com português. Estudei loucamente, ao todo fiz 11 anos só de latim, pesquisei literaturas a rodo, tive aulas de filologia, lingüística, o diabo a quatro, fora os idiomas. Hoje ouço dizer que se estuda somente português, diplomam-se estudantes a dar com o pau e eles saem da faculdade dizendo que SEJE o que Deus quiser... Santíssimo Sacramento do altar, misericórdia!!!

            Lecionava português, quando certa feita, à minha pergunta “o que é oração?”, em uma prova, o aluno me respondeu: “É a fé que temos em Deus”. Sou católica. Abandonei a cadeira de língua portuguesa porque tenho sangue quente, temi assassinar alguns exemplares estudantis e ir queimar no fogo do inferno.

            Hoje, preciso me desculpar com aquele aluno. Se tivesse feito o exame do Enem neste 2013, provavelmente ele teria sido incensado com nota mil, afinal, o que importa é...hum... bem...o que disseram mesmo as professoras da universidade de Brasília...? (Sou meio encanada com Brasília, tenho certos receios e...bom, deixemos p’ra lá).

            No Enem deste ano, só para ficar num exemplodignificante, o aluno escreveu “trousse”, entre outras pérolas, e as professoras deram a nota máxima para ele. Que bom! É a língua portuguesa, safada, debochada, homofóbica e preconceituosa, dobrando sua espinha dorsal para acolher melhor o cidadão criativo, o aluno carente, as cotas. Maraviliozo! Fassinante! Incríveu! Estou axando que deveçe voltar a lessionar portugueis porque agora, tenho chansse de me ridimir, né genti?

 

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