terça-feira, 6 de dezembro de 2011

SOBRAM CORRUPTOS PORQUE FALTA CADEIA - AUGUSTO NUNES


05/12/2011 às 19:01 \ Direto ao Ponto Por Augusto Nunes
Depois de ter esvaziado parcialmente os cofres do Ministério do Trabalho, Carlos Lupi esvaziou de vez as gavetas do gabinete em que permaneceu homiziado por mais de quatro anos. Só não consegue esvaziar o pote até aqui de mágoa. “Com vocês da imprensa agora eu só falo por meio de nota oficial”, retrucou o ex-jornaleiro aos jornalistas que tentaram ouvi-lo nesta segunda-feira. “Vocês já destilaram todo o seu ódio. Agora só por nota”. Dado o aviso, caminhou em direção à garagem do ministério ─ e à lata de lixo da história.
Não faz tanto tempo assim, meliantes surpreendidos na cena do crime saíam em desabalada carreira. Agora, capricham na pose de injustiçados e tratam com arrogância os que garantiram a supremacia da lei e da verdade. Se o Ministério Público e o Judiciário cumprirem seu dever, Lupi logo descobrirá que não é possível responder a interrogatórios com notas oficiais. O país que presta não está interessado em saber o que pensa o mentiroso compulsivo. Quer saber o que tem a dizer na delegacia e no tribunal. Delinquentes não concedem entrevistas. Prestam depoimentos. Não acusam. Defendem-se.
Cumpre à Justiça deixar claro que pedidos de demissão não anulam crimes nem absolvem culpados. A perda do emprego não pode impedir nem retardar ações penais. Ex-ministros precisam aprender que não existem condenados à perpétua impunidade. No governo do Brasil Maravilha, sobram corruptos porque falta cadeia.
O Brasil que presta derrota Dilma e Lupi: mais um corrupto cai fora do governo
Graças à coragem da imprensa independente e à indignação dos brasileiros honestos, o país acaba de livrar-se de Carlos Lupi. É o sexto ministro despejado por corrupção em menos de um ano de governo Dilma Rousseff. Se dependesse da presidente, os seis continuariam no emprego. A faxineira de araque não sabe viver longe do lixo. De novo, fez o que pôde para preservar a sujeira no primeiro escalão. De novo, acabou se rendendo à evidência de que os inquilinos do Planalto podem muito, mas não podem tudo.
Além de Dilma, enlaçada pelo abraço de afogado do parceiro gatuno, foram derrotados o ex-presidente Lula, que instalou um vigarista no Ministério do Trabalho, e todos os comparsas do fanfarrão fora-da-lei. Perderam os blogueiros estatizados, os velhotes velhacos da imprensa oficial, os jornalistas precocemente aposentados pela idiotia, os bucaneiros trapalhões de José Dirceu, os milicianos do PT, os parceiros da base alugada e o resto dos sócios do grande clube dos cafajestes.
“Não ajo sob pressão”, disse o general-presidente Ernesto Geisel num episódio em que foi instado pela oposição a fazer o que não desejava. “Eu só ajo sob pressão”, ensinou-lhe o deputado Ulysses Guimarães. Primeiro para não parecer “refém da imprensa”, depois para não parecer subordinada à Comissão de Ética, Dilma tentou percorrer a trilha sonhada por Geisel. Tropeçou na lição de Ulysses. Talvez comece a desconfiar que não tem força para resistir à indignação dos decentes.
A luta contra a corrupção institucionalizada pela Era da Mediocridade será demorada. A roubalheira que assumiu dimensões amazônicas não vai acabar tão cedo. Mas seis ministros fora-da-lei foram expelidos, em pouco mais de seis meses, contra a vontade da presidente. Está cada vez mais difícil manter no cargo um bandido de estimação pilhado soterrado pelo prontuário. Num país em avançada decomposição moral, não é pouca coisa.
Oficialmente, Lupi pediu demissão. Os fatos informam que foi demitido pelo Brasil que presta. Como Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novais e Orlando Silva, caiu fora do governo por corrupção. Como os cinco que o precederam no regresso involuntário à planície, tem contas a acertar com a Justiça. Como os outros, tem de devolver o dinheiro que embolsou.

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