Estou com uma vergonha danada de ser brasileira. Bandeiras do Brasil, patriotismo, vuvuzelas na orelha da gente, entusiasmo pelo país, só quando a bola rola. Não posso ter orgulho de ser brasileira quando vivo num país onde, depois de milhões de assinaturas “criando” a lei da ficha limpa chega um gilmar mendes (questão fechada, letra minúscula, mesmo!) e dá liminar para heráclito fortes se candidatar (vai dar para outros, é óbvio, e com isso acaba com a lei da ficha limpa!); não posso ter orgulho de ser brasileira quando temos um presidente da República que diz que a saúde no Brasil é quase perfeita mas quando precisa de médico vai correndo ao INCOR (e o vice só se trata no Sírio Libanes); não posso ter orgulho do meu país quando políticos se preparam para dar 55 mil empregos de volta a funcionários públicos indenizados por Collor há anos e que querem voltar para continuar fazendo nada; não posso ter orgulho de ser brasileira quando sei que se paga fortunas para indenizações de políticos que sofreram na ditadura (indenizações podem até ser dadas, mas não fortunas!) quando as vítimas do terrorismo político amargam pensões minúsculas ou ausência de qualquer indenização; não posso me orgulhar deste país quando privilegiados funcionários da Justiça – pagos com a minha grana – querem 56% de aumento quando eu, aposentada por essa droga de INSS tive 7%. (Ganho míseros dois mil e pouco de “benefício” depois de 40 anos de trabalho sendo descontada pelo máximo.) Vou ter orgulho do quê? De uma bola com nome esquisito rolando com 22 indivíduos atrás dela e de um técnico mal humorado, antipático, falando português errado (deve ter aprendido com o Lula!) e se dando ares de importante? Nem vejo os jogos! Teria orgulho do meu país se no dia das eleições o povo agitasse bandeiras verde/amarelas, votasse nos melhores, pensasse no futuro desta terra que, dizem, foi abençoada por Deus. Deus abençoou, sim, mas políticos e altos funcionários da Justiça que têm parte com o diabo fazem o que podem para inutilizar qualquer benção Quero, muito, voltar a ter orgulho do meu país. Mas está difícil!
Regina Helena de Paiva Ramos (jornalista)
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