O senador Oquifio Dumaégua da Silva tem novo empreendimento na praça e, de público, vem rasgar o verbo uma vez mais, como é hábito seu, desde a criação do PPV, o Partido Puta Véia - palavra que ele decidiu escrever com nomenclatura antiga, ou seja, acentuada segundo sua necessidade, devido às dúvidas que causava em muitos brasileiros.
“Somos o Partido Puta Véia e não vamos mais abrir mão do acento na palavra porque muita gente ficava confundindo com “veia”, aquela por onde corre sangue, sacumé? O nosso negócio aqui não deixa de ser sangue, hehehe, visto que tiramos a nossa riqueza do suor do povo idiota, mas ainda assim uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, não vamos generalizar. Então, um puta véia é mesmo contra determinadas regras, pois não aceitamos enquadramentos que não nos favoreça o bolso, aqui usamos o acento e quem quiser que vá reclamar com o bispo. Ou com qualquer professor imbecil que, ganhando a merreca que ganha nem deve ter força para discutir com a gente. Estamos conversados.
Mas, estou aqui para anunciar um novo empreendimento putaveístico de proa, uma vez que nós somos o partido mais antenado com a realidade brasileira, a gente rouba e deixa roubar (olha aí, ZéD, uma homenagem a você, meu querido!) e ainda mostra o produto do roubo na cara de todo mundo, na maior, p’ra ver se tem quem tasque neste país. Comigo, não violão. A única diferença entre nós e outros tantos partidos tão ordinários quanto o nosso é que nós abrimos o jogo, fazemos mais ou menos o que fazem uns e outros quando dão uma carteirada ou perguntam se as pessoas sabem com quem estão falando, entendem? Nós roubamos, somos corruptos, superfaturamos e não escondemos isso de ninguém nem ficamos inventando açougues, ranários, filhos que viram sucesso empresarial da noite p’ro dia, heranças absurdas, e não censuramos jornais, eles que falem o que quiser porque nunca pega nada p’ra nós, etc. Essas merdas desqualificam a democracia no Brasil.
P’ra falar a verdade, a gente também não implanta cabelo, não usa peruca, não faz progressiva, não apaga o passado nem muda o visual ou o guarda-roupa para agradar quem quer que seja, ah, que porcaria isso, que abacaxi! Esse pessoal pensa que o povo não sabe das coisas, muitos sabem sim, mas graças a Deus nem todos aprenderam a ler direito ou gostam de ler, como V. Exa. Metalurgíssima prega com tanto prazer e acerto, de sorte que a maioria vive de bolsa-família e o resto do mundo que se lasque. Taí a aprovação da chefia p’ra ninguém botar defeito e ai de quem ousar dizer que ele não é o maioral, ai, ai, ai...
Eu ando meio cansadão. Ganhar dinheiro no mole também tem suas chatices, e olhe que eu ainda nem adquiri um Estado só p’ra mim, como o Sarney, ainda estou no começo dessa marmelada toda, mas confesso que tenho me aborrecido por conta da insensibilidade de quem só quer aparecer e fica inventando moda.
Ara, ara, que negócio é esse de Ficha Limpa?! Que merda!
Pois bem. Contra a tal Ficha Limpa, estou fundando aqui no Puta Véia a Lavanderia Lav &Ria Off Shore Paulo Salim Maluf, uma homenagem que faço a este natural puta véia juramentadíssimo, o marido de dona Sílvia. Com sabão em pó ZéD - o único capaz de mudar de nome e manter o brilho; amaciante Lady Dil (na versão Wilma, a terrorista); alvejante Genoino (branqueia até dólares acondicionados em cuecas); e perfume Delúbio Soares, na frangância Tesoureiro Miraculoso, o Puta Véia garante total satisfação do cliente, limpando a ficha dele no vapt-vupt. Adquirimos máquinas de lavar poderosas nas Ilhas Cayman, o Duda e o Valério nos deram o caminho das pedras para enxaguar as fichas e ainda compramos o quarador Menino Palofinho, que completa o serviço com louvor.
A partir dessa droga de lei que todo mundo sabe que não vai pegar porque essas coisas não pegam assim com a facilidade que muitos bocós acreditam, nós do PPV apresentamos a nossa lavanderia, onde qualquer político pode ter certeza de que sua ficha vai ficar alva como alma de bebê. Ninguém precisa perguntar se a lavagem é verdadeira porque está mais do que claro que não é, estamos falando em plano filosófico, não se vai gastar tempo e esforço com uma pobreza dessas, isso é para amadores e nós somos profissionais. Ou seja, a lavanderia é virtual, mas funciona, o cliente vai poder levantar o queixo e berrar: “Eu tenho a ficha mais limpa do mundo!”. Basta que passe no guichê no PPV e acerte as maracutaias que não revelaremos aqui porque o segredo continua sendo a alma do negócio, e uma coisa eu garanto: dinheiro no meu bolso e sua ficha branquinha, branquinha – não há nada que o dinheiro não pague, incluindo aí uma reputação ilibada, mesmo que o candidato seja um puta véia de primeira grandeza.
Caia na gandaia sem esquentar a cabeça, Lave & Ria, você merece!”
DOCA publicou esta crônica em: http://www.papolivre.com.br
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