terça-feira, 6 de abril de 2010

BOLSAS & BOLSINHAS - DOCA RAMOS MELLO



Domingo de Páscoa, hora de benevolência!

E adivinhem quem é o Coelhinho...? Pois nosso deslumbrante Guru acaba de inventar um ovo e tanto, sacando da algibeira o Bolsa-Combustível, meu Deus, que coisa linda! Não, não, evite salivar na crença de que todos os trabalhadores vão ter acesso a mais esse chocolate todo, outra benesse da lavra do criador do Brasil, xô, ilusão! Rapadura é doce, sim, mas só é macia para 6 mil servidores apaniguados “de confiança” de V. Exa. Metalurgíssima, que terão direito a essa graninha extra. O resto do povo ou bem tem condições de botar combustível no carro por conta própria ou nem tem carro, de sorte que não precisa de gasolina. O álcool...?! Ah, aquele álcool está garantido por outras bolsas, a gente sabe...

E o novo mimo para os mais íntimos do reino da Sofisticada Organização Criminosa é de R$ 374,00 mensais, ao custo de R$ 25 milhões por ano, uma bagatela, se computarmos os benefícios da medida.

Como assim, você não entende os benefícios?!

Ora, soltar dinheiro equivale a dar mais um gás à candidatura da Dulce Maria. Quero dizer, Estela. Wilma...? Bem, a Rainha da Simpatia (disputa pau a pau com Glória Maria o troféu Mamãe, eu sou um Nojo), Lady Dil, a Karadekatraia. A ternurinha dos dentes p’ra fora deu uma empacada nas pesquisas, coitada, nas quais estava indo bem porque era cavalo sem concorrência nas demais raias, mas aí veio essa merda da liberdade para que outros concorram ao cargo e pronto! Desandou tudo, arre que a democracia só serve para aborrecer aqueles que tanto lutaram na ditadura para depois serem indenizados, democracia é o inferno! Por isso em Cuba todo mundo é feliz, lá não tem essa.

De onde saiu Lambão, ainda pode sair Simião, por isso vejamos as próximas investidas do filho do Brasil!



Bolsa-Estádio/Boteco

A entrada aos jogos de futebol está pela hora da morte, mesmo com Ronaldo, o Fenômeno das fartas demonstrações de refinamento de maneiras (um lord!), Adriano, O Imperador da Motocicleta Obscura e Vagner Love, o Escoltado Inocente do Cabelo Indecente, a oferecer espetáculos extracampo... Ainda assim, o sonho do torcedor apaniguado continua comum aos dos demais mortais, ele quer ver seu time jogar! Agora veja bem, se o pobre só tem um carguinho conquistado na maciota, com os benefícios de praxe, mais essa nova verba ínfima para o combustível (etc.), de onde vai tirar grana para os ingressos, oh, cristão? De nada adianta pagar o combustível, se não pagar pela entrada no estádio, claro. E depois do jogo, é de lei, o sujeito merece uma loira gelada no boteco para poder comentar o jogo. A Maldadebras nunca vê as coisas boas que faz o PT!



Bolsa-Happy Hour

Você aí, da Zelite, deve estar pensando que happy hour é coisa só de gente como Jabaury Júnior, você é preconceituoso. Apaniguado também se cansa do serviço e precisa ter assegurado seu direito de relaxar todo fim de tarde, após a lida diária. Se deputados, senadores, vereadores, governadores e prefeitos, empresários e socialites têm seu happy hour, o funcionário do cargo de confiança também está dentro e não abre. E quanto custa um happy hour, quem sabe do tipo que o Menino Palofinho frequentava amiúde em Brasília, até que o bocó do caseiro inventasse de botar fogo no clube privé? Caríssimo, acredite. O uísque, se de boa fonte, digamos escocês de berço com saiote e tudo, é uma baba, drinks especiais à base de simples vinhos da reserva pessoal da rainha Rania são raridade, e raridade tem seu preço, todo mundo sabe... Fora os petit fours, os queijos suíços, a gorjeta do bartender, os licores, quem sabe até as moçoilas, funcionárias aguerridas de Jenny Mary Corner, que cobram por fio de cabelo progressivado e com luzes!



Bolsa-Cueca

A moda tem dado destaque à peça íntima, por isso é necessário que o servidor público seja provido do item, na sua mais recente versão, qual seja a que traz bolsos em toda a sua volta, para as providências cabíveis. V. Exa. Metalurgíssima encomendou ao estilista de underwear mais badalado do reino candango, Karl Largenoino, o novíssimo modelo samba-canção guarnecido com embornais (em breve, lançamento na DFFW – Distrito Federal Fashion Week), que tem muito mais capacidade de armazenamento. Os apaniguados precisam ser dotados de verbas para adquirir a peça, pois ninguém desconhece o quanto é caro o mercado fashion. Mais aparelhados os funcionários, o serviço público vai ganhar agilidade no atendimento. E no carregamento, óbvio.



Bolsa-Superkid

O Cara está cansado de ouvir dizer que seu português é ruim e que ele é ignorante, com todo respeito, sem estudo, sem lastro. Vire e mexe tem sempre um canalha para anotar os plurais dele, as gafes, as piadas sem graça, os furos n’água, como se no Brasil todo mundo fosse diplomado como o asqueroso do FHC, credo! Com a nomenclatura adotada nesta nova bolsa, V. Exa. Metalurgíssima mata a cobra e mostra o pau, afinal já demonstra intimidade com o inglês que vai apresentar quando estiver na ONU... A bolsa em si é apenas para o pagamento de escolas particulares aos filhos dos colocados em cargos de confiança, uma vez que muitos desses funcionários também são acusados de analfabetos, bestas completas – é preciso romper esta barreira, acredita O Cabra. Ou seja, nosso guru dá uma chance para que os filhos dos apaniguados tenham um futuro melhor, não é isso que o Brasil quer?



Bolsa-Ex-Mulher

Hoje em dia, diz o Cabra, todo homem tem uma ex-mulher (quando não tem umas três, quatro, muitas vezes até outras, que correm por fora com títulos diversos, quase sempre com cria, o chamado filho-segura-pensão-alimentícia, que gera gastos incompatíveis com seu salário) para sustentar e ex-mulher, reza a lenda, é para todo o sempre. Por isso, V. Exa. Metalurgíssima vai dar verba mensal destinada à manutenção dessa que é mais um baluarte da sociedade. De quebra, o Bolsa-Ex-Mulher ainda alivia o pobre apaniguado, tirando de suas costas a preocupação que lhe compromete o desempenho no cargo, mesmo quando esse funcionário só vai ao banco para o recebimento mensal do salário suado. Ex-mulher, amante, ex-amante, concubina, galho, caso, *miojinho e adjacências dão muita despesa...

(* Por Deus, não me peça para detalhar o termo!)



Bolsa-Motel

Ah, me poupe! Preciso explicar...?



Esclarecimento: algumas das bolsas acima têm a versão feminina, a saber: Bolsa-Calçola Gigante e Bolsa-Ex-Marido. Para aquelas que não são torcedoras de futebol, a variação prevê o Bolsa-Drenagem Linfática e/ou Botox.

DOCA publicou esta crônica em : http://www.papolivre.com.br







Nenhum comentário:

Postar um comentário