quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

AÇÃO ENTRE AMIGOS - DOCA RAMOS MELLO


                                                            Ação entre amigos

 

                                                                             Doca Ramos Mello

                                                                        ddramosmello@uol.com.br

                                     

 

            Inspirada na brava juventude petista que está juntando grana para pagar as multas dos condenados pelo mensalão – ô dó, morro de pena dessa gentinha, digo, desse pessoal -, decidi lançar outras campanhas benemerentes de igual teor. Senão, ainda mais meritórias porque falo de condenados que não foram alvos da bondade dessa juventude bem formada e gentil do Brasil varonil. Se você é como eu, consciente de suas obrigações humanitárias, passe esta corrente para seus contatos e vamos engrossar, cada dia mais, as doações. Ao trabalho, vamos dar dinheiro para os condenados!

 

            Fernandinho Beira-Mar: você pode doar uma semana de salário do seu trabalho para ajudar o coitado do traficante a pagar para reduzir sua pena. O carnaval está chegando e não é justo que ele fique de fora da folia carioca de que tanto gosta, mais uma vez.

 

            Marcola: só porque andou queimando jornalista no microondas não significa que seja assim um sujeito ruim da peste, nem pensar. É pai de família zeloso e quer passar o resto de seus dias em casa, no recesso de seu lar, mas o impede a prisão injusta. Dinheiro p’ra ele, gente. (Eu acho que ele pode até já ter morrido. De tristeza pela injustiça).

 

            Suzane Von Rischtoffen: mocinha terna e loira, merece a campanha até porque não deram a ela a herança de paizinho e mãezinha, cuja morte ela encomendou ao namorado gente boa. Aliás, as doações para ela serão divididas também pelos irmãos Cravinhos, outros dois injustiçados que só querem da vida empinar avião de brincadeira.

 

            Alexandre e Carolina Jatobá: todo mundo sabe que eles pegaram cadeia naquele inferno de Tremembé, que nem de longe é lugar para pais de família. Como os dois adoram passear no supermercado com os filhotes, não é justo que continuem encarcerados, até porque negaram todas as evidências do crime – são dois anjinhos. O pai dele cansou de dizer isso.

 

            Goleiro Bruno: botaram nas costas dele o sumiço de uma ‘periguete’ que o atormentava, ela quis ter um filho para aborrecer o sujeito e ele só se interessava pela seleção brasileira. Aí ele pegou cana, coitado. Vamos dar dinheiro que baste para ele sair antes da próxima Copa.

 

            Carlinhos Cachoeira: nem precisa, já livraram o cara a tempo de ele se casar com a beldade. Suspendam a campanha, ele está feliz. Quem vai precisar de doação é seu contador.

 

            Palocci: ah, esse não é condenado, é consultor, deixa p’ra lá, foi um equívoco.

 

            É como diz a bela juventude petista: “No fim tudo dá certo e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim”. Não é lindo?! E profético!

 

           

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