segunda-feira, 29 de outubro de 2012

DIRETO AO PONTO - AUGUSTO NUNES

Direto ao Ponto

29/10/2012
 às 15:25 \ Direto ao Ponto

2012 será lembrado como o ano em que os mensaleiros foram remetidos à cadeia

Inspirado nas reações da seita lulopetista à vitória de Dilma Rousseff, escrevi em 12 de novembro de 2010 que a torcida do PT, seja qual for o resultado da eleição, está sempre colérica com quem não cumpre ordens do dono do time. Neste domingo, a discurseira raivosa de Fernando Haddad, os comentários de seus padrinhos e as ofensas berradas pelos companheiros autorizaram a republicação, sem retoques, do post publicado há dois anos. Bastou eliminar o nome de Dilma Rousseff.
Em vez de festejar a própria vitória, os devotos do PT preferem celebrar a derrota dos outros. Em vez de cantorias em homenagem a quem venceu, preferem ofender quem perdeu. Em vez de confraternizar com quem cumpriu a determinação de Lula e votou no poste que o chefe escolheu, preferem patrulhar a internet à caça dos que se recusam a obedecer a homens providenciais, para condená-los à danação eterna sob uma chuva de insultos.
Em vez de sentir-se em casa nos blogs estatizados, preferem ser escorraçados dos que não estão à venda. Em vez de dormir sonhando com os oito anos de Lula, preferem seguir insones com os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Eles não sorriem, não se divertem, nunca ficam simplesmente alegres. Preferem a histérica gargalhada eletrônica. Reféns voluntários do ressentimento, portadores do rancor que proíbe o convívio dos contrários, são incapazes de expressar-se com serenidade: berram, urram, uivam, rosnam.
Prisioneiros do pensamento único, não raciocinam, não refletem, não examinam opções: recitam o que ouvem, fazem o que os comandantes ordenam, torturam o idioma e a lógica com o desembaraço inconfundível dos que se dispensam de perder tempo com dúvidas. Sobretudo, não compreendem a ironia. Formas superiores de inteligência jamais estarão ao alcance de cretinos fundamentais. Porque só sabem viver possessos, os devotos da seita companheira jamais serão felizes. Como tantas outras, a torcida do PT nunca soube perder. Depois do mensalão, transformou-se na única torcida do mundo que também não sabe ganhar.
Se houvesse espaço para a sensatez na caberça de um petista, os seguidores de Lula aproveitariam a vitória de Haddad para distender por uma semana os músculos do rosto. Já neste 7 de novembro, com o recomeço do julgamento do mensalão, a companheirada voltará a colecionar evidências de que vive seu annus horribilis. Como 1968, este período do calendário gregoriano não terminará tão cedo. E será eternizado nos livros de História.
Não por causa das eleições municipais: em pouco tempo, ninguém mais lembrará que Haddad virou prefeito em 2012. Mas incontáveis gerações de brasileiros continuarão a aprender que foi este o ano em que o Supremo Tribunal Federal mandou para a cadeia chefões do partido que virou quadrilha e tentou capturar o Estado Democrático de Direito.

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