segunda-feira, 10 de maio de 2010

LIGAÇÕES PERIGOSAS - DOCA RAMOS MELLO


“Que putaria é essa com meu filho, alguém pode me explicar essa marmota?!

O senador Oquifio Dumaégua da Silva, fundador do PPV – Partido Puta Veia (que exige explicação a partir da idiotice da reforma do português em 2009: ‘veia’ é ‘velha’, no popular), tem muitos filhos de diversas mulheres, além dos que teve “com a matriz, a patroa oficial”, segundo suas gentis palavras (ele se intitula um ‘Renan Calheiros potencializado’). Um puta veia, esclarece ele sempre que tem oportunidade, é pelas escâncaras de todas as falcatruas que um político faça na vida pública e mesmo na privada. “Mentir cansa e não está com nada, além disso o povo já não se incomoda com isso, é rouba mas faz, é faz pouco e rouba muito, é não faz mas rouba, o que importa é o homem público ficar rico”, diz fazendo gestos grosseiros que não se pode comentar diante de senhoras e crianças inocentes...

Portanto, quando falou na marmota, todos no plenário ficaram se perguntado a que filho exatamente se referia o irado senador.

“Eu quero ver quem é macho para apontar o dedo para Dumaégua Júnior, meu filho querido, em quem confio, porque sei de quem estou falando, é cria minha e quem sai aos seus, não degenera. Andam matracando por aí, dizem que Dumaeguinha é amigo do chefe de máfia chinesa, o Paulo Li... Que mané amiguinho de Paulo Li, escreveu, não leu, o pau comeu, ora essa, meu filho nunca foi um simples amigo, amigo não serve p’ra nada. Tem de ser comparsa, parceiro, chegado, íntimo nas maracutaias, trocar favores, é assim que funciona. Então, meu filho encomendou com o chinês umas muambas, ah, quem é que não compra muamba neste país? É só dar uma chegada na 25 e ver aquilo lá lotado de muambas, a pirataria come solta lá e todo mundo gosta, ou a Beneditinha não poderia ter bolsa da Louis Vuitton nem telefone celular com televisão, o que é que vocês querem, que só a Zelite tenha acesso às grifes? E meu filho fez encomendas básicas, como qualquer cidadão brasileiro, só que aproveitou para retribuir, ajudando o chinês numas tretas, ora, é assim que a banda toca: uma mão lava a outra e as duas lavam os olhos”.

A mesma reportagem que tratou das ligações perigosas de Dumaégua Júnior com a máfia chinesa, também abordou um concurso público, no qual Dumaeguinha fazia questão que o futuro genro fosse aprovado na marra.

“Qual é a novidade? Dias desses, vi na televisão três mocinhas bem de vida cujos parentes ajeitaram, armaram, para que elas estudassem medicina com bolsas do governo. Quem não faria isso, se pudesse? Ah, a tv devia caçar assunto, não tem graça nenhuma filmar uma loirinha rica e bonita entrando no C3 que o pai deu a ela – só para fofocar dizendo que por isso ela não pode ter bolsa. Pois pode, deve e eu achei bacana a família ter passado a perna em outros estudantes, azar dos lerdos, dos idiotas, o mundo é dos espertos. Já vi rabino roubando gravata e depois fazendo cara de psicótico, é muito cansativa essa encenação, no PPV nós optamos pela transparência, ora essa, simples assim. E por acaso está fácil casar uma filha nesses tempos estranhos em que vivemos hoje, quando os moços andam correndo mesmo é atrás de velhas cheias da nota que possam dar vida boa p’ra eles, quando não correm, Deus me perdoe, atrás de outros moços?! Por isso Dumaégua Júnior vem se esforçando para fazer da menina dele uma feliz jovem senhora. Agora, eu quero saber como um rapaz vai se casar sem eira nem beira, mais ainda com neta minha...?! Aconselhei meu filho a não dar entrevista, estou eu mesmo falando a todos diretamente, aqui no Senado, porque comigo é na bucha, eu mato a cobra, mostro o pau e ainda lucro com isso. Está tudo preto no branco. E vocês podem escrever aí, não vai dar nada porque o governo está com a gente”.

De acordo com a reportagem, havia meses a polícia estava monitorando as ligações telefônicas de Dumaeguinha, tendo gravado diversos diálogos dele com Paulo Li e com o pessoal responsável pelo concurso do genro, enfim, as maracutaias estão todas gravadas.

“Acho graça! Tenho outro filho em maus bocados com um jornal imbecil, por causa das reportagens feitas sobre os negócios dele, meu filho é empresário de sucesso, claro. Na política, ninguém corre riscos, prosperidade é capim. O que eu fiz? Mandei um companheiro meu botar censura no jornal e todos os dias a redação escreve lá que estão censurados há não sei quanto tempo, blá, blá, blá..., grande porcaria! Eles podiam fazer reportagens porque não ia pegar nada, mas mandei brecar só para mostrar força e aborrecer essa gentalha, eu detesto a mídia. Agora, a merda da polícia indiciou meu filho, quá, quá, quá, até parece! Nós, os da Silva, entramos na política para enriquecer porque pobreza cansa, estávamos cheios de carregar tijolo, comer feijão com farinha, vestir algodão grosso.... A gente queria ter emissoras de rádio e tv, fazendas, apartamentos, casas, propriedades, roupão de algodão egípcio, seguro de vida para a família, filhos bem sucedidos, esposas condecoradas, carro com motorista, avião à disposição, jóias, tudo pago, e mais alguma coisa, aposentadoria gorda e precoce, grana de penca... Então, ficamos ricos como praticamente todos os políticos deste país. E todo mundo conhece a fórmula, portanto, nada de ficar enchendo o nosso santo saco. A única diferença é que nós não escondemos nada porque um puta veia se orgulha do dinheiro roubado que tem e não finge ser honesto, aqui ninguém vale um ovo choco. Dumaégua Júnior também livrou a barra de outro chinês de nome difícil, uma coisa de contrabando, e daí? A gente podia até vir com uma conversa de que ele gosta de pastel, por exemplo, mas para quê?Dumaeguinha não é só parceiro de Paulo Li, é unha e carne com Paulo Lê, Lia e Lerá, e muito em breve ainda var ser íntimo de Paulo Lesse, Leria, Vailer, Estálendo... O que vier, ele traça, pois só faz seguir a nossa cartilha, tá certo ele, me orgulho muito”.

DOCA publicou esta crônica em: http://www.papolivre.com.br


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