Reinaldo Azevedo - quinta-feira, 29 de outubro de 2009 16:31
No post abaixo, chamo de “picaretagem” essa história de que é pior isolar um regime autoritário do que integrá-lo. Ora, tenho os fatos a meu favor. E o meu melhor exemplo é justamente a Venezuela. Ninguém isola o país — nem os EUA, comprador quase único do seu petróleo. Chávez tem trânsito em todo o mundo. Isso adiantou? Ele desistiu de suas idéias e práticas ditatoriais? Ao contrário, ele as vai aprimorando — tanto quanto se pode aprimorar uma ditadura. É verdade que os venezuelanos, coitados, já não podem tomar banho de mais de três minutos e que Caracas é, provavelmente, a cidade mais violenta do mundo. Para vocês terem uma idéia, o índice de assassinatos corresponde a quase cinco vezes o do Rio de Janeiro… São conquistas genuínas do chavismo! Mas volto ao ponto.
Adiantou? Aconteceu rigorosamente o contrário. Em vez de Chávez melhorar ao travar contato com outros países, foram os outros países que pioraram em contato com ele. Ora, ele já até formou a tal associação de países bolivarianos, com nove membros. É uma espécie de condestável do Equador e da Bolívia. Juntou-se a Daniel Ortega para ações delinqüentes no continente. Fez-se interlocutor privilegiado do Irã e da Rússia na América Latina. Será que Chávez realmente melhorou ao ser “integrado”?
Então, essa conversa é coisa de vigaristas intelectuais da pior espécie. Vocês acham o quê? Que um Raúl Castro que fosse admitido em todos os salões da democracia deixaria de ser um Raúl Castro? Que isso necessariamente empurraria o regime para uma liberalização?
Peguemos um caso realmente emblemático: a China. É verdade que o mundo depende daquele país. Lula, em particular, deve a sua atuação “formidável” à demanda chinesa. O país é hoje “o” player internacional. Algum sinal de abertura política por lá? Ao contrário. Há teóricos em penca demonstrando que aquele troço só funciona porque é uma tirania: a tirania virtuosa, imaginem…
Falo de países vários, com realidades políticas e econômicas as mais distintas, de propósito. É para demonstrar que, em todos esses casos, a tese da “integração que leva à liberalização do regime” é FALSA!
Os que votaram a favor do ingresso da Venezuela no Mercosul o fizeram, em primeiro lugar, porque Lula mandou; em segundo, porque não estão nem aí para a democracia. Os esquerdistas do grupo não estão porque nunca estiveram. Ou um admirador de Stálin, como Inácio Arruda, dá bola para algo como liberdades públicas? E outros, como Francisco Dornelles,votam porque Lula, no que diz respeito a seu cartório, é “papo-firme”, como se dizia nos tempos em que Dornelles tinha cabelo.
Imaginem só… Este senhor é um dos nossos “liberais” no Senado!!! Eu não disse? O único Burke que passou pelo Brasil foi seqüestrado e quase morto…
Por Reinaldo Azevedo
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