Ação entre amigos
Doca Ramos Mello
ddramosmello@uol.com.br
Inspirada
na brava juventude petista que está juntando grana para pagar as multas dos
condenados pelo mensalão – ô dó, morro de pena dessa gentinha, digo, desse
pessoal -, decidi lançar outras campanhas benemerentes de igual teor. Senão,
ainda mais meritórias porque falo de condenados que não foram alvos da bondade
dessa juventude bem formada e gentil do Brasil varonil. Se você é como eu,
consciente de suas obrigações humanitárias, passe esta corrente para seus
contatos e vamos engrossar, cada dia mais, as doações. Ao trabalho, vamos dar
dinheiro para os condenados!
Fernandinho
Beira-Mar: você pode doar uma semana de salário do seu trabalho para
ajudar o coitado do traficante a pagar para reduzir sua pena. O carnaval está
chegando e não é justo que ele fique de fora da folia carioca de que tanto
gosta, mais uma vez.
Marcola:
só porque andou queimando jornalista no microondas não significa que seja assim
um sujeito ruim da peste, nem pensar. É pai de família zeloso e quer passar o
resto de seus dias em casa, no recesso de seu lar, mas o impede a prisão
injusta. Dinheiro p’ra ele, gente. (Eu acho que ele pode até já ter morrido. De
tristeza pela injustiça).
Suzane
Von Rischtoffen: mocinha terna e loira, merece a campanha até porque
não deram a ela a herança de paizinho e mãezinha, cuja morte ela encomendou ao
namorado gente boa. Aliás, as doações para ela serão divididas também pelos
irmãos Cravinhos, outros dois injustiçados que só querem da vida empinar avião
de brincadeira.
Alexandre
e Carolina Jatobá: todo mundo sabe que eles pegaram cadeia naquele
inferno de Tremembé, que nem de longe é lugar para pais de família. Como os
dois adoram passear no supermercado com os filhotes, não é justo que continuem
encarcerados, até porque negaram todas as evidências do crime – são dois anjinhos.
O pai dele cansou de dizer isso.
Goleiro
Bruno: botaram nas costas dele o sumiço de uma ‘periguete’ que o
atormentava, ela quis ter um filho para aborrecer o sujeito e ele só se
interessava pela seleção brasileira. Aí ele pegou cana, coitado. Vamos dar
dinheiro que baste para ele sair antes da próxima Copa.
Carlinhos
Cachoeira: nem precisa, já livraram o cara a tempo de ele se casar com a
beldade. Suspendam a campanha, ele está feliz. Quem vai precisar de doação é
seu contador.
Palocci:
ah, esse não é condenado, é consultor, deixa p’ra lá, foi um equívoco.
É
como diz a bela juventude petista: “No
fim tudo dá certo e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim”. Não
é lindo?! E profético!
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