INGRATIDÃO, INGRATIDÃO...
Ingratidão, ingratidão...
Doca Ramos Mello
ddramosmello@uol.com.br
Ai,
ai, ai, mais uma prova de que o povo ruim deste país não valoriza quem se mata
de trabalhar por ele, oh, Deus, até onde vai a ingratidão?! Suspeito que nem
mesmo Zé Dirceu, que conseguiu uma vaga esperta no serviço público para sua
mais nova “namorada” (sem horário para entrar ou sair, com direito a apenas
ficar nas redes sociais quando em ‘serviço’ e com um salarinho de doze mil
mensais), seja grato pela oportunidade, aposto que acha a coisa mais normal do mundo...
Porém, justifica-se a iniciativa do homem de mil e uma faces porque a moça
cuidou de lhe apresentar o crachá da pensão alimentícia e alguém tem de pagar o
que manda a lei, oras. Portanto, o chefe do mensalão deve ter-se inspirado
livremente em Renan
Calheiros – esse negócio de pensão de filho é uma amolação
muito grande, dá até cadeia, vamos combinar, é preciso descolar patrocinadores
ou o sujeito pode ir à bancarrota. E ainda tem a questão de valorizar o imenso
e infinito amor das “namoradas”, amor é amor, não se deve menosprezar, não fica
bem.
Então,
eu dizia da ingratidão...
Gente,
o povo de Natal vaiou a “presidenta”! Imaginem vocês, ela lá no palanque, a
discursar feliz em uma inauguração que poderia gerar dividendos políticos – não
que estivesse interessada nisso, longe dela – para as próximas eleições, e vai
a gentalha ruim comandada pela Maldadebras e lasca a maior vaia na camarada,
Jesus! Porém, ela inventou os programas Mais Médicos e Minha Casa Minha Vida, é
aguerrida, revolucionária, não se deixa abater pela corja ingrata. E foi logo
gritando “não façam isso” de dedo em
riste, “é feio”, apelou para a nossa
miscigenação, vociferou, fez o diabo a quatro, mas a vaia continuou sonora,
esquentada também pela desaprovação que a população de Natal devota à sua
prefeita que, disseram os jornais, portava óculos esquisitos. Não há nada de
novo nisso, aqueles que se elegem e se tornam poder quase invariavelmente passam
a agir de maneira peculiar, a cadeira política rende muitos frutos interessantes,
além de dinheiro de penca, cargos para familiares e amigos, prestígio, amantes...
Mas parece que, na maioria das vezes, não dá boa biografia nem faz muito bem ao
estilo pessoal. Quando não rende suspeitas, processos, investigações policiais,
algemas, é preciso muita abnegação. Agora, que muda tudo, ah isso muda!
Eu
explico. Dou um pequeno exemplo.
Em São Clemente do Divino,
no sertão das Alagoas, Gininho Preto, eleito vereador, exige agora ser chamado
de Dr. Gino Afro-descendente, alegando que “preto” é discriminação e ele não
aceita. O “doutor” é por causa da
autoridade... Também começou a botar chifres em Maria da Glória, sua
companheira dos tempos das vacas esquálidas, com Nizetinha Bunda de Fora, cuja
folha corrida de serviços de baixo ventre prestados à população masculina local
é longa e diversificada – o vereador também a rotula de “namorada”, seguindo a
norma vigente atual, é um homem de seu tempo. A mais nova Domitila do sertão
ganhou, pois, escritório particular, influência e cargo bem remunerado, onde
faz negociatas mil. Autointitulada “Xuxa
de São Clemente”, a sujeita dá boas gargalhadas quando afirma fazer dueto
com ‘Luísa Brunet’, aquela... Gininho ficou riquíssimo! Se
antes não tinha um velocípede para chamar de seu, hoje ostenta a pança paquidérmica
dentro de vários carros importados. E de mansão com piscina, lojas,
apartamentos...
Voltemos
à vaia...
Na
minha cabeça, a “presidenta” (acho lindo ela exigir ser chamada assim, gosto
até de rimar com “inteligenta, contenta,
alegra, forta”, fica ótimo. Só não é mais belo que ouvi-la dizer “brasileiros e brasileiras”, ai que
doce!) devia descer do palanque e puxar as orelhas dos manifestantes, quem sabe
deitar um por um no colo e dar boas palmadas na bunda desses desordeiros, ora
me creia, faltam disciplina, educação e ordem neste país, afinal, como disse o herdeiro
de Mia Farrow, somos todos possivelmente
filhos de Frank Sinatra. Olha o respeito, moçada!
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