TEÚDA E MANTEÚDA - DOCA ARAMOS MELLO
Teúda e Manteúda
Doca Ramos Mello
ddramosmello@uol.com.br
Já
assumi a missão de defender os fracos e oprimidos políticos da nossa República
e seus amigos, tropa abnegada que nada
mais faz nesta vida a não ser ralar o traseiro nas ostras pelo povo. E o povo,
valha-me Deus, um ingrato! Essa gente tem a boca grande, o olho ainda maior e o
estômago furado, tudo quer, tudo exige, tudo cobra, só porque paga uns
minguados impostinhos, que safadeza! Não foi à toa que um deputado falou que se
lixa para a opinião pública, está certo ele. Mas, é por causa dessa atitude
torta popular que se constatam tantas caras tristes nas Câmaras, no Senado, nos
governos municipais, estaduais e, oh, dor, no governo federal.
Sim,
a Camarada Rousseff carrega um rosário de agruras, é olhar para a cara dela e
perceber que a coitada está, com perdão da deselegância de maneiras e sem
segunda intenção, de saco na lua. Tem hora que ela olha para aquela água em
torno do palácio e sente vontade de se atirar lá, cantando ‘Mamãe, eu quero’, largadona, sem medo de
ser feliz, ai dela, mas pode? Pode? Não pode. Pois tem de ser presidenta, estar contenta, forta e eleganta no comando do país e ainda
tourear o Obama, que dureza! Ainda bem que agora ela encontrou meios de relaxar
– tem andado de moto (fera radical) e está fumando charutos cubanos nos finais
de semana, ela gosta muito de tudo o que vem de Cuba, suspeito que nutra uma
paixão secreta por Fidel, o guapo... E deve ficar linda charutando!
Mas,
como dizia, estou aqui para dar curso a mais uma defesa.
Trata-se
de Rosemary Noronha. Desde que apareceram reportagens sobre ela e descobriram
que é amiga íntima de V. Exa. Metalurgíssima, o povo caiu de pau em cima da ‘Luísa
Brunet’ diaraque. Que dizem as péssimas línguas? Que ela é amante de Lula da
Silva! Primeiro que não é assim que se fala, olha o decoro, e não se pode
enxovalhar dessa forma rude uma paixão incontrolável, um amor desabrido, daqueles
de levar a pessoa à loucura, mais respeito é bom e não trinca os dentes. Ocorre
que, quando ela viu Lula da Silva com aquela barba viril, o discurso
maravilhoso em excelente português, nove dedos de pura luxúria, o bafo de 51,
digo, o físico sensual, a pança, isto é, o carisma dele, caiu como uma patinha em êxtase. Foi isso.
Amor, gente, amor. E platônico, sejamos justos, totalmente platônico.
Aí
ele, emocionado com sua devoção, deu um empreguinho para ela, cargo com salário
de somente doze mil reais, tostões vis, mas ele ficou com pena da moça e
valorizou seu grande amor, dando-lhe até poderes especiais. De posse dessa
vaga, Rosemary ajeitou a compra de dois apartamentos – qualquer um compra
apartamentos com a maior facilidade, vamos deixar de fazer comentários
desairosos -, a vida do marido e da filha, pois é uma mulher de família. E
ainda fez altíssimos negócios (incluindo uns diamantes), deu ordens, viajou
pelo mundo afora na comitiva do cabra, sempre com os olhos marejados pelo amor
contido, afinal ele é casado com Dona Marisa, a Muda. Que, em muda sendo, nunca
disse um A sobre tamanha paixão, respeitando os sentimentos da moça. É uma
ternura, né não?
Agora,
estão processando Rosemary por formação de quadrilha, entre outras acusações torpes,
‘tadinha, que está desempregada, não sabe como sustentar a família e só conta
com 40 advogados caríssimos para defendê-la, havendo entre eles até quem trabalhe
a troco de reza, digo, de amizade. Mas um dos escritórios que a defendem cobra
em dólares americanos e a defesa está orçada em um milhão desses mesmos
dólares. E não é que andam falando mal da moça por causa dessas defesas todas?!
Ora, todo cidadão acusado tem acesso a esses escritórios, mesmo que não tenha
grana para pagar, os advogados são muito solidários. É verdade que o caseiro Francenildo ficou à
margem dessa solidariedade, mas o caso dele nem foi de amor, vamos combinar. É
preciso dar um fim nessa fofoca, credo, a Rose não merece isso!
Para
arejar a cabeça, Rosemary decidiu redecorar seu apartamento, por algo em torno
de míseros vinte mil reais. O povinho, como sempre, tem na ponta da língua o
nome de quem paga os advogados, a garibada no apê e o dia a dia da pobre
desempregada... Canalhas! Só falta pregarem na infeliz o rótulo de teúda e manteúda, que Jorge Amado usava
tanto em seus livros. Jorge Amado tinha disso, salve Jorge!
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