Tá lindu!!!!!!
Doca Ramos Mello
ddramosmello@iol.com.br
Sou do tempo –
conheço gente que vai dizer que sou louca por usar a expressão, afinal ela
denota idade e hoje, todo mundo tem de ser obrigatoriamente jovem - mas eu sou
mesmo do tempo em que o cidadão tinha de se adaptar às leis e às regras. Assim,
se o local pedia, digamos, saia para as mulheres e calça social para homens, ou
bem a pessoa se enquadrava ou sua entrada ali seria barrada.
Como
tudo neste país evolui às avessas, hoje são as leis e as regras que devem se
adaptar às pessoas, sob o risco de processos por discriminação. Aliás, tudo é
discriminação e você aí não se arvore em dizer publicamente que detesta
espinafre porque os produtores de espinafres podem mandar você para a cadeia. E
outras barbaridades mais, que o Brasil é prodigo em atitudes para inglês ver.
Aqui se faz barulho por conta de um deputado inadequado para assumir os
direitos humanos, mas se faz corpo mole quando condenados comandam a comissão
de constituição e justiça – nós gostamos de auê.
Assim,
se o local tiver a audácia de pedir as tais saia e calça social como requisitos
para a entrada, podemos ter um movimento de moças com os peitos de fora
protestando contra a arbitrariedade. Os rapazes ainda não tiram as cuecas para
exercer a cidadania, mas deve ser uma questão de tempo, afinal os direitos são
iguais.
Formei-me
em letras. Sou
do tempo – olha ele aí, de novo – em que se tinha de ralar muito para conseguir
um diploma de licenciatura em línguas anglo-germânicas com português. Estudei
loucamente, ao todo fiz 11 anos só de latim, pesquisei literaturas a rodo, tive
aulas de filologia, lingüística, o diabo a quatro, fora os idiomas. Hoje ouço
dizer que se estuda somente português, diplomam-se estudantes a dar com o pau e
eles saem da faculdade dizendo que SEJE
o que Deus quiser... Santíssimo Sacramento do altar, misericórdia!!!
Lecionava
português, quando certa feita, à minha pergunta “o que é oração?”, em uma prova, o aluno me respondeu: “É a fé que temos em Deus”. Sou
católica. Abandonei a cadeira de língua portuguesa porque tenho sangue quente, temi
assassinar alguns exemplares estudantis e ir queimar no fogo do inferno.
Hoje,
preciso me desculpar com aquele aluno. Se tivesse feito o exame do Enem neste
2013, provavelmente ele teria sido incensado com nota mil, afinal, o que
importa é...hum... bem...o que disseram mesmo as professoras da universidade de
Brasília...? (Sou meio encanada com Brasília, tenho certos receios e...bom,
deixemos p’ra lá).
No
Enem deste ano, só para ficar num exemplodignificante, o aluno escreveu “trousse”, entre outras pérolas, e as
professoras deram a nota máxima para ele. Que bom! É a língua portuguesa,
safada, debochada, homofóbica e preconceituosa, dobrando sua espinha dorsal
para acolher melhor o cidadão criativo, o aluno carente, as cotas. Maraviliozo! Fassinante! Incríveu! Estou
axando que deveçe voltar a lessionar portugueis porque agora, tenho chansse de
me ridimir, né genti?
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